ENATUR enviou email “com uma pequena e simples memória descritiva”, um ano depois da assinatura do Memorando de Entendimento
O processo de recuperação do antigo Hotel de Turismo da Guarda continua emperrado e não sai da cepa torta. Um ano depois de ter sido assinado um Memorando de Entendimento entre o Turismo de Portugal e a ENATUR “nada aconteceu” a não ser o envio de email pela ENATUR à Câmara da Guarda “com uma pequena e simples memória descritiva”, onde se apresenta um conjunto de intenções para a recuperação do imóvel, “a poucos dias de mais uma campanha eleitoral”. A autarquia da Guarda diz que há três cadeias internacionais de hotéis interessadas na exploração comercial do Hotel de Turismo e mostra disponibilidade, se necessário, para “debater e substituir o Estado Central neste processo”.
A “novela” do antigo Hotel de Turismo da Guarda já se arrasta há 14 anos e parece não ter fim à vista. Depois de ter encerrado a actividade comercial em 31 de Outubro de 2010, o imóvel foi adquirido pelo Turismo de Portugal, em Abril de 2011. Desde essa altura “foram 5 Governos de Portugal, liderados por diferentes partidos, que deixaram fechado um equipamento de referência, que faz parte da identidade da Guarda e que há muito se tornou um dos seus símbolos”.
“São já 14 anos de portas fechadas de um ex-libris nacional e concelhio, que muita falta faz ao turismo do nosso concelho e do nosso país”, referiu o presidente da Câmara da Guarda, em conferência de imprensa realizada a 19 de Janeiro, um ano depois de ter sido assinado um Memorando de Entendimento entre o Turismo de Portugal e a ENATUR. Sérgio Costa adiantou que após um ano dessa assinatura “nada aconteceu” a não ser o envio recente de um email “com uma pequena e simples memória descritiva” que apresenta “um conjunto de intenções para a recuperação do Hotel de Turismo, a poucos dias de mais uma campanha eleitoral”.
Na memória descritiva e justificativa da intervenção, a ENATUR aponta “como premissas gerais” o levantamento do edifício com identificação dos elementos pré-existentes que possam ser restaurados e integrados no novo projecto; o desenvolvimento de projecto com o objectivo da sua classificação como unidade hoteleira – Pousada de 4 Estrela”; e enquadramento como Obras de Escassa Relevância Urbanística, isentas de controlo prévio, por minimização das intervenções e concentração no interior do edifício.
O documento enviado pela ENATUR à autarquia é “uma mera declaração de intenções” e “ao fim de um ano é demasiado pouco para apresentar à população da Guarda”, considerou Sérgio Costa. Apesar de todos os processos burocráticos e legais que um processo como este acarreta “a Câmara Municipal da Guarda respondeu em apenas 8 dias à apresentação da memória descritiva apresentada”.
“A Guarda está farta
desta novela”
O autarca considerou que “a Guarda perdeu mais um ano, adiando mais uma vez, uma decisão há muito reivindicada pelos Guardenses”. Mostrou preocupação por saber que “o projecto do Hotel de Turismo não está feito”, que “os concursos não estão feitos”, e que “faltam todas as contratações necessárias para o começo das obras”.
“É cada vez mais certo que o Hotel de Turismo da Guarda não vai abrir as suas portas em 2025” disse Sérgio Costa, lembrando que “em 2026 termina a actual concessão da ENATUR”.
Profundamente desiludido com a “apresentação de uma simples memória descritiva”, o autarca adianta que “a Guarda está farta desta novela” e começa a “não acreditar em todo este processo”.
Perante o arrastar da situação, Sérgio Cota disse que “a Câmara Municipal da Guarda terá todas as condições para se sentar à mesa com o próximo Governo, que resultar das próximas eleições legislativas para, de uma forma transparente e clara, debater e substituir o Estado Central neste processo, se necessário”. Adiantou que “existem 3 cadeias internacionais de hotéis interessadas na exploração comercial do Hotel de Turismo”.
Sérgio Costa deixou a garantia de que “a Câmara Municipal da Guarda quer ajudar a resolver e a ser parte da solução” e lembrou que “o Hotel de Turismo não é do Governo, é da Guarda, é dos Guardenses”.