Guarda – Feira de São João
A realização da Feira Anual de São João no centro da cidade da Guarda, no passado dia 24 de Junho, agradou aos feirantes e aos compradores que elogiaram a decisão da Câmara Municipal em transferir o certame que tradicionalmente era realizado na Avenida Cónego Quintalo da Cunha. Este ano, a autarquia liderada por Álvaro Amaro decidiu realizar, a título experimental, a secular Feira de São João, desde o Largo do Mercado Municipal e do Centro Coordenador de Transportes, ao Largo do Hotel de Turismo, incluindo a Rua Dr. Orlindo de Carvalho, o Largo de São Francisco, a Rua Nuno Álvares Pereira, a Rua Dr. Francisco dos Prazeres e o Largo Monsenhor Joaquim Alves Brás.
Durante a realização da feira, alguns comerciantes e compradores abordados pelo Jornal A Guarda mostraram-se satisfeitos com a opção da Câmara Municipal, destacando que foram criadas condições de conforto que não existem no recinto tradicional das feiras e mercados ao ar livre. “Os feirantes estão a gostar e está a gostar tudo”, comentava uma senhora para uma amiga. Já ao telefone, outra senhora desabafava: “Há muito quem venda e muito quem compre”.
A feirante Maria José Videira, de Vila Franca das Naves, Trancoso, que comercializa ferramentas e utensílios agrícolas e domésticos, disse que estava “muito contente” com a localização da feira. “Aqui é mais limpo. Nós saímos pretos de lá de baixo (do local tradicional), com tanto pó. É a primeira vez que é aqui realizada, mas não estou descontente, gosto de estar aqui”, disse. Quanto ao futuro, a comerciante afirmou que “preferia mil vezes” que as feiras e os mercados quinzenais se realizassem no centro da cidade. “Só pelas condições, que são diferentes”, justificou. Maria José Videira referiu ainda que “as vendas estão mais ou menos, porque as pessoas não sabem onde estamos e andam a apalpar terreno”.
O feirante Ezequiel Rosa Sá, que vende roupa e calçado, também disse ao Jornal A Guarda que a feira “é muito melhor aqui”. “As condições são outras e como se realiza no centro da cidade, as pessoas vêm mais, compram é menos, porque a crise está a notar-se”, disse. A concluir referiu: “Não nos importávamos que a feira continuasse aqui. Era muito melhor”.
Já Diogo Paixão, de Cavadoude, que vende grandes sacos de batatas, cebolas e laranjas, entre outros produtos, junto da entrada do Mercado Municipal, deu nota positiva à realização da Feira de São João no centro da cidade, mas queixou-se do fraco negócio pelo facto de os clientes não poderem levar os carros para junto da sua carrinha. “Isto está tudo muito bem. A única coisa que está mal é o Largo da Praça (Mercado Municipal) estar vedado, porque as pessoas não podem vir aqui buscar grandes volumes”, disse. E acrescentou: “Se o perímetro da Praça ficasse livre era uma feira em condições. Assim, hoje não vendi quase nada porque são volumes pesados e as pessoas não têm acesso com os carros para os poderem carregar. Nem os sacos de carvão de 20 kg para as sardinhas vendemos”.
No recinto do cais da Central de Camionagem, onde foram colocados os vendedores de comes e bebes, o comerciante Luís Ganancia, de Pinhel, que vendia frango de churrasco e batata assada, também gostou da experiência da alteração do recinto. “Aqui deve ser melhor para o negócio, porque o pessoal está no centro da cidade. Se a feira e o mercado continuassem aqui não me importava, porque o negócio na Guarda, no local tradicional, tem sido sempre fraquito por causa dos hipermercados”, comentou.
O empresário José Duarte, proprietário do estabelecimento Costa e Costa, na Rua Infante D. Henrique, referiu que naquele dia notou a presença de “mais gente na cidade”, mas no seu estabelecimento, até ao final da manhã, em termos de movimento, não verificou “nada de especial”. José Duarte defende que o certame anual, em vez de ser realizado no perímetro do Mercado Municipal e nas ruas próximas, fosse distribuído por outras praças da Guarda. “Era apologista que a feira fosse dividida por sectores. Há espaços para isso e, provavelmente daria mais dinamismo à cidade. Por exemplo, no Largo João de Deus, no Largo de São João e na zona do Jardim José de Lemos. Isso era uma forma de as pessoas se movimentarem na cidade à procura do que precisavam porque, estando tudo concentrado no mesmo local, as pessoas compram, metem-se no carrinho e vão-se embora para as aldeias e não compram nada nas lojas. No Jardim José de Lemos até há espaço e casas de banho públicas, o que facilitava a colocação de feirantes”, concluiu.