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Entrevista: João Mourato – Presidente da Câmara Municipal da Mêda

“Estamos a colocar a Mêda no lugar que tinha anteriormente… e a olhar mais para o Douro”

João Mourato, Presidente da Câmara Municipal da Mêda, faz o balanço dos três anos do actual mandato e fala das obras e potencialidades de um concelho que luta contra o despovoamento. Depois de ter sido Presidente, de 1985 a 2009, nas autárquicas de 2021, João Mourato voltou a ser candidato como líder de uma coligação do PSD com o CDS-PP, denominada “Juntos pela Mêda”.  Nessas eleições (26 de Setembro de 2021), João Mourato venceu o socialista Anselmo Sousa, que presidia à autarquia desde 2013.

A GUARDA: Qual o balanço que faz destes três anos de mandato?

João Mourato: É sempre difícil nós sermos juízes em causa própria. Quando cheguei, em Novembro de 2021, aqui à Câmara da Mêda, fiquei decepcionado, porque, de facto, não era a mesma Câmara que eu tinha deixado em 2009. 

Encontrei uma câmara com uma deficiência enorme de técnicos, ausência de projectos estruturantes e aquilo que havia estava a necessitar de uma melhoria acentuada. Não só obras, mas melhoria de mentalidades, etc…

E foi um grande trabalho que ainda não está completo porque isto demora tempo, porque há sempre algumas contrariedades…

Aquilo que eu delineei num plano foi, primeiro, organizar uma nova estrutura camarária, que está praticamente organizada e completar alguns lugares que não havia, principalmente técnicos, pois tinham-se reformado e não tinha havido forma de substituir.

Depois, arranjar projectos. Essa era uma outra vertente que eu também tinha porque as câmaras não sobrevivem se não tiveram bons projectos, isto é, obras para fazer.

Concretizei alguns projectos. Desenvolvi um plano no qual temos alguns projectos que foram aprovados e estão a ser lançados. Isto demorou dois anos a fazer.

Tivemos de melhorar os transportes. Chegámos à triste conclusão que nem havia carro na Presidência da Câmara. Havia viaturas que estavam já com grande longevidade, que estavam a ser afastadas. Eu tive de comprar alguns carros. Comprei duas carrinhas para os transportes, de 30 e 24 lugares e uma de 20 lugares. Comprei uma máquina para as obras. Enfim, um conjunto de coisas que era necessário fazer.

A manutenção de estradas foi outra das apostas. Estou agora também a fazer uma nova implantação de betão em algumas estradas que estão carenciadas.

A organização administrativa é, também, importante. Estamos a tratar, a ver se conseguimos, até com assessorias estranhas à Câmara e dentro do formato que nós entendemos, de contratação.  Arranjámos equipas de contratação fora, pois, não tendo funcionários tive de arranjar alguém que me ajudasse.

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Estamos a fazer isso. Estamos a colocar a Mêda no lugar que tinha anteriormente, não só na sua posição, por exemplo, reiterar a geminação com Cantanhede que tinha sido abandonada, mas também nos fixámos noutros motivos de interesse e olhámos mais para o Douro. A Mêda está muito próxima do Douro. Nós pertencemos à Associação do Vale do Douro, embora não à CIM.

Quisemos promover dois ou três artigos que são, sem dúvida nenhuma, a menina bonita, da Mêda. A castanha, os produtos endógenos, o próprio folclore, a Aldeia Histórica de Marialva enfim um conjunto de coisas que deu para alavancar algumas situações para que possamos encarrilhar bem nos carris, como se costuma dizer.

A GUARDA: Em termos de obra, o que é que a Câmara da Guarda tem projectado?

João Mourato: Temos muita coisa. Por exemplo na parte da habitação estamos a fazer alguns projectos.

Também estamos a requalificar algumas estradas, nomeadamente a estrada que vai dos Cancelos para Santo Amaro. Recuperámos a estrada municipal entre Vale Flor e Paipenela.

Temos algumas recuperações, desde logo a recuperação do Bairro do Barrocal, a recuperação das Piscinas Municipais, a recuperação da Casa da Cultura e a Incubadora que também é uma obra de vulto.  Estas obras custam cerca de três milhões de euros.

E vamos lançar a recuperação do edifício do Agrupamento de Escolas da Mêda, onde vamos gastar dois milhões de euros.

A GUARDA: E a Zona Industrial a Mêda?

João Mourato: A zona Industrial está a continuar. Está neste momento num processo de venda de lotes, tendo de ser aprovado pelo Tribunal de Contas, mas estas coisas demoram tempo. São 23 lotes que estão disponíveis para vender. Posso dizer que há procura. Nós temos, neste momento, uma equipa que trabalha no Mêda Investe. Há muitas pessoas interessas nos lotes, às quais são dadas todas as informações.  Vamos abrir, brevemente, um concurso para aquisição de lotes.

A GUARDA: Como é que a autarquia está a trabalhar o dossier do turismo?

João Mourato: Nós temos muita coisa de turismo. Tem sido, talvez, o sector onde nós mais temos trabalhado, nomeadamente na parte dos vinhos. Há muito alojamento local, algumas dezenas de alojamentos locais, dois hotéis, algumas pensões… Nós temos aqui muita coisa de turismo, e também eventos.

Temos as feiras do vinho. Ainda recentemente tivemos a Feira ‘Há Beira e Douro’ que é uma Festa dos Vinhos deslocalizada um ano em cada freguesia. Já a fizemos em Marialva e no Poço do Canto e para o ano voltaremos a fazer esta feira noutra freguesia.

Há muitas manifestações ligadas ao vinho, há muitas adegas e muita gente a vender vinho.

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A GUARDA: Estamos a falar de um concelho muito ligado à agricultura?

João Mourato: Sim, há muita plantação de amendoal. É um sector que é forte. A amêndoa, o mel e o azeite. Todos os meses, no último domingo, há o Mercado da Terra onde os agricultores vão apresentar os seus produtos e vendê-los.

A GUARDA: Marialva e Longroiva são lugares de excelência no concelho da Mêda?

João Mourato: Em Longroiva já recuperámos as Termas que estavam fechadas e estão a funcionar normalmente e o Hotel também. Mas o Hotel é de um particular.

Acabámos as obras do castelo e agora vamos dar um efeito útil áquilo que se fez. Longroiva está muito bonita.

Marialva também está. Fez-se agora um Centro de Apoio ao Visitante de Marialva. Temos o Posto de Turismo que tem sempre muita gente. Há milhares de pessoas que visitam Marialva. Esta Aldeia Histórica é também um centro importante do concelho.

Espero que as coisas vão correndo normalmente para dizermos qual é o caminho que nós temos de seguir, ou seja consolidar as coisas.

A GUARDA: Como olha para o despovoamento destas terras, das terras do interior?

João Mourato: É claro que é uma preocupação, mas nós devemos ter algumas atitudes para minorar isso. E as atitudes é chamar as pessoas. Todas as obras que enumerei fazem parte de um plano que que não começa a surtir efeitos já hoje. Medidas como aumentar a zona Industrial, – e é a segunda já que fazemos -, aumentar também algumas construções, beneficiar algumas casas, fazer alguns eventos…, podem ajudar a trazer pessoas. É preciso trazer pessoas para evitarmos o despovoamento.

A GUARDA: Vem aí mais uma edição da Expo Mêda. Porque é que a autarquia continua a apostar neste evento?

João Mourato: A Expo Mêda é a Feira Municipal por excelência, não temos outra. É aquela que consegue congregar e situar-se num nível superior para dar a conhecer o que temos para vender e para dar e também para aprendermos com outros. Vêm outros também para nos ensinar, alguns empresários. Nós convidamos muita gente. São cerca de 100 stands que vamos ter aqui na Feira, desde o dia 8 até ao dia 11 de Novembro. O dia 11 está incluído nos dias da Feira, é o dia do Feriado Municipal e virá cá um ministro, será o Dr. Pedro Duarte (Ministro dos Assuntos Parlamentares).

A inauguração da Feira, este ano, será feita pelo Secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, o Dr. Hernâni Dias.

A Expo Mêda vai custar muito dinheiro. Eu tinha pensado em 150 mil euros mas vai passar um bocadinho esse valor

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