A Casa da Freguesia de Escalhão (CFE), situada na freguesia do mesmo nome, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, é uma Instituição Particular de Solidariedade Social,
que nasceu através de uma Casa do Povo, em Janeiro de 1974. A instituição, presidida por Maria Alice Pacheco, tem a seu cargo a manutenção do Museu das Artes e Ofícios Francisco Távora, o Lar de Idosos, a Creche e Jardim de Infância e o ATL. O edifício possui ainda outras valências como uma Biblioteca e um salão de festas.
“Inicialmente, a Casa da Freguesia, funcionou numa casa alugada para o efeito, mas logo a seguir houve a doação de um notável imóvel por parte da família Lopes da Fonseca e foi a partir desse embrião que tudo começou. A criação de um Lar de Idosos teve início em Janeiro de 1984, através da doação de um imóvel pelo Coronel Horácio de Vilhena Andrade. Em Setembro de 1983 foi inaugurada a Creche, Jardim de Infância e ATL, e posteriormente, uma Ludoteca, em 1998”, lembra a direcção. Acrescenta que a CFE “possui um valioso Museu, que retrata bem como era o viver em Escalhão, com objectos representativos da vida quotidiana do lar, do trabalho rural, do lazer, da vida religiosa e de artes e ofícios. É o único a nível do concelho, sendo muito visitado por nacionais e estrangeiros bem como escolas e incluído em muitos roteiros de destinos a visitar na Beira Alta”. Pelo Museu são sugeridos dois percursos para quem o visita: um corresponde à cozinha e a todas as actividades associadas a esse espaço doméstico; o outro integra todas as actividades da vida rural da freguesia de Escalhão: a cultura do azeite e do vinho; a lavoura; a eira; a oficina do ferreiro; a oficina do carpinteiro; a oficina do sapateiro; a festa e o lazer; a vida religiosa; o traje.
A biblioteca da CFE está em funcionamento desde 1995. Instalada no edifício da Casa da Freguesia, conta já com mais de 17 mil volumes colocados à disposição dos inúmeros estudantes e estudiosos que ali se dirigem para consultar as raríssimas obras. “Muitas destas obras partem de doações de privados, amigos desta instituição que aqui depositam volumes antiquíssimos, valiosos e raros. Destaca-se dentro desta biblioteca uma outra, apelidada de Biblioteca José Joaquim da Graça. Todas as obras aqui contidas foram doadas da colecção privada do referido benfeitor”, acrescenta. A instituição possui ainda uma Mediateca onde os sócios podem aceder à Internet e visualizar filmes. “Sentimos que a CFE é uma estrutura que cresce dia a dia, pois todos os dias nos chegam solicitações para o envolvimento e préstimos, podemos afirmar que é uma instituição responsável pela vitalidade da aldeia”, assinala Maria Alice Pacheco.
“A nível social há um grande intercâmbio de gerações onde os mais velhos convivem com as crianças, numa troca de alegria, saberes e vivências. Atendendo à zona de Interior onde nos encontramos inseridos e desprovidos de estruturas de emprego, a Casa da Freguesia também tem apostado na formação profissional, em parceria tanto com o IEFP como com o CAIS de Vilar Formoso e outras entidades do concelho de Figueira Castelo Rodrigo e do distrito da Guarda, tendo já funcionado os cursos de Tecelagem, Corte e Costura, Arraiolos, Pintura Decorativa, Estilismo, Latoaria Artística, Culinária, Electricidade, Informática, Bordados e Bainhas Abertas”, refere. No sector recreativo há a preocupação de revitalizar e recuperar o Grupo de Teatro e a Escola de Música, pois possui equipamentos, instalações e, sobretudo, vontade de aprender: “a maior dificuldade é não possuirmos professores para essas áreas”. Segundo a dirigente, a CFE “é uma associação com abertura ao exterior, todos os serviços são para serventia de todas as pessoas que aqui se dirigem”. “É uma organização onde é preciso ter um espírito muito aberto e um grande poder de iniciativa, gerência e organização, pois num Interior envelhecido onde estamos inseridos, se não houver voluntariado, carolice e gosto pelo que fazemos fica mais pobre ainda a nossa comunidade”, conclui.