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Julieta Ferreira aprendeu a arte com a avó

Bordar com as mãos cheias de artroses

Das mãos de Maria Julieta já saíram centenas de bordados que estão espalhados um pouco por toda a família, principalmente pelos filhos. Apesar das artroses que a atormentam não desiste de uma arte que aprendeu com a avó, quando ainda era criança.
“Aprendi a fazer estas coisas com a avó Clara que a minha mãe não tinha vagar para me ensinar”, explicou ao Jornal A GUARDA. E acrescentou: ““Sei fazer toda a espécie de renda, meia e tudo”.
Maria Julieta adiantou que não gosta de mostrar as rendas. E explicou: “O que faço é para mim, para os filhos e sobrinhos”.
Apesar de ter uma grande colecção de bordados, de todas as qualidades e feitios, só há três anos é que vendeu uma toalha e “foi por especial favor”. “Deram-me 400 euros pela toalha mas eu não a queria vender”.
Em casa, tanto em Portugal como em França, tem “tudo com rendas” e mesmo com as artroses nos dedos nunca está quieta. “A minha filha aprendeu a fazer renda comigo e também sabe um pouco de tudo”, disse com um brilho de felicidade nos olhos.
Como gosta de ajudar, em 2014 participou numa exposição venda “Mãos com Arte”, a favor do Centro de Dia do Marmeleiro, no concelho da Guarda. Criou peças específicas em renda para essa exposição retractando alguns dos objectos do quotidiano da vida da aldeia a que deu forma com a ajuda de um “goma em açúcar”. Foram mais de meia centena de peças que tiveram grande aceitação entre os visitantes do certame.
Também já fez alguns brindes para baptizados e casamentos, nomeadamente para as festas dos filhos e dos netos.
Com 64 anos, Maria Julieta reconhece que agora já não faz tanta renda como noutros tempos. E explica: “As rendas dão muito trabalho e levam muito tempo. É preciso paciência e dedicação”. Mesmo assim diz que não consegue estar sentada diante da televisão “sem estar com a agulha nas mãos”.
Maria Julieta Ferreira Tracana tem apenas a terceira classe pois na altura “não havia tempo para a escola”. Recorda que quando era criança “havia mais de 100 garotos na escola do Marmeleiro”. E acrescentou: “Lembro-me de que não havia carteiras para todos”.
Começou a trabalhar muito cedo, pois eram seis irmãos, e “era preciso ajudar a casa”. Casou com apenas 18 anos e acabou por emigrar para França com o marido “logo que terminou a tropa”. Mãe de quatro filhos, “um deles morreu de pequenino e os outros três estão em França”, continua a brindá-los com lindas peças de renda feitas com amor e dedicação. Colchas, toalhas, panos de toda a espécie e muitas outras peças, fazem parte do enxoval que ofereceu aos filhos e que continua a fazer crescer.

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