Montante inicial do investimento pode rondar os 2 milhões de euros
O enólogo Carlos Leitão, antigo cronista de Vinhos na Rádio Altitude, actualmente a residir em Coimbra, foi mandatado por uma empresa de Inglaterra para servir de intermediário com um investidor chinês que pretende adquirir vinhos nacionais. “Fui mandatado por essa empresa para fazer esta busca e elaborar os processos de candidatura” dos empresários e das Adegas Cooperativas interessadas no negócio, que envolve a aquisição de vinhos tintos e brancos, adiantou o responsável ao Jornal A Guarda.
O enólogo, que foi um dos fundadores da Confraria dos Enófilos da Beira Serra, referiu que o investidor tem que ter a garantia de que os vinhos são de qualidade e de que os fornecedores também assegurarão a quantidade pretendida. Até ao momento, Carlos Leitão já recebeu “37 candidaturas de todo o país”, incluindo algumas da região da Guarda e da Beira Interior. “Há contactos na Beira Interior, mas são apenas candidaturas das quais será elaborado um processo que será enviado ao investidor chinês. Na qualidade de associado de uma Adega Cooperativa da região, teria todo o gosto que uma Adega, ou várias, pudessem ser contempladas com a decisão decorrente deste investidor”, disse. No entanto, assinala que a última decisão ficará por conta do investidor, a quem envia as propostas que recebe. “Tenho 37 candidaturas de todo o país e a muito breve prazo poderá haver resultados, porque os processos têm sido enviados com detalhe, para o investidor, à medida que vão chegando. A decisão final depende dele”, explicou. Observou que o negócio tem alguns condicionantes, que são devidamente explicados aos interessados e que estão relacionados, por exemplo, com as castas predominantes, a área de produção, a localização da exploração, os solos e o volume produzido e o preço praticado no mercado com as marcas existentes.
Carlos Leitão assegurou ao Jornal A Guarda que o processo está a ser realizado sob “rigoroso sigilo” em relação a todas as demostrações de interesse manifestadas no negócio relacionado com a exportação de vinhos para a China.
Para justificar a viabilidade do negócio, referiu que a China tem uma percentagem per capita de consumo de 0,25 garrafas e possui 123 milhões de adultos com idades entre os 18 e os 50 anos, com capacidade de comprarem vinho no seu dia-a-dia regularmente. No entanto, desses 123 milhões, só 14,5 milhões é que bebem regularmente vinho. Aquele país tem cerca de 24.500 empresas importadoras e importa perto de 290 milhões de litros de vinho, segundo dados de 2010. No entanto, quem está a par dos negócios, alerta que os produtores “têm que ir lá, a feiras, e divulgarem os seus produtos”, pois “não se pode pensar que se importa vinho por email”.