Projecto integrado na Rede de Judiarias de Portugal
A Câmara Municipal de Almeida vai investir 800 mil euros na criação do Museu “Vilar Formoso Fronteira da Paz – Memorial aos Refugiados e Cônsul Aristides de Sousa Mendes”. O projecto foi apresentado na sexta-feira, dia 14 de Novembro, numa cerimónia realizada no Salão Nobre dos Paços do Concelho, onde a autarquia também apresentou a obra de recuperação do edifício da “Esnoga de Malhada Sorda”, orçado em 60 mil euros.
Os dois projectos integrados na Rede de Judiarias de Portugal – Rotas de Sefarad, são apoiados pelo Estado Português e pelo EEA Grants “2009-2014”, um mecanismo financeiro do Espaço Económico Europeu (EEA) através do qual a Noruega, Islândia e o Liechtenstein financiam diversas áreas prioritárias de acção junto dos países beneficiários do Fundo de Coesão da União Europeia.
Durante a cerimónia, o presidente da Câmara de Almeida, António Baptista Ribeiro, explicou que o Museu “Vilar Formoso Fronteira da Paz – Memorial aos Refugiados e Cônsul Aristides de Sousa Mendes” vai ocupar dois antigos armazéns da Refer e poderá ficar concretizado no princípio de 2016. O projecto está pensado para aquele local por a Linha do Caminho de Ferro da Beira Alta estar associada ao antigo cônsul de Portugal em Bordéus, Aristides de Sousa Mendes, e os refugiados terem entrado em Portugal de comboio. O investimento de Malhada Sorda, de menor dimensão, está em condições de avançar para concurso público de execução e a obra poderá estar terminada em Julho ou Agosto do próximo ano.
O autarca considera que ambos os projectos são importantes para o desenvolvimento do sector turístico local, referindo que o turismo “representa muito para nós, na criação de emprego e na atracção de pessoas para o concelho”.
A arquitecta Luísa Pacheco Marques, autora do projecto do espaço museológico de Vilar Formoso, disse que o espaço será “um hino à vida” e assentará em conteúdos multimédia e interactivos. Nos dois pavilhões serão instalados 6 Núcleos Expositivos relacionados com as temáticas “Gente como nós”, “Início do pesadelo”, “A viagem”, “Vilar Formoso fronteira da paz”, “Por terras de Portugal” e “A partida”. O equipamento foi pensado para contar a História dos refugiados e “tentar que o visitante sinta na pele o que foi a vida do refugiado em 1940”, disse, acrescentando tratar-se de um projecto de interesse internacional.
Quanto ao projecto da “Esnoga de Malhada Sorda”, da autoria do arquitecto João Campos, permitirá a reconstituição de uma casa tipicamente beirã de meados do século XVI, que actualmente está em ruína. João Campos propôs ainda à autarquia de Almeida que edifique, em Vilar Formoso, na rua da Moureirinha, um “Memorial ao acolhimento dos judeus em 1492, à fraternidade e à paz”.
Na ocasião, o presidente da Rede de Judiarias de Portugal, Dias Rocha, valorizou os dois investimentos que a Câmara Municipal de Almeida vai concretizar, ao afirmar: “Parabéns a Almeida por estes projectos magníficos. Poderão vir a engrandecer a grandeza museológica e monumental que Almeida já tem”. O responsável referiu ainda que “o povo de Almeida pode ter orgulho por ter salvo muitas e muitas vidas” de judeus durante a II Guerra Mundial.
A Embaixada da Noruega esteve representada na sessão pelo seu Primeiro Secretário, Bent Bakken, que considerou aquela data como “um bom dia, quer para a cultura judaica, quer para o Município de Almeida”.