Entrevista: D. Manuel Felício – Bispo da Guarda
D. Manuel da Rocha Felício, actual Bispo da Guarda, é natural da freguesia de Mamouros, concelho de Castro Daire. No dia 21 de Outubro celebrou 50 anos de ordenação sacerdotal e, no dia 15 de Dezembro, 21 de ordenação episcopal. Foi nomeado como Bispo Coadjutor da Guarda no dia 21 de Dezembro de 2004, tendo tomado posse no dia 16 de Janeiro de 2005. No dia 1 de Dezembro de 2005 tomou posse como Bispo da Guarda.
A GUARDA: Como é que o Bispo da Guarda está a viver este tempo de preparação para o Natal?
D. Manuel Felício: Vivo este tempo de preparação para o Natal, procurando deixar-me conduzir pela pedagogia da Igreja que, no Advento, nos alerta para a vinda de Jesus e nos convida a prepará-la, aplanando os caminhos do Senhor.
A GUARDA: O que é que este tempo de Advento tem de especial na vida dos cristãos?
D. Manuel Felício: O tempo do Advento tem de especial o convite à vigilância de cada um sobre si próprio, sobre a comunidade da Fé e sobre a vida da própria sociedade, principalmente para identificar os caminhos novos que é necessário percorrer.
A GUARDA: Mas também é um tempo de gastos excessivos e de correria para os grandes centros de comércio?
D. Manuel Felício: De facto, o consumo e a correria instalaram-se há muito na quadra natalícia. É preciso ver se, no meio de tudo isso, ainda há lugar para Aquele cujo nascimento o Natal celebra. Não aconteça como na primeira Noite de Natal, em que não houve lugar para Ele nas hospedarias de Belém.
A GUARDA: Celebrar o Natal é sempre uma experiência nova e gratificante em família. Como é que o Bispo da Guarda celebra o Natal?
D. Manuel Felício: Celebro o Natal também em família, aquela que vive na Casa Episcopal da Guarda.
A GUARDA: Qual a recordação que guarda do Natal da sua infância?
D. Manuel Felício: Da minha infância lembro a Noite da Consoada, em que a família se alargava com a vinda ou mesmo só a lembrança de algum dos seus membros que habitualmente estava fora; mas lembro ainda mais a Missa do Dia de Natal, com o beijar do Menino Jesus.
A GUARDA: Como olha para as diversas manifestações populares da representação do Natal que acontecem um pouco por toda a Diocese, nomeadamente em Penamacor, Cabeça (Seia) e Sabugal?
D. Manuel Felício: Vejo como sendo muito positivas estas manifestações, algumas das quais passaram já a ser tradição, como os casos da cidade Natal (Guarda); da Aldeia Natal (Cabeça), que visitei num dos últimos domingos; da Vila Madeiro (Penamacor) ou do Presépio em grande escala, no Sabugal. Isto quer dizer que a nossa identidade cultural tem a marca do Presépio de Belém, que precisamos de saber valorizar, cada vez mais, para que a nossa vida em sociedade possa crescer em qualidade e superar os seus constrangimentos.
A GUARDA: Quando celebramos 800 anos do Presépio de São Francisco de Assis ainda há lugar para esta manifestação tão popular nos espaços públicas, nas igrejas, nas famílias?
D. Manuel Felício: Espero que a celebração dos 800 anos do primeiro Presépio idealizado e construído por S. Francisco, na cidade de Greccio, pouco depois de visitar a gruta do Nacimento de Jesus, na Terra Santa, contribua para que a representação do Menino de Belém e a mensagem do Natal continuem a levar ao mundo o que este mais precisa, sobretudo a alegria e a paz. Boas festas de Natal e a bênção de Deus para o novo ano.