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Ser português…

Ser português tem muito que se lhe diga e “ter muito que se lhe diga” é já uma expressão bem portuguesa,

como são igualmente bem portugueses o respeito, a boa educação e o bom senso
Ser português é muito mais do que ser um simples detentor de uma nacionalidade. Significa uma identidade, significa ser portador de um conjunto de valores culturais que fizeram de nós todos, portugueses, um povo respeitado no mundo, respeito esse granjeado ao longo de vários séculos.
Evidentemente que o conceito “ser português” sofreu muitas transformações ao longo dos tempos, algumas das quais resultantes do próprio fenómeno da globalização. Mesmo assim, com ou sem globalização, os portugueses continuam a elevar bem alto o nome de Portugal, sempre que se lhes exige que deem provas do seu valor pessoal e profissional, em situações em que o próprio país de origem não lhes faculta as oportunidades de que eles eram merecedores e se veem impelidos a partir para uma espécie de diáspora, que afeta, nos dias de hoje, os mais jovens, de forma muito particular.
Mas pode nem ter sido o fenómeno da globalização (ou foi?) que determinou que, na semana que antecedeu a Semana Santa, Portugal e alguns portugueses fossem notícia na imprensa nacional e internacional, por razões que nos envergonham a todos.
Se tivesse sido apenas na imprensa nacional não era caso para grande preocupação, na medida em que apenas se destina a consumo interno e pelo facto de notícias com esse teor e outros semelhantes fazerem já parte do quotidiano de um país que passou a encarar fenómenos, outrora classificados de desviantes, por falta de enquadramento no padrão das normas da civilidade, como atitudes aceitáveis numa completa ideia de (a) normalidade.
Para ilustrar melhor o que acabei de referir, basta lembrar algumas entrevistas passadas nos media, que tiveram como protagonistas os verdadeiros responsáveis pela avalancha noticiosa de acontecimentos que passaram para o mundo uma imagem do nosso país que ainda não corresponde à realidade. E digo “verdadeiros responsáveis” porque esses senhores e senhoras entrevistados mostraram a todos nós a razão pela qual alguns detentores de nacionalidade portuguesa fizeram voar colchões pelas janelas, colocaram televisores nas banheiras, meteram sofás em elevadores, arrancaram candeeiros, etc., como se a realidade e o imaginário fizessem parte da construção de uma mesma identidade, esta desenvolvida num contexto educacional em que tudo fica reduzido à ficção.
Estes detentores de Cartão de Cidadão português, que vivem a realidade como se do imaginário se tratasse, vão, daqui a uns meses, ver os seus nomes preencher as listas de colocação no ensino superior em Portugal e, daqui a mais uns anos, entrarão no mercado de trabalho, constituirão família e integrarão plenamente uma sociedade que se rege por um padrão de valores que, associado ao código genético do nosso povo, não se identifica nos comportamentos ocorridos em Torremolinos.
Mas como disse anteriormente, há outros responsáveis. Os verdadeiramente responsáveis. Sim, porque culpa não é dos “meninos”, até porque eles ainda são “meninos”. A culpa, a verdadeira culpa, é dos maiores, mães e pais que não o souberam ser. Daqueles que se excluíram de educar, assumindo com responsabilidade o encargo de transmitir aos filhos os valores civilizacionais em que se alicerça a nossa sociedade.
Não cumprir com esta missão, significa a total demissão da nobre função de ser pai ou mãe. O “berço”, como é uso dizer-se por cá, ainda é um espaço determinante, em termos daquilo que são a formação e a educação do indivíduo. E quando não há “berço”, há colchões voadores que ensombram os céus de Torremolinos e ensombram igualmente a dignidade da maioria dos portugueses que, felizmente, não se reveem nos atos praticados.

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