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“Este ano as jornadas serão acolhidas pela diocese de Leiria-Fátima e serão realizadas em Fátima, por aí se encontrarem reunidas as condições logísticas necessárias”

Entrevista: Jorge Manuel Pinheiro Castela – representante da Diocese da Guarda nas Jornadas de Formação do Clero,
das Dioceses do Centro de Portugal

Jorge Manuel Pinheiro Castela, actual Coordenador Diocesano da Pastoral., é o representante da Diocese da Guarda nas Jornadas de Formação do Clero, das Dioceses do Centro de Portugal.
Concluiu a Licenciatura em Teologia no IST-BD em Viseu, e a Licenciatura canónica em Teologia Prática na área Pastoral, na Universidade Pontifícia de Salamanca. Está a fazer doutoramento em Teologia, sobre o protagonismo laical na evangelização.
O que gostas de fazer nos tempos livres: Gosta de se dedicar à criação artística, sobretudo teatro, música e escrita. Tem similar entusiasmo com a pastoral como acção evangelizadora.
A GUARDA: As Diocese do Centro de Portugal vão realizar as primeiras Jornadas de Formação do Clero em conjunto. Como apareceu esta ideia?

Jorge Castela: A ideia deve-se aos bispos das dioceses do centro de Portugal, nomeadamente, os bispos de Aveiro, D. António Moiteiro, Coimbra, D. Vergílio Antunes, Guarda, D. Manuel Felício, Leiria-Fátima, D. José Ornelas, Portalegre-Castelo Branco, D. Antonino Dias, e Viseu, D. António Luciano. Eles têm vindo a encetar esforços no sentido de reunir sinergias, em espírito de comunhão e sinodalidade, abertura e saída missionária. Para uma das reuniões, que têm realizado habitualmente, associaram alguns dos seus sacerdotes com a finalidade de reflectir sobre as necessidades de formação teológica e espiritual do clero das seis dioceses. As jornadas de formação permanente do clero, em conjunto, já eram, de certo modo, desejadas. Mas pode-se dizer que foi o fruto principal, ou pelo menos mais visível, desta reflexão. Na prática, decidiu-se programar um encontro de formação que durasse três dias, se realizasse numa das nossas dioceses, unindo capacidades e esforços, onde se privilegiasse a formação teológica e pastoral, mas também o convívio e a espiritualidade.

A GUARDA: Este evento está a ser programado há vários meses pelos representantes de todas as dioceses. Como é que tem decorrido este trabalho?

Jorge Castela: O grupo de trabalho começou a esboçar o trajecto, a temática e o possível programa, com indicações dos seis bispos, logo no dia em que as jornadas ficaram decididas. A partir daí têm-se multiplicado reuniões de modo a estruturar o programa, a logística e demais necessidades associadas ao evento. O secretariado não se tem poupado a esforços, contactos e trabalho partilhado. Nestas seis dioceses temos a sorte de ter um espaço que reúne a logística necessária. Isso ajudou a escolher a primeira diocese que vai acolher as jornadas. Não ter uma previsão para o número de participantes, foi uma das maiores dificuldades para encontrar o melhor programa. Mas desde o início deste caminho que desejámos ter especialistas de referência e momentos que envolvessem os participantes e proporcionassem diálogo e intervenções abertas. De igual modo, houve um esforço para aproveitar capacidades de cada uma das seis dioceses. Entre os diversos intervenientes, todas as dioceses estarão representadas. Da diocese da Guarda destaca-se a presença de Joaquim Brigas a orientar o atelier “Organização territorial das comunidades” e o Padre Francisco Barbeira, como um dos responsáveis pelo acompanhamento da Comunicação Social e elaboração do Memorando Final. Em termos pessoais, tem sido muito gratificante o trabalho feito com os cinco colegas sacerdotes representantes das outras dioceses. Tem sido um excelente trabalho de equipa e uma verdadeira experiência de comunhão eclesial.
A GUARDA: Quem são os oradores convidados e quais os temas que vão ser apresentados?
Jorge Castela: Depois de uma reflexão alargada sobre as principais dificuldades e necessidades no exercício pastoral e evangelizador nas comunidades cristãs, assim como o momento em que vivemos com o sínodo “por uma Igreja sinodal: Comunhão, participação e missão”, estas jornadas terão como tema “Evangelização e comunidades”. Procurou-se uma temática que nos pudesse auxiliar, como Igreja e como ministros ordenados, a reflectir sobre uma Igreja sinodal, fiel à missão de evangelizar no mundo actual, a partir do dinamismo das primeiras comunidades. Para conseguir atingir este objectivo, pediu-se a ajuda de três especialistas, tentando concretizar o conhecido modelo do “ver-julgar-agir”: avaliar o contexto cultural e religioso em que nos encontramos, recordar como foi a evangelização e a consolidação das primeiras comunidades cristãs, para posteriormente discernir e encontrar caminhos pastorais para estes tempos. Para o primeiro dia e para fazer uma análise da actualidade, convidou-se o sociólogo português António Barreto. Infelizmente, por motivos de saúde, foi necessário convidar para esta apresentação, o presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, Pedro Vaz Patto. Para o segundo dia e para se fazer uma revisitação dos inícios da evangelização e das primeiras comunidades cristãs, foi convidado o biblista espanhol Santiago Guijarro. Para o último dia foi convidado o pastoralista italiano Paolo Asolan, que apresentará o trajecto da pastoral de manutenção à condição de discípulos missionários e o lugar do pastor no discernimento das comunidades cristãs.
Para além destas conferências, as tardes proporcionarão espaços de diálogo através de ateliês temáticos com a ajuda de experts. As noites terão momentos culturais abertos ao público geral. Na primeira noite haverá um Concerto de órgão na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, pelo organista João Santos. Na segunda noite haverá um concerto de inspiração cristã pela Claudine Pinheiro. Tudo será complementado com oração e convívio.
A GUARDA: Onde vão decorrer as Jornadas e quem pode participar?

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Jorge Castela: Este ano as jornadas serão acolhidas pela diocese de Leiria-Fátima e serão realizadas em Fátima, por aí se encontrarem reunidas as condições logísticas necessárias. A realizar novamente estas jornadas, há manifesta vontade de que possam ir rodando pelas diferentes dioceses, dependendo sempre das reais condições logísticas necessárias para um evento deste tipo.
Como são jornadas de formação permanente do clero de seis dioceses, são destinadas aos bispos, padres e diáconos destas dioceses do centro de Portugal. Fomos contactados por padres de outras dioceses, que manifestaram grande interesse em participar, mas por questões de organização, este ano as Jornadas estão totalmente reservadas ao clero de apenas estas seis dioceses.

A GUARDA: Há muitos participantes da Diocese da Guarda?

Jorge Castela: Estão 25 inscritos da nossa diocese da Guarda no grupo dos cerca de 250 inscritos na totalidade. Considera-se que é um bom número para uma primeira realização desta natureza. Na globalidade das dioceses, creio que a participação anda próxima dos 40% do número total de participantes possíveis.

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A GUARDA: É importante haver jornadas de formação?

Jorge Castela: É não só importante, como fundamental. A formação permanente do clero é imprescindível. Tanto a formação teológica, como a formação pastoral e a formação espiritual. Eu diria que até é urgente e deve ser sistemática, para sermos cada vez mais uma Igreja adequada ao tempo e às necessidades, que responda às expectativas de cada homem e mulher, de cada crente e não crente. Até para não cairmos na tentação e risco de sermos uma Igreja de manutenção, do “sempre se fez assim”, é essencial uma constante reflexão e aprofundamento teológico, pastoral e espiritual.
A GUARDA: Esta experiência de envolver as denominadas dioceses do Centro numas jornadas é para continuar ou é apenas um acto isolado?
Jorge Castela: Vai depender da avaliação que será proposta, em primeiro lugar aos participantes. E a última palavra será dos bispos, embora pareça haver à partida, o desejo de prosseguir com estas jornadas, não sabendo ainda se em modelo anual, bianual ou ocasional. Pessoalmente sou de opinião de que deveria ser anual, porque é uma mais-valia para todas e cada uma destas dioceses. Aproveitam-se melhor as sinergias e capacidades que se encontram nestas dioceses, consegue-se elaborar um programa mais arrojado e rico que pode beneficiar mais participantes, potenciando a qualidade e diversidade da formação e dos intervenientes, a partilha de vivências pastorais entre as dioceses, o encontro com outros rostos e outros saberes, a oração em comum, o convívio. Em igual sentido, sou de opinião de que se deveriam dar outros passos conjuntos também na área da formação espiritual e, quem sabe, até académica. Este caminho conjunto faz jus ao desejo do Papa de uma Igreja Sinodal e pode ser um testemunho exemplar para que ao nível das nossas comunidades cristãs e presbitérios sintamos que unir cada vez mais esforços e sinergias é o caminho a seguir para sermos verdadeira Igreja-comunhão.

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