Paróquias de Ramela, Benespera, Vela, Gonçalo e Seixo Amarelo
“No Dia dos Fiéis Defuntos as igrejas enchem. Há pessoas a viver no estrangeiro que vêm propositadamente às suas terras no Dia dos Fiéis Defuntos. A religião ainda vai motivando as pessoas quer nas festas, na Páscoa e no Natal, quer, sobretudo, nos Finados”, disse ao Jornal A Guarda o padre José António Loureiro Pinheiro, pároco nas Paróquias de Ramela, Benespera, Vela, Gonçalo e Seixo Amarelo, no concelho da Guarda.
Segundo o sacerdote, nas celebrações do Dia de Finados ou dos Fiéis Defuntos as igrejas “enchem” e o reflexo é visível no ofertório, sobretudo nas duas paróquias mais pequenas: Ramela e Seixo Amarelo. “Os domingos têm pouca gente e os ofertórios são de pouca monta. Neste dia, o ofertório supera meia dúzia de domingos e é um bom contributo para a Paróquia”, assinalou. Algumas das terras onde dirige os destinos das Paróquias sofrem de desertificação “por não terem condições” e o sacerdote mostra-se preocupado por ao longo do ano realizar mais funerais do que baptizados. “São terras que crescem mais no cemitério do que propriamente na vida”, reconheceu.
O padre José António Loureiro Pinheiro referiu ainda que o facto de o Governo ter acabado com o feriado e dia santo do dia 1 de Novembro, Dia de Todos os Santos, “foi gravíssimo”, porque a decisão “mudou tudo”. “Agora, as pessoas trabalham no dia 1 de Novembro. Anteriormente aproveitava-se o dia 1 de Novembro [para a romagem aos cemitérios] porque era feriado. Este ano o dia 2 de Novembro (Dia de Finados) calha a um domingo e as pessoas vêm porque é domingo, se não fosse assim, a romagem ao cemitério teria que ser feita no domingo seguinte”.
No Dia de Finados, as famílias têm “um respeito feito de saudade” pelos entes que já partiram e a data também serve para o reencontro, pois de acordo com o sacerdote, “a família encontra-se e há gente que não aparece lá [nas aldeias de onde são naturais] durante o ano todo e este dia é, também, uma actualização da conversa, mesmo com os amigos”.
Nas Paróquias de José António Loureiro Pinheiro as romagens ao cemitério são feitas no Seixo Amarelo, às 16.30 horas do dia 1 de Novembro, e no dia 2 de Novembro, às 9.00 horas (Ramela), 10.30 horas (Benespera), 12.00 horas (Vela) e 13.30 horas (Gonçalo). O pároco primeiro celebra a missa e só depois é que faz a romagem ao cemitério. “O mais lógico é primeiro a Eucaristia, porque a Eucaristia é o acreditar na Ressurreição, é uma preparação e uma vivência a partir da Ressurreição para podermos encarar também a morte biológica, porque nós, cristãos, não fazemos o culto dos mortos, celebramos a vida”, explicou. Acrescentou que ao longo do percurso entre a igreja e o cemitério “cantamos cânticos a Cristo Ressuscitado para simbolizar precisamente esse acreditar na vida”.