Não há dúvida de que a pandemia ressente-se no quotidiano, mesmo se o tempo já não é de um confinamento estrito: os rostos irreconhecíveis porque mascarados,
as festas quase proibidas, as saídas aos restaurantes raras, assim como as viagens, os encontros prudentes. O céu pode parecer cinzento. As medidas de distanciamento físico tendem acentuar gravemente o nosso moral e prostrar-nos por terra. Alguns preveem que as férias de Natal e de Ano Novo serão diferentes. Os desfiles de carnaval serão contidos. Já estaríamos a prever que sim e desejamos que a partir das férias da Páscoa comece, pouco a pouco, um novo modo de viver.Mas não poderemos ser um pouco mais otimistas? Cessemos de pintar este tempo com cores negras, porque todo este contexto afeta-nos, quer queiramos quer não, pois o ser humano é frágil. Somos todos de carne e osso e não de pau santo e muito menos de pedra. Cada um tem de fazer um esforço para contribuir e chegar até ao fim do túnel, tem de acreditar num mundo melhor, de imaginar encontros criadores e imaginativos. Temos de nos apoiar em notícias positivas, de nos voltar para projetos que nos possam realizar, de sonhar em viagens que contribuam para a nossa cultura. Há desafios que nos esperam e nos darão satisfação, alegria e vontade de viver.Sabemos que por detrás das nuvens, o sol está a brilhar. Mesmo com todos os condicionamentos, as crianças e os jovens estão contentes de encontrar os seus amigos e companheiros de escola. Os pais, apesar da incerteza do futuro, regozijam-se de os ver entusiastas e aplicados nos estudos. Os adultos aspiram em encontrar um rápido tempo normal, para viver o quotidiano mais sereno e com perspectivas animadoras.A crise económica e social que se anuncia dolorosa, necessita de muita energia e de grande solidariedade que deverá abranger quase todas as classes sociais. É necessária determinação não só da parte dos poderes públicos como também das associações e pessoas que também podem agir a nível individual. Temos de fazer esforço para pôr de parte as ideias negras que podem vislumbrar-se no horizonte. Agarremo-nos a ideias positivas e entusiasmantes. Olhemos para os progressos da ciência, no domínio da medicina, cirurgia, neuropsiquiatria que foram feitos nos últimos anos. Os avanços no domínio mental foram consideráveis. Permitem acalmar a dor e cuidar mais rapidamente as doenças hereditárias e infantis. Atualmente, é possível efetuar diagnósticos mais seguros dos males que nos afectam.Pela primeira vez na história da humanidade, uma pandemia vai certamente ser travada por uma vacina produzida em pouco mais de um ano. Nota-se a vontade forte da parte dos investigadores dos quatro cantos do mundo para se debruçarem sobre este assunto, todos determinados e cheios de talento.O progresso é notável, inaudito mesmo.Mesmo a Europa que conheceu guerras sem fim, deixando feridas em muitas famílias, temos consciência de que está empenhada em não poder ceder perante um vírus que, apesar de tudo, fez muitas vítimas.