Pintor autodidacta vendeu apenas um quadro em toda a vida
A Sé com a escadaria antiga, igreja da Misericórdia, Judiaria, Porta d’El Rei, Porta do Sol (da Erva), Chafariz da Dorna, Casa do Guarda da Mata, Rua Direita, Lago do Parque Municipal e a cidade vista do Outeiro de S. Miguel são alguns dos monumentos e locais da Guarda que integram a colecção de pintura de António Oliveira. Aos 83 anos de idade, este pintor autodidacta não gosta de vender os quadros que pinta, apesar de ter muitas pessoas interessadas na suas obras.
“A minha colecção não é muito grande mas não vendo nada”, explicou Tó Oliveira (nome artístico) ao jornal A GUARDA. E acrescentou: “Só vendi um quadro em toda a minha vida e não era para vender, mas pedi dinheiro e castigaram-me. Ainda foi no tempo do escudo e deram-me setenta notas de conto”. Desde essa altura nunca mais voltou a pedir dinheiro por nenhum quadro, para não voltar a ser castigado. “Eu não vendo. Um dia mais tarde, os meus filhos que façam o que entenderem com eles” referiu. Em ocasiões especiais costuma oferecer quadros a familiares e também a particulares mais amigos.
Sobre o gosto pela pintura, Tó Oliveira disse que já pinta há muitos anos. “Desde garoto que tenho gosto pela pintura”, explicou. E acrescentou: “Sou um autodidacta. Nunca ninguém me explicou nada, nunca frequentei nenhum curso, tenho só a 4ª Classe”.
Recentemente, no final de Junho, início de Julho, fez a primeira exposição individual na Guarda, onde juntou grande parte dos quadros que pintou ao longo da vida. “Tive de pedir alguns quadros que estão em casa de familiares e amigos, para os mostrar na exposição”, explicou.
Participou em várias exposições colectivas, nomeadamente no antigo Hotel de Turismo da Guarda, em Nelas, Celorico da Beira e Manteigas.
Dedica-se exclusivamente à pintura a óleo e tem como preferência pintar a Guarda. “Gosto muito de pintar a Guarda, as coisas antigas algumas que já nem existem e outras que estão modificadas”, referiu.
Registado em Vila Nova de Gaia, Tó Oliveira viveu sempre na zona da Guarda e diz que é natural da Guarda. Construiu uma vivenda em Arrifana e foi aí que residiu por mais de trinta anos. Fez parte da Junta de Freguesia e ajudou a construir o Pavilhão de Festas, integrou o Grupo de Cantares e esteve à frente da Casa Museu.
Em Arrifana orientou também uma Escola de Pintura, onde chegou a ter 11 aprendizes que “realizaram trabalhos interessantes e que foram expostos”.
Agora reside na Guarda, na judiaria, na zona de S. Vicente e sente orgulho por um dos filhos lhe seguir as pegadas. “Tenho um filho a residir em Aveiro que também se dedica à pintura”, disse Tó Oliveira com um brilho nos olhos.