Cadela continua à espera do dono que morreu há mais de três meses

Casa situa-se junto da estrada que faz a ligação Guarda/Alfarazes

A presença de uma cadela junto da casa onde vivia o dono, que já morreu há mais de três meses, está a provocar alguma curiosidade junto das pessoas que vivem no Bairro à entrada de Alfarazes, na Guarda. O animal raramente abandona as imediações da casa e só o faz quando algum estranho se tenta aproximar.
“A cadela está ali habituada e ali continua, se calhar à espera do dono” explicou, ao Jornal A GUARDA, Carlos Ramos, proprietário de uma serralharia localizada na zona. E acrescentou: “A cadela não sai dali pois há muitas pessoas que lhe levam comida”. Reconhece que se lhe não dessem de comer “até já podia ter abalado, mas assim não”. Explicou que apesar de não residir no sítio onde tem a serralharia dá conta dos carros pararem “para deixarem os restos da comida”.
Estes dados são confirmados por Victor Figueiredo que vive no bairro e que também gosta de levar comida à cadela.
O animal, que parece inofensivo, só ladra quando algum estranho se tenta aproximar da casa. Quando se sente ameaçado refugia-se num giestal próximo e acaba por desaparecer até se voltar a sentir seguro.
Carlos Ramos disse que o dono da cadela, um idoso de etnia cigana, conhecido por Joaquim Clara, tinha dois cães quando morreu. O que estava preso junto da casa foi levado, na altura, pelos funcionários do canil Municipal, mas “à cadela não foram capaz de lhe deitar as mãos”. Apesar de terem feito nova tentativa “a cadela não se deixou apanhar”. Carlos Ramos explicou que “a cadela não faz mal a ninguém mas não se deixa apanhar”.
Victor Figueiredo diz mesmo que “apesar de passar muita gente a pé por aquele lugar, a cadela não se atira a ninguém, nem nunca fez mal a ninguém”. Considera que o facto de ladrar e de se refugiar “é por se sentir ameaçada e desconfiar de alguma coisa”.
Carlos Ramos disse que o dono tratava muito bem os cães. “Vinha sempre com o saquinho de aparas para os cães, não lhes deixava passar fome”, explicou. Recorda que o cigano Joaquim Clara era um homem pacato e que nunca causou problemas. “Pedia-me um cigarrinho e seguia caminho para a cidade com as vassouras de bracejo ao ombro”. E acrescentou: “Era um homenzinho que não se metia com ninguém”.
De acordo com informações recolhidas no local, Joaquim Clara já residia naquele lugar há mais de 25 anos. Na altura, a casa terá sido construída com a ajuda da Câmara Municipal e da Segurança Social, em terrenos pertencentes à Junta de Freguesia.
“A cadela, de pêlo castanho claro, não abandona a porta de casa e parece estar a guardar a casa na ausência do dono”, adiantou Victor Figueiredo que já se habituou à presença do animal. E acrescentou: “o animal está todos os dias à porta, está a tomar conta da casa e não morre à fome, pois as pessoas do bairro e de Alfarazes vêm aqui pôr-lhe de comer e de beber”.

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