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“A família, qualquer que seja a forma que se assuma será sempre um património da humanidade”

Entrevista: Joaquim António Marques Duarte – Director do Secretariado Diocesano da Pastoral da Família

 

Joaquim António Marques Duarte é o Director do Secretariado Diocesano da Pastoral da Família. É pároco de Aldeia Nova, Fiães, Cótimos, Moreira de Rei, Rio de Mel, Trancoso, Souto Maior e Valdujo. É responsável pelo Centro de Orientação Familiar na Diocese da Guarda. Nos tempos livres gosta de ler, ver futebol e caçar. Nutre uma paixão especial pelo Sporting.

A GUARDA: O que é e para que serve o Secretariado Diocesano da Família?

Joaquim António: O Secretariado Diocesano da Pastoral da Família é um serviço pastoral da diocese da Guarda (e portanto do próprio Bispo) dirigido às famílias Cristãs e até não Cristãs, no âmbito do território da diocese.
Tem como finalidade, entre outros, fazer a coordenação de todos os movimentos e obras que na diocese, trabalham em prol da família; promover a vida familiar que assenta no sacramento do Matrimónio, bem como o acompanhamento dos casais novos; promover a defesa da vida em todos os seus estados; promover acções de formação e reflexão acerca da temática da família e do amor humano; e efectivar uma justa colaboração com outros secretariados, departamentos e movimentos diocesanos.

A GUARDA: Quem é que integra este Secretariado?

Joaquim António: Presentemente integram o Secretariado Diocesano da pastoral da família três casais: do Ferro (Covilhã) o casal João e Fernanda; de Trancoso, o João e a Isabel; de Seia o Paulo e a Anabela.
Integram ainda o Secretariado dois sacerdotes: o padre Carlos Lages e eu próprio. De referir ainda que integra o Secretariado um casal da Guarda a viver, por agora, um luto muito difícil, que são o Tó-Zé e a Isabel.

A GUARDA: Quais as principais actividades que são desenvolvidas pelo Secretariado da Família ao longo do ano?
Joaquim António: Há duas grandes actividades que o Secretariado promove. Uma delas a Jornada, vamos já na XIII, que pretende ser um dia de formação e de reflexão acerca da temática da família. Tivemos já jornadas destinadas à educação e á relação pais/filhos; à economia; à relação pessoal e sexual; à sacramentalidade (mistério), ao compromisso das famílias cristãs na sociedade em que estão inseridas, enfim um vasto campo de reflexão humana a partir do Concílio (G.S.), do papa S. João Paulo II (F.C.) e agora do papa Francisco (A.L.). Tivemos também a preocupação de trazer até nós não só gente e do âmbito da Igreja grandes Teólogos, Moralistas e Pastoralistas, quer portugueses quer espanhóis, como ter gente da sociedade civil alguns até com franca relação com a Igreja mas sempre com grande saber e experiência nos campos que nos importava trabalhar.
Este ano a Jornada é no próximo sábado, dia 16 de Março, no Seminário da Guarda.
Além da Jornada temos promovido o Dia da Família, este com carácter mais festivo e de convívio aberto a todos os casais e famílias da diocese. Cada ano procuramos diversificar o lugar onde se realiza tentando chegar a todos os pontos da diocese, passando pelos vários arciprestados e pelas várias zonas da diocese. Por exemplo este ano será no arciprestado do Sabugal , mais concretamente no Soito, no dia 19 de Maio, dia em que encerra a Semana da Vida e para a qual convidamos desde já as famílias de toda a diocese, mas particularmente as famílias dessa zona.
Nesse dia certamente o senhor Bispo procede à bênção particular dos casais a celebrarem os 25, 50 e 60 ou mais anos de vida, com animação musical e depois um convívio com lanche partilhado.
Além destes dois dias, quase todos os anos costumamos reunir com os movimentos e obras ligados à família para programarmos algumas actividades.
Propomos também, todos os anos, no calendário e plano das actividades da Pastoral Familiar os dias dedicados à família ou com ela relacionados, como seja o dia da sagrada Família, dia do pai, dia da Mãe, dia dos avós, etc.

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A GUARDA: “O Evangelho da família – uma proposta de vida plena” é o tema da XIII Jornada da Família. Em que consiste e a quem é dirigida esta Jornada?

Joaquim António: “O Evangelho da família – uma proposta de vida plena” foi o tema das Jornadas da Pastoral Familiar a nível Nacional e achamo-lo muito interessante e por isso convidámos o conferente para vir tratá-lo também na nossa diocese.
Dirige-se a todas as famílias cristãs da nossa Diocese, em primeiro lugar, mas sendo a família uma “Boa Nova” pode ser aberta a todas as famílias que queiram participar.

A GUARDA: Quais os principais desafios com que se deparam as famílias, nos dias de hoje?

Joaquim António: Os principais desafios postos às famílias, nos dias de hoje, são, quanto a mim e em primeiro lugar, o desafio da conjugalidade alicerçada no amor e na reciprocidade, na cumplicidade que possa trazer estabilidade emocional a toda a estrutura familiar. Depois os filhos e a gestão das suas necessidades de afecto e de presença e de atenção diante das muitas solicitações do nosso tempo.
Também as dificuldades económicas, o emprego ou às vezes a falta dele e a pressão consumista dos nossos dias, aliada a um egoísmo tremendo e opressor, são muitos os desafios e em muitos campos na vida das famílias.

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A GUARDA: Qual o papel do Secretariado no acompanhamento de tantas famílias desagregadas que vão aparecendo em todas as comunidades?

Joaquim António: No caso das famílias desagregadas tivemos há algum tempo um Centro de Orientação Familiar que procurava responder às situações de dificuldade das famílias que procuravam alguma solução, contudo, a exigência cada vez maior da vida pastoral, roubou, a este serviço tão necessário, tempo e recursos. Penso que é de grande necessidade um serviço deste género na Diocese.
O papel do Secretariado nestes casos é de canalização para o Centro de Orientação Familiar, ainda que em dificuldade, na procura de soluções para cada caso.

A GUARDA: Considera que a instituição Família está em risco de desaparecer?

Joaquim António: A instituição não está em risco de desaparecer. Ela é sempre necessária à vida da humanidade. Desde o princípio que está escrito e inscrito no coração humano “não é bom que o homem esteja só”. Agora o que vemos, e não é preciso muita atenção para o constatar é que há grandes mudanças do ponto de vista da antropologia, da sociologia, da economia e até da própria Teologia a respeito da família.
A família, qualquer que seja a forma que se assuma, será sempre “um património da humanidade.

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