Responsáveis portugueses e italianos do projecto estiveram no IPG
O Projecto Life Med-Wolf que está no terreno desde Setembro de 2012, para minimizar os conflitos entre a presença do lobo-ibérico e as populações locais, em 7 concelhos dos distritos da Guarda e de Castelo Branco, já entregou 27 cães guardadores de gado (sem custos e incluindo cuidados veterinários e alimentação) e instalou cerca de 30 vedações fixas. Os dados foram apresentados numa conferência de imprensa realizada na quarta-feira, dia 25 de Maio, no Instituto Politécnico da Guarda (IPG), onde decorreu uma reunião de responsáveis portugueses e italianos envolvidos no projecto.
De acordo com o Grupo Lobo, que coordena o projecto no nosso país, as cercas foram instaladas em Almeida (28), Pinhel (4), Guarda (2) e Sabugal (1) e os cães foram entregues a agricultores dos concelhos de Almeida (13), Pinhel (4), Sabugal, Figueira de Castelo Rodrigo e Guarda. Desde 2012 foram também realizadas aulas e apresentações envolvendo mais de 1.000 alunos (da primária à universidade), foram realizadas sessões de formação na detecção de venenos, com profissionais do SEPNA e do ICNF, experiências-piloto de Ecoturismo e inúmeras reuniões com criadores de gado, autarcas, caçadores e outros grupos. Os programas de Ecoturismo centrado no mundo da pecuária e do lobo foram em 2015 um sucesso assinalável, tendo em vista a adesão e a satisfação dos participantes, é referido. Para este ano, está já previsto a sua continuação, sempre envolvendo as comunidades e o comércio locais.
Na conferência de imprensa, foi também apresentada a brochura “O Lobo-Ibérico em Portugal; situação no Leste da Beira Interior”, um resumo de todos os dados conhecidos sobre este predador e sobre a sua situação no país e na região, incluindo curiosidades, dados úteis e algumas informações inéditas. A obra é considerada “uma importante ferramenta de desmistificação e esclarecimento” das pessoas. Ainda no IPG, foi inaugurada a exposição didáctica “Conviver com os Grandes Carnívoros – O Desafio e a Oportunidade”, da LCIE, aberta ao público em geral.
O projecto Life Med-Wolf inclui também uma vertente científica que passa pela monitorização da população lupina, recorrendo a ferramentas inovadoras, como análises forenses e um cão que detecta dejectos de lobo. Durante a penúltima semana de Maio, esteve em Portugal uma missão de monitorização, para avaliar os avanços do Projecto no nosso país. Esta equipa internacional agregou representantes de todos os parceiros italianos – de entidades universitárias a importantes organizações de agricultores e criadores pecuários. Sendo ainda acompanhada pelos monitores da Comissão Europeia, com a missão de verificar o estado e a conformidade das acções já levadas a cabo. Na conferência de imprensa, Francisco Petrucci-Fonseca, presidente do Grupo Lobo, lembrou que o projecto que pretende facilitar a coexistência com o lobo nos concelhos de Figueira de Castelo Rodrigo, Pinhel, Almeida, Guarda, Sabugal, Idanha-a-Nova e Penamacor termina em 2017. O responsável disse que em resultado das acções desenvolvidas até ao momento, “o número de prejuízos” atribuídos aos lobos “tem diminuído” e o Grupo Lobo tem “já uma melhor ideia da presença do lobo na região”, sendo que actualmente estão 7 lobos confirmados e o concelho de Almeida é aquele “onde se tem confirmado mais” a sua presença. Francisco Petrucci-Fonseca esclareceu que “ninguém anda a largar lobos” e a associação que lidera pretende “ajudar as pessoas” na coexistência com aqueles animais que estão protegidos por lei.
O projeto Life Med-Wolf também está em curso na região italiana de Grosseto. Valeria Salvatori, coordenadora do projecto em Itália, disse que naquele país o cenário é idêntico àquele que se verifica em Portugal, onde também estão a ser implementadas acções para conservação do lobo. Já Ilenia Babetto, responsável do programa Life na Comissão Europeia, reconheceu que “não é impossível encontrar um caminho” que permita a coexistência do homem e do lobo.