Fui a Fátima, peregrino, também para comunicar a peregrinos virtuais a alegria duma multidão orante neste 13 de Maio. Senti mais festa que penitência apesar dos tempos difíceis e dos muitos dramas que vive cada peregrino que se dirige a pé ou de qualquer forma a um Santuário que já se habituou a escutar o bater do nosso coração.
Este ano tivemos a presença do Patriarca latino de Jerusalém que nos aproximou do Médio Oriente, terra natural de Jesus e de Maria, que hoje é “uma terra em chamas”, que precisa da nossa oração e da nossa solidariedade. Sabemos que há lá cristãos, entre judeus e muçulmanos que sofrem pelo simples facto de serem cristãos.
De Fátima vim peregrinar à cidade mais alta de Portugal, com a pureza do seu ar e a bacia de água de três rios que dessedenta o país a norte e a sul.
Senti- me bem a atravessar a cidade a pé, como quem vagueia pela nossa história e reconhece que do coração destas rochas brotaram figuras que marcaram e marcam o país e a Europa. Lembrei -me comovidamente da minha juventude e dos livros que li de Nuno de Montemor que me levavam longe na fantasia e nos valores que pautavam um escritor que a Guarda ainda está a celebrar. Mas o que me trouxe a esta cidade foi o semanário diocesano e regionalista que celebra os 110 anos. E na exposição da Biblioteca da Câmara pude testemunhar uma exposição de uma espécie de Torre de Tombo que é um instrumento de imprensa regional que foi registando pequenas e grandes histórias duma terra, dum povo, povo de Deus que caminha e canta, e vai anotando os seus passos nas notícias, crónicas, documentos, comentários, imagens, que aqui e longe foram saborosamente folheados por uma comunidade que se sentiu lá dentro. O jornal não é da terra, é das pessoas da terra que estão dentro e fora e sentem nas letras que delas falam a sua própria história escrita para a posteridade. E aqui poderia entrar no tema que me trouxe, a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Fala duma cultura da proximidade. E diz a palavra certa e urgente que deve estar no subtítulo de qualquer meio de comunicação social: a proximidade. Não apenas nos meios de transporte ou nas tecnologias que percorrem o planeta a alta velocidade, nem na globalização que faz o mundo pequeno e aparentemente da mesma raça. Mas importa nesse todo fazer a aproximação do olhar dos mais carentes, a aproximação como a do Bom Samaritano que desce da sua montada, ou a comunicação dos Discípulos de Emaús que se enternecem com a Palavra do Mestre e a partilha do Pão. Surge no dizer do Papa Francisco um novo sinónimo de comunicação – aproximação, proximidade.
Um Jornal como A Guarda celebra 110 anos desse gesto sublime de aproximar, criar aproximações aos que estão perto e longe e aos que estão carentes da palavra e da cultura narradas à altura certa da terra e do povo. Por isso com muita alegria subi à Guarda e senti a proximidade das pessoas que do Evangelho aprenderam que nada nos pode separar de Cristo.
P.A Rego