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Também eu me vejo Grego

No nosso idioma ao afirmar, eu vejo-me grego,

estou a transmitir que me sinto atrapalhado com um qualquer problema, cuja resolução é difícil. Nos tempos que correm o país helénico, tem dado pano para mangas a toda a comunicação social, com as mais diversas correntes de opinião. Dentro destes princípios, tanto os que moram, como os que trabalham nos diversos protetorados da União Europeia vivem uma certa angústia perante o dilema do contágio.
Falar da Grécia e da sua capital Atenas, estamos a falar de dois berços, foi onde nasceu a democracia na Antiguidade, bem como toda a filosofia que sustenta a civilização ocidental, daí a tão falada hegemonia ateniense que ainda hoje sustenta a nossa forma de pensar.
O povo grego, pelo que tenho lido, tem orgulho da sua história, bem como nas figuras que a marcaram, daí que a sua voz tenha eco perante os poderosos, que avessos a quem abraça humildade tentam por todos os modos espezinhar com a mais vil sovinice, aqueles que para seu sustento e dos seus, apenas têm o trabalho como garantia. Ao falar em trabalho, não faço aqui qualquer destrinça entre as capacidades intelectuais de quem se governa à custa da mensalidade que provém da sua produção.
O capitalismo desmesurado que caiu na Europa, para transformar os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, tem como principal intenção colocar a classe média, que é essa que vive do seu salário, à meia-barriga ou ainda menos, para que uma outra classe, mais pequena obviamente, possa alargar os seus domínios e escravizar os que suportam a economia de um país, enquanto os agiotas se apressam a pavonear-se nos mais elevados patamares para colherem os lucros, os louros e os aplausos. No momento em que vivemos, este rio caudaloso corre na Grécia, onde à custa de milhões de regatos, engrossou o seu caudal ao ponto de ninguém o poder segurar. Há quem dê como solução cativar a água dos pequenos ribeiros, para dessedentar os mais aflitos, o que até seria correto, só que a ganância pessoal e política de quem gere o poder económico, entendem que são essas linhas de água que por serem em enorme quantidade, dão azo ao tal caudal, que por ter um controlo muito apertado, apenas umas gotas de água dali saem para os que mais rastejam em prol da própria sobrevivência.
Com carga demasiada rebenta o canhão, palavras do padre António Vieira, considerado por mim e por muitos, o maior orador português de todos os tempos. Dentro desta máxima o povo grego entra em contencioso com a Alta finança mundial, pois apenas se limitava a colocar dinheiro em Atenas, para o ir buscar a seguir alegando juros e outros encargos no financiamento. A rotura aconteceu por que os credores não acompanharam o destino das importâncias, pelo que permitiram desvios permanentes aos que em tempos de vacas gordas aos senhores que tinham as rédeas do protetorado, que por na sementeira espalharem muito densamente tiveram uma colheita raquítica.
Claro que isto não vai ficar por aqui, eu comparo o comportamento destas senhoras e senhores da Europa na asfixia dos protetorados, com o governo de Portugal, que até dizem que foi bom aluno. Só ainda não ouvi dizer que no exame passou com distinção. Por cá vai-se privatizando tudo a todo o custo e à pressa, paga-se para se andar em estradas que a Europa diz que financiou, tudo isto com a ideia de pôr o povo cada vez mais obediente. O capitalismo selvagem depois da Grécia sugará outro país até ai tutano, e pelo que se consta Portugal é o freguês que se segue. Mesmo que os cofres estejam cheios como dizem, alguém se encarregará de os deixar limpos. Também não creio que este povo do país mais ocidental do continente europeu tenha a capacidade de resistência até aqui demonstrada pelos gregos. Mas, com toda a sinceridade, também eu me vejo grego.            

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