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“A comemoração do 50 aniversário  da inauguração da Igreja de Vila Franca  das Naves foi uma ocasião para exprimir  a nossa profunda gratidão a todo um  povo”

Entrevista: Carlos Manuel Gomes Helena, Pároco de Vila Franca das Naves
 O padre Carlos Manuel Gomes Helena, actual Pároco de Vila Franca das Naves, é natural de Pousafoles do Bispo, Concelho do Sabugal
Depois de passar pela Escola primária de Pousafoles do Bispo, frequentou os Seminários diocesanos do Fundão e Guarda. Mais tarde ingressou na Universidade Católica Portuguesa de Lisboa, no Instituto Superior de Direito Canónico. 
Foi ordenado sacerdote no dia 10 de Julho de 1994, na Sé da guarda, por D. António dos Santos.
Nos tempos livres gosta de ler, passear, sem esquecer a paixão pela fotografia.
A GUARDA: A paróquia de Vila Franca das Naves assinalou este Domingo, 24 de Abril, 50 anos da inauguração da nova Igreja. Foi importante assinalar a data?
 
Carlos Manuel: A comemoração do 50 aniversário da inauguração da Igreja de Vila Franca das Naves foi uma ocasião para exprimir a nossa profunda gratidão a todo um povo que se mobilizou para concretizar um sonho que nasceu na década de 50: construir uma nova Igreja. A expansão demográfica de Vila Franca das Naves à volta do caminho-de-ferro e as condições precárias em que era celebrada a eucaristia – um barracão – assim o exigiam.
Segundo os testemunhos que me chegaram, toda a comunidade se empenhou de alma e coração. Em 1963 o povo mobiliza-se, o terreno é adquirido e o saudoso Pe. Indaleto Lopes das Neves assume a coordenação de todo o processo. As comissões que foram constituídas para o efeito vestem a farda e começam a trabalhar. Surgem quatro ranchos, representando os bairros de Vila Franca das Naves assim como um grupo de teatro amador. A primeira actuação acontece no dia 5 de Setembro de 1963 e muitas outras, ao longo dos anos! Graças ao envolvimento de toda a população o dinheiro foi aparecendo conforme as necessidades! 
É verdade que houve dificuldades e contratempos, mas no dia 23 de Abril de 1972 o povo de Vila Franca das Naves sai orgulhosamente à rua para inaugurar a sua Igreja. Foi uma festa! O sonho de um povo unido e motivado concretizou-se. Eis a razão porque assinalámos a data e quisemos avivar esta história que merece ser contada.
 
A GUARDA: Apesar do projecto ter meio século podemos dizer que foi pensado para o futuro e ainda responde as necessidades actuais?
 
Carlos Manuel: Sim. Um projecto muito à frente para o tempo. A nível arquitectónico a Igreja foi construída tendo em conta a nova perspectiva do Concilio Vaticano II. Uma Igreja onde o Povo de Deus adquire a centralidade que lhe é devida. 
 
A GUARDA: Foi um projecto arrojado do padre Indaleto Lopes das Neves?‘
 
Carlos Manuel: Naquela altura era, com certeza, um projecto muitíssimo arrojado. Não foi fácil angariar os 3000 contos, mas, com um povo motivado e unido, o que parecia impossível concretizou-se. É verdade, não o posso esconder, a emoção e o entusiasmo foi tomando conta do meu espírito… à medida que, ao longo deste mês e meio, ia recolhendo documentos, testemunhos e fotos pois, cada vez mais, pressentia que este povo de Vila Franca Naves tinha concretizado um milagre! É inacreditável generosidade deste povo, basta ver o livro de contabilidade que o Pe. Indaleto nos deixou. 
 
A GUARDA: O complexo vai muito mais para além da Igreja?
 
Carlos Manuel: O complexo religioso foi crescendo. Para além da Igreja, das salas de catequese, do salão e da casa paroquial, Vila Franca das Naves beneficiou muito com Centro Social e Paroquial que, brevemente, comemorará 40 de existência. A terra crescia e as pessoas que desejavam fixar-se sentiam necessidade de um espaço que respondesse às novas famílias que se queriam fixar. Assim, nasce ao lado da Igreja a creche e o jardim-de-infância. Uma resposta inovadora, para a época, que ajudou a fixar muitos casais novos em Vila Franca das Naves e nas terras vizinhas.  
Infelizmente o Pe. Indaleto Lopes das Neves faleceu demasiado cedo, em 16 de Agosto de 1987 e não conseguiu concretizar todos os seus sonhos. Os seus sucessores Pe. Alberto Coelho, Pe. António Rodrigues e Pe. Manuel Joaquim Martins empenharam-se e terminaram muitas das obras que já estavam previstas no projecto. 
 A GUARDA: Com este projecto Vila Franca das Naves ganhou uma nova centralidade?
Carlos Manuel: Sim. É verdade basta acompanharmos a beleza das imagens que a volta a Portugal em bicicleta nos tem brindado. O complexo religioso é, pelo menos, um dos ex-libris de Vila Franca das Naves. A sua localização foi muito bem pensada.
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