Ana Marília Ferreira – Primeira Coordenadora do Movimento dos Convívios Fraternos, na Diocese da Guarda
Ana Marília Ferreira é natural de uma pequena aldeia, chamada Cadoiço, freguesia de Juncais e concelho de Fornos de Algodres, mas da paróquia da Mesquitela e arciprestado de Celorico da Beira. Estudou em Fornos de Algodres até ingressar no Ensino Superior, na Escola Superior de Educação do IPG, onde tirou o Curso de Professores do 1ºCiclo do Ensino Básico.
É professora do 1º Ciclo numa escola do Agrupamento de Escolas de Nelas, onde trabalha há cerca de 10 anos.
É catequista de dois grupos distintos (um na Paróquia e outro, de preparação para o Crisma, em Celorico da Beira). Faz a Celebração da Palavra na paróquia, sempre que necessário. Procura estar presente na família e dá algum apoio a 9 sobrinhos, uma adolescente e oito crianças.
A GUARDA: O que é o Movimento dos Convívios Fraternos?
Marília Ferreira: O Movimento dos Convívios Fraternos é, na sua génese, um movimento de evangelização de jovens pelos jovens. Nasceu em Maio de 68 (celebrámos no ano anterior o cinquentenário do Movimento) e continua a ter vitalidade e expressão em quase todas as dioceses do país. Também já está implantado em comunidades portuguesas fora de Portugal, nomeadamente em Paris.
Na nossa diocese começou em 1977, na Covilhã, pela mão do padre Lacerda, e fizeram esta experiência de fé quase 2000 jovens.
Apesar de ser um movimento com 50 anos, continua ajustado a cada tempo porque é realizado por pessoas reais, com vidas comuns, que testemunham a sua fé e mostram como vivem essa fé no concreto da vida.
A GUARDA: A quem se destina este Movimento?
Marília Ferreira: É um Movimento que se destina a jovens. A base do Movimento é uma experiência de Encontro de cada um consigo mesmo, com os outros e com Deus, que se realiza num Convívio Fraterno, uma experiência de 3 dias. Os jovens que chamamos a realizar esta experiência de fé devem ter, no mínimo, 17 anos e alguma maturidade, para melhor corresponderem às reflexões propostas e usufruírem de uma forma plena das experiências de oração e de encontro com Deus.
A GUARDA: O que é preciso fazer para pertencer ao Movimento dos Convívios Fraternos?
Marília Ferreira: Para pertencer a este Movimento é necessário realizar uma experiência de três dias, chamada “Convívio Fraterno”.
A partir daí, cada um é considerado “Conviva” e é convidado a “ir pelo mundo mostrar a sua herança”, como diz o lema do Movimento, e a viver o 4º dia dessa experiência de “Encontro”, que é o resto das nossas vidas…. Ou seja, fazer uma caminhada como Igreja.
A GUARDA: Como é que aparece a ligação ao Movimento dos Convívios Fraternos?
Marília Ferreira: A minha envolvência no Movimento é concomitante com a minha envolvência na Igreja, quando há pouco mais de 21 anos, o padre Carlos Helena chegou à minha paróquia, cheio de vontade de dinamizar e quase “me obrigou” a fazer o Convívio Fraterno (que foi o nº 704 e decorreu no Tortosendo, de 29 de Novembro a 1 de Dezembro de 1997). Considero que, a partir dessa data, a minha vida mudou.
A GUARDA: Quem é que integra a equipa do Movimento dos Convívios Fraternos na Diocese da Guarda?
Marília Ferreira: A Equipa é constituída por jovens (alguns deles menos jovens, como é o meu caso) de vários pontos da diocese. Pertencem à Equipa 3 sacerdotes, sendo o Pe. Gilberto o Assistente Espiritual diocesano. Os outros elementos são de várias zonas: Guarda, Covilhã, Fundão, Seia (S. Romão), Celorico da Beira e Pinhel.
A GUARDA: Qual a projecção do Movimento na Diocese da Guarda?
Marília Ferreira: O Movimento tem dado algum apoio às actividades da Pastoral Juvenil. Tentamos inserir os jovens Convivas nas actividades diocesanas e muitos deles têm participado nos encontros nacionais, nas JMJ – Jornadas Mundiais da Juventude, são Catequistas, envolvem-se na Paróquia…e são uma mais valia para a Igreja Diocesana.
A GUARDA: Quais as actividades que costuma realizar ao longo do ano?
Marília Ferreira: Em geral, todos os anos realizamos um Convívio Fraterno, realizamos alguns pós-convívios específicos para os jovens que realizarem o Convívio Fraterno desse ano e outro encontro aberto a todos os Convivas. Em setembro, envolvemo-nos sempre na Peregrinação Nacional do Movimento.
Para além disso, tentamos motivar os Convivas para a participação nas actividades diocesanas da Pastoral Juvenil ou outras.
A GUARDA: Os jovens costumam aderir às vossas actividades?
Marília Ferreira: Apenas há dois anos cancelámos o Convívio Fraterno por falta de inscrições. Mas, no geral, realizamos todos os anos um, com uma média de 20 novos jovens a fazer a experiência. Nas outras actividades, o número de jovens a aderir não é tão grande como gostaríamos (por exemplo, no Encontro Nacional já não conseguimos levar um autocarro cheio), mas quando participam, são jovens muito empenhados e entusiasmados.
A GUARDA: Como é que o Movimento vê a escolha de Portugal para a realização da próxima Jornada Mundial da Juventude?
Marília Ferreira: Com muita alegria e muito entusiasmo e acreditamos que é uma ótima oportunidade para a Pastoral Juvenil nacional, e, com ela, para toda a Igreja. Sentimos que a preparação das Jornadas de 2022 pode dar um impulso e um dinamismo às nossas comunidades e, assim espero, aos nossos grupos de jovens (que, neste momento, é uma lacuna na nossa diocese).
Aos jovens a quem costumo falar, digo muitas vezes a máxima do nosso querido Papa João Paulo II: “A Igreja só será jovem quando os jovens forem Igreja”. E nós precisamos muito de uma Igreja renovada, que vá ao encontro das necessidades e anseios das pessoas… uma Igreja que não condene, e que acolha… uma Igreja cheia de cor, de alegria, de vitalidade. A JMJ pode ajudar a potenciar esta Igreja Jovem que tanto desejamos.
A GUARDA: De que maneira é que a Diocese da Guarda e o Movimento dos Convívios Fraternos pode entrar na dinâmica da próxima Jornada Mundial da Juventude?
Marília Ferreira: Como diz o Departamento da Pastoral Juvenil e Vocacional, a nossa diocese pode ser uma porta aberta aos jovens que vão realizar a JMJ. Nesse contexto, penso que estaremos disponíveis para acolher jovens nas pré jornadas, uma experiência que já realizámos noutros países e que foi muito enriquecedora para nós… e acreditamos que são experiências muito enriquecedoras para as comunidades locais. Para além disso, iremos procurar dinamizar os jovens convivas para se envolverem naquilo que for necessário.