“É com muito orgulho, que digo que o Centro Cultural da Guarda é o maior e o melhor embaixador itinerante da nossa cidade e da nossa região”

Entrevista: Albino Freire Barbara, presidente do Centro Cultural da Guarda

 

Albino Freire Bárbara é natural da cidade da Guarda. “Rochista” (Colégio de S. José) onde fez o ensino secundário, animador cultural, colunista de “O Interior”.
Funcionário da ULS da Guarda exercendo funções na USP (Unidade de Saúde Pública).
Entre outras coisas diz-se Republicano convicto.
Adepto de (todos) os desafios.

A GUARDA: Quando e como nasceu o Centro Cultural da Guarda?

Albino Bárbara: O Centro Cultural da Guarda nasce em 17 de Novembro de 1962, tem estatutos aprovados por despacho ministerial com data de Janeiro de 1963, possui o estatuto de pessoa colectiva de utilidade pública, por despacho de Sª Exª o 1º ministro, publicado em Diário da República de 10 de Maio de 1986.
O Centro Cultural inicia a sua actividade no nº 24 da rua Rui de Pina, tendo o Dr. Virgílio de Carvalho presidido à Comissão Promotora e foi com entusiasmo que a cidade aderiu a este bonito e inovador projecto.
Foram eleitos personalidades como Manuel Valentim Júnior, António Coelho Evangelista, Alfeu Gonçalves Marques, o padre Vítor Feytor Pinto e como Presidente da Assembleia Geral o Dr. José Afonso Sanches de Carvalho, que foi Director deste jornal “A Guarda” ao longo de muitas décadas.
O Centro cresceu e passou posteriormente para a Rua Direita, adquiriu novas funcionalidades e é em 1979 que na presidência de José Manuel Pinto David e com a estrita colaboração do presidente da Câmara, Abílio Curto, o Centro veio ocupar as antigas instalações da Escola dos Gaiatos.
A partir daí o Centro Cultural evoluiu de tal forma que esteve sempre presente nos grandes momentos da cidade e do concelho.
Participou nas várias geminações da Guarda com cidades as irmãs de Espanha, França e Alemanha. É bolseira da Fundação Gulbenkian, colabora com o INATEL, recebeu a medalha de Honra da Câmara Municipal da Guarda, a Medalha de Honra do Distrito, a medalha de ouro da cidade de Siedburg, várias menções honrosas por esse país fora. Atua por diversas vezes na televisão pública, participa na Eurofesteen 2007 na cidade belga de Geel.
Poderíamos estar aqui a descrever todo o historial do CCG destes bonitos 57 anos que esta página ficaria repleta de tantas histórias, de tantas memórias.

A GUARDA: Quais as principais actividades que esta Associação organiza ao longo do ano?

Albino Bárbara: O Centro Cultural da Guarda tem duas vertentes distintas. As escolas de música onde se lecciona a aprendizagem de todo o tipo de instrumentos musicais: Sopro, teclas, cordas, percussão. As escolas de ballet e danças modernas, onde as mais de 100 alunas saem preparadas para outros e novos desafios.
A segunda vertente tem a ver com o associativismo: O Orfeão, o coro “Cantar Tradição”, o coro infantil e juvenil, o conjunto de música popular portuguesa “Conjunto Rosinha”, o conjunto de música dos anos sessenta “60 – 5 estrelas” e o Rancho Folclórico.
É com muito orgulho que penso ser a maior organização de associativismo cultural, existente em toda a região centro de Portugal e uma das grandes do País, com o envolvimento de várias centenas de colaboradores.
O Centro Cultural da Guarda promove ao longo de cada ano várias iniciativas que visam dar cumprimento a tudo aquilo que é o seu lema “Pela Guarda, Pela Arte e Pela Cultura”. Desta forma participamos em espectáculos e festivais, do norte ao sul do país, estrangeiro e ilhas e, presentemente todas as valências estão empenhadas em preparar a época natalícia. Promovemos e iremos participar em inúmeras iniciativas ao longo desta época natalícia.

A GUARDA: Quantos sócios tem o e como é que se envolvem nas actividades Centro Cultural?

Albino Bárbara: Temos presentemente mais de 500 sócios, a maior parte completamente integrados nas várias actividades do Centro com participação regular em todas as actividades e iniciativas. Muitos deles consideram o Centro Cultural da Guarda a sua segunda casa.
A GUARDA: Quais as principais dificuldades com que se debate o Centro Cultural da Guarda?
Albino Bárbara: Como todas as colectividades o Centro Cultural da Guarda não escapa às dificuldades com que todos nos deparamos. Participar no mundo associativo é um constante desafio e também uma aventura.
Para dar um exemplo: Durante o verão o Centro está presente em muitos festivais de folclore, isto em regime de parceria. Significa que não entra um único cêntimo.
Este ano estivemos no norte por quatro vezes, em Leiria, em Loures, na Beira Baixa fazendo milhares de Km. Quilómetros esses que têm de ser pagos onde se somam as portagens, despesas de motorista etc. etc. Imaginemos que saímos num sábado depois de almoço com chegada às tantas. No domingo à tarde voltamos a sair regressando já muito tarde. No dia seguinte a maior parte dos colaboradores vai trabalhar. Como facilmente se entende, é de extrema dificuldade manter uma casa onde as despesas são enormes e a entrada de dinheiro é muito pouca. Se não fossem as escolas, nem mesmo o subsídio anual da Câmara daria para manter esta frenética mas bonita actividade. Em termos de gestão aplicamos aqui o princípio de Colbert tapar a cara destapar os pés. Tapar os pés destapar a cara. Aqui realmente a manta é curta mas a vontade e determinação é efectivamente muita

A GUARDA: De que maneira é que esta Associação tem contribuído para a promoção da Guarda?

Albino Bárbara: Quando os mais pequenos atuam fica sempre o nome da Guarda. Quando os mais velhos atuam idem, aspas, aspas. Como referi todas as valências participam em inúmeras iniciativas de norte ao sul de Portugal, passando pela Madeira e por associações e autarquias de Espanha principalmente de Castilha e Leão. Garanto que o nome da Guarda, do nosso concelho e da nossa região está sempre presente, vem sempre ao de cima. E seja quem for que apresente o Grupo que atua o nome da cidade mais alta é permanentemente referido. Fazemos questão disso. É a nossa terra. É o interior. É a nossa serra, os nossos vales, os nossos rios, a nossa gastronomia, a nossa forma de estar, os nossos usos e costumes. Não tenho dúvidas e é com muito orgulho, que digo que o Centro Cultural da Guarda é o maior e o melhor embaixador itinerante da nossa cidade e da nossa região.

A GUARDA: O Centro Cultural da Guarda vai comemorar o 57º aniversário, no dia 17 de Novembro. Qual o programa das comemorações?

Albino Bárbara: O Centro todos os anos faz questão de assinalar esta data convidando todos a estarem presentes. Aproveito esta entrevista para convidar todos, sem excepção, a estarem presentes.
Do programa destaco o espectáculo que terá início às 16.00 horas de domingo, dia 17 de Novembro, unicamente com a prata da casa. Iniciaremos com um pequeno número de ballet, seguindo-se o Cantar Tradição, o Coro Infantil e Juvenil, o Conjunto Rosinha, o Rancho Folclórico, os Sessenta – Cinco estrelas, o Orfeão, a celebração de um protocolo de cooperação entre o Instituto Politécnico da Guarda e o Centro Cultural da Guarda e por último a sessão solene presidida pelo Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal da Guarda sendo este ano convidado o Exmo. Senhor Director-geral das Artes.

A GUARDA: A presença do Director-Geral das Artes nas comemorações tem algum cunho especial para o Centro Cultural?

Albino Bárbara: Todos os anos o Centro convida uma personalidade de reconhecido mérito para estar presente no seu aniversário. O ano passado esteve aqui o Exmo. Ministro da Cultura, Castro Mendes, e este ano o convidado é o actual Director-geral das Artes, Dr. Américo Rodrigues. Pergunta-me se existe neste aniversário algum cunho especial e, sem desprimor para ninguém, dir-lhe-ei que sim.
O Américo Rodrigues é natural do Barracão. Foi meu colega animador cultural do ex-FAOJ onde teve excelente prestação. Foi Director do TMG e tenho para mim, enquanto Presidente desta colectividade, que este ano a presença dele no 57º aniversário é um valor acrescentado e uma alegria enorme para todos os colaboradores desta casa pois o Américo Rodrigues, hoje Director-geral das Artes é sócio desta casa onde foi Director tomando posse em 25 de Junho de 1984 exercendo notável mandato. É uma honra que o nosso sócio, agora nestas altas funções, regresse à casa onde foi dirigente.

A GUARDA: Quais os projectos para o futuro?

Albino Bárbara: O principal projecto é manter viva de boa saúde esta grande Instituição e em funcionamento todas as escolas e todas as valências. Depois aceitar todos os desafios que nos são propostos convidando todos os guardenses e não só, a aparecerem, a associarem-se colaborando em tudo o que já existe e quiçá apresentando outros e novos projectos. A nossa oferta como fica demonstrado é alguma e muito variada. A porta do Centro está aberta todos os dias das 9 horas até às 21 horas. Trabalhamos para que este projecto de que muito nos orgulhamos continue vivo e presente da cidade mais alta. Esta é a nossa filosofia, a nossa forma de estar para desta forma darmos continuidade ao lema dos fundadores do Centro Cultural da Guarda “Pela Guarda, Pela Arte e Pela Cultura.

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