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Professor de Matemática tem exploração de coelhos bravos para repovoamento de reservas de caça

Aldeia do Bispo | Guarda

Em Aldeia do Bispo, no concelho da Guarda, existe uma exploração de coelhos bravos para repovoamento que surgiu em 2005 por iniciativa de Paulo Abrantes, professor de Matemática na Escola Secundária Afonso de Albuquerque e actual presidente da Junta de Freguesia. A exploração, localizada nos arredores da aldeia, possui uma área total de cerca de 2,1 hectares de terreno e tem três zonas: no centro está a zona da alimentação dos coelhos e nos extremos localizam-se as duas áreas de criação.
O proprietário contou ao jornal A GUARDA que a ideia para o projecto individual, que implementou sem qualquer apoio financeiro estatal, surgiu “da falta de coelhos bravos e o objectivo era criar e fazer repovoamento” de reservas de caça. “Todos os coelhos que daqui saem é para repovoamento”, garantiu.
A exploração possui um alvará para 12 coelhos fêmeas e 3 machos e a venda das crias é feita à medida que vão aparecendo. Quando o projecto foi constituído, a produção máxima prevista seria de 90 coelhos por ano, mas a mesma anda “à volta dos 30/40 coelhos”. “O ano melhor talvez tenha sido o de 2008. No ano passado não tivemos (crias) e este ano também não. Neste momento, há três ou quatro criações e pode ser que a produção recupere”, disse, referindo que os animais são retirados quando atingem os 4 a 6 meses de vida. As actuais crias devem ter entre 2 a 3 meses. Para a diminuição da reprodução, o proprietário tem duas possíveis explicações: o aparecimento de uma nova variante da doença hemorrágica viral e também a colocação de torres eólicas nas proximidades da exploração, que poderão afectar os coelhos bravos com o barulho da movimentação das pás dos rotores.
Pelas contas de Paulo Abrantes, da sua exploração já saíram “entre 300 a 400 animais” para diferentes reservas de caça nacionais (Gonçalo, Celorico da Beira, Almeida, entre outras). “Se mais tivesse mais vendia. O problema na comercialização é que não existem coelhos, porque todos queriam mais, sinal de que são de qualidade”, observou. Normalmente, o responsável faz duas apanhas de crias de coelhos por ano, nos meses de Março e de Setembro, que coincidem com o momento em que são feitas as vacinações contra a hemorrágica viral e a mixomatose. As crias são apanhadas quando se alimentam, segundo um método que foi desenvolvido por Paulo Abrantes e pelo irmão que o ajuda a cuidar da exploração. “Para passarem da zona da criação para a alimentação, passam por umas portinholas. No dia em que os queremos apanhar arma-se a portinhola e bloqueia a saída”, contou ao jornal A GUARDA. Os coelhos ficam retidos numa espécie de gaiola de onde são posteriormente retirados, ficando na exploração os animais reprodutores. Os coelhos reprodutores estão “tatuados” com o ano, o que permite acompanhar a sua presença na exploração. Paulo Abrantes, que também é caçador, conta que uma vez teve a confirmação de que os coelhos que saíram da sua exploração sobreviveram após o repovoamento. “Tatuámos os que íamos libertar e o meu sogro matou um coelho desses, na Reserva Municipal de Gonçalo, que agora é de Aldeia do Bispo”, contou.
A exploração de coelhos bravos requer muita atenção ao longo do ano. “O meu irmão passa por cá praticamente todos os dias. Além de trazer alguma alimentação à base de cereais ou fruta, também é preciso ver se existe algum buraco junto à vedação que leve os coelhos para fora ou que meta a raposa no seu interior”, disse. A água é fornecida através de uma charca natural existente na exploração. Em relação aos predadores, onde se inclui a raposa, que já obrigou ao reforço da rede que circunda o complexo, o espaço foi, em tempos, muito atacado por milhafres “que vêm de cima e não há maneira de os reter”. Para travar a acção destas aves ainda chegaram a ser colocados espantalhos no terreno, mas actualmente, “como a densidade de coelho é pouca, já não atacam tanto como aconteceu no início”. Em relação ao futuro, Paulo Abrantes diz que planeia conservar a exploração nos moldes actuais: “Dizem-me que é grande, mas são coelhos bravos e precisam de espaço, por isso, tenciono manter o que está”.

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