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“Nem o formalismo do protocolo do Vaticano conseguiu refrear a espontaneidade e interacção com o Papa”

Entrevista: Tiago Manuel Pereira de Matos – Voluntário da Jornada Mundial da Juventude

Tiago Manuel Pereira de Matos, voluntário da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, é natural da Guarda. Estudou na Escola primária do Bonfim, Escola Preparatória da Guarda, Escola Secundária da Sé, Colégio de S. José, Escola Secundária Afonso de Albuquerque, Universidade Lusíada de Lisboa (Direito), Univesität Trier, Alemanha (Erasmus) e Concelho Regional de Lisboa da Ordem dos Advogados.
Nos tempos livres gosta muito de música (ouvir e tocar) e praticar desporto. Já praticou várias modalidades: taekwondo; atletismo (o maior feito foram 2 maratonas), e BTT entre outras. Participa em provas de triatlo (natação em águas abertas, ciclismo de estrada e corrida) com estreia na distância olímpica na Guarda. A prova mais recente foi o Ironman 70.3, de Cascais.
A GUARDA: Como Voluntário da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, estiveste recentemente em Roma com o grupo que foi agradecer a vinda do Papa a Portugal. Como foi vivido esse momento?

Tiago Matos: Foi mais um momento emocionante pois, passados estes meses, conseguimos reviver os tempos mágicos de Agosto.
Nem o formalismo do protocolo do Vaticano conseguiu refrear a espontaneidade e interacção com o Papa, resultando em várias manifestações orais e mesmo uma correria para chegar ainda mais perto na sua passagem nos corredores de acesso à saída do auditório.
 
A GUARDA: A avaliar pela reacção, o Papa estava mesmo contente por voltar a ver alguns dos protagonistas da Jornada Mundial da Juventude?

Tiago Matos: O Papa Francisco, não obstante a dificuldade de falar, em consequência da infecção respiratória de que padecia, fez um esforço estóico para estar connosco e voltar a repetir que tem saudades de Lisboa, das pessoas, do ambiente de alegria que se fazia sentir e também dos pasteis (de Belém).

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A GUARDA: O que te levou a fazer parte do grupo de voluntários na Jornada Mundial da Juventude?

Tiago Matos: Quando anunciaram, no Panamá, que a seguinte JMJ seria em Lisboa, fiquei logo em alerta. Tinha participado na Jornada de Paris em 1997 e guardava na memória um encontro de culturas, unidos por uma fé comum.
Mais tarde, durante uns dias de férias na Guarda e por mera coincidência, assisti à passagem dos símbolos da JMJ Lisboa 2023. O autocolante “Estamos a Caminho” teve um efeito de despertar dessa ideia e pensei convictamente: Estou a Caminho!
Já não queria só participar, queria servir na JMJ.
Este processo tornou-se mais simples quando a Fidelidade, Companhia de Seguros onde trabalho, se associou à Fundação da Jornada e disponibilizou uma bolsa de voluntários do seu quadro de pessoal.
 
A GUARDA: Como voluntário quais as tarefas que tiveste de desempenhar?

Tiago Matos: Colaborei na área da logística, como chefia, na sede da Fundação, na Equipa Moto_03.
Fazíamos tudo o que fosse necessário nesse âmbito, tudo o que necessitasse de ser transportado era tarefa para nós; desde distribuir refeições aos outros voluntários nos seus locais de actuação, colchões para as escolas e casas de acolhimento, deslocação de veículos entre parques, até ao transporte de altares e toda a logística necessária para a celebração das missas (paramentos, missais, cálices, etc…) da Colina do Encontro e do Campo da Graça.
 
A GUARDA: Foi uma grande responsabilidade transportar as cadeiras onde o Papa esteve sentado?
Tiago Matos: Mais do que a responsabilidade, que foi muita, a emoção e entusiasmo são praticamente indescritíveis.
O secretismo da missão começou por revelar que algo de importante estava prestes a acontecer. Apenas soubemos do que se tratava quando já estávamos a caminho da Igreja dos Navegantes, local onde estava guardada. Depois foi a alegria de carregar tão valiosa mercadoria e comentar com quem estava a trabalhar no altar que aquela seria a cadeira onde o Papa se iria sentar no dia seguinte. Após cumprida a tarefa, demos início ao momento do registo fotográfico com a relíquia.
Não menos gratificante foi o facto de no regresso levarmos outra cadeira papal, a mesma que fora utilizada pelo Papa Bento XVI na sua visita em 2014.

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A GUARDA: Podemos dizer que tiveste o privilégio de estar nos lugares dos grandes momentos da Jornada de uma forma mais próxima e antes das grandes multidões?

Tiago Matos: Sim, tive oportunidade de estar nos locais mais conhecidos, como a Colina do Encontro (Parque Eduardo VII), o Parque do Perdão (Belém) e o Campo da Graça (Parque Tejo) ainda durante o tempo da preparação do evento. Mas, também os locais onde se iriam realizar os diversos festivais da juventude e os locais de alojamento dos peregrinos.

A GUARDA: Qual a avaliação que fazes da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa?

Tiago Matos: A jornada Mundial da Juventude 2023 superou todas as expectativas e a todos os níveis. Sabíamos que seria desafiante, mas com o empenho e boa vontade de todos, alcançámos o inimaginável.
A Fé move montanhas, é um facto, e esta foi movida com enorme sucesso.
Uma empreitada desta dimensão decorrer sem incidentes é quase um milagre.
 
A GUARDA: E agora, o que vais fazer com o que a Jornada Mundial da Juventude te proporcionou?
Tiago Matos: Continuar a acreditar na Juventude que irradia alegria e fé e manter o espírito da Jornada.

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