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Um pedido à governação A Guarda é cidade há 815 anos

Em dia de aniversário da nossa cidade

A celebração de mais um aniversário é sempre oportunidade para fazer algum balanço e sobretudo projectar o futuro.
Felizmente que ultimamente vieram a público algumas boas notícias. Uma delas é o facto de haver sete empresas que há uma semana assinaram protocolos com a Câmara Municipal para se instalarem na nossa PLIE. Outra foi que se tenha realizado na nossa cidade o fórum do conselho empresarial das Beiras e Serra da Estrela com participação de centenas de empresários. Ficámos a saber que a bonificação fiscal da descida do IRC prevista no orçamento do Estado de 2015 não chega para desfazer assimetrias que duram há décadas e fazem das gentes da nossa região parentes pobres no todo nacional. Por isso, os empresários ali reunidos pediram o fim imediato das portagens nas duas autoestradas que servem a nossa região, pediram a ligação ferroviária da Guarda à Covilhã, além de outras medidas, como são a abertura de novos mercados aos nossos produtos e investimento em áreas decisivas para o desenvolvimento das nossas terras, tais como o turismo, a agricultura, a floresta e em geral a linha agro-alimentar.
De facto, somos portugueses do interior.
E são muitas as variáveis que fazem de nós uns portugueses especialmente sacrificados. Enumero apenas três:
As auto-estradas que nos servem (A23 e A25) são mais caras do que as auto-estradas mais antigas, como por exemplo a A1.
O que nós consumimos é mais caro, porque tem de suportar a carga extra do transporte a partir dos grandes centros produtores e distribuidores. E o que produzimos temos de o vender mais barato, devido aos custos de transporte para os grandes centros.
O nosso poder de compra médio não atinge os 50% da média nacional, enquanto há grandes centros onde o poder de compra supera duas vezes a média nacional e, ainda a acrescentar, são beneficiados com investimentos e infraestruturas que nós não temos.
Perante estas três discriminações negativas, para apenas referir três, em nome da população sacrificada dos nossos meios marcados pelo síndroma da interioridade, ouso, neste dia de aniversário da cidade da Guarda, dirigir-me à governação e fazer-lhe, com humildade, o seguinte pedido, quando ainda se discute o orçamento 2015:
A matéria prima dos combustíveis que mais condicionam a nossa vida desceu, na origem, em média 30% (de $115 o barril para $85).
Se esta descida se tivesse já reflectido, por inteiro, nos custos de consumo, em vez de pagarmos o litro de gasóleo a uma média de 1.30 €, estávamos a pagá-lo a 0.91.
Não peço uma bonificação de 30% ao consumidor; isto, porque o Estado também precisa de almofadas e tanto mais quanto sabemos que desde que começou oficialmente a crise, apesar dos sacrifícios que nos foram pedidos e nós aceitámos, a dívida externa não diminuiu e até consta que aumentou.
Mas peço uma bonificação de 20%, passando os consumidores a pagar o litro de gasóleo abaixo de 1.10 €. E com este gesto, a governação não só dará um impulso significativo à nossa economia local mas prestará bom serviço ao todo nacional, incluindo com a garantia de aumento de receitas fiscais para o Estado.
Aqui deixo, em dia de aniversário da cidade da Guarda, este pedido humilde a quem de direito, também em nome do povo que comigo partilha as agruras da interioridade, mas não desiste de lutar para dar futuro a uma região que, de facto, tem sido muito votada ao abandono por quem nos governa.
Guarda, 21 de Novembro de 2014.
+Manuel R. Felício, Bispo da Guarda

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