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Palmilhando o mês de março

Ao toque dos ponteiros do relógio e sempre com essa cadência vamos já a palmilhar os dias do mês de março que é já o último do primeiro trimestre do ano que estamos a viver.

Para trás já ficaram dias de certa nomeada, como é o caso do dia de ano novo, o dia de reis, o dia vinte de janeiro, o carnaval e tantos outros que nos ficam na memória com o passar dos anos.
Ainda dentro do primeiro trimestre, temos outros dias que recordamos por aquilo que valem para nós, mas também pelo que transmitem à vivência da sociedade em geral. Aqui foco o dia do pai, celebrado no dia dezanove em que se enaltece a obra de São José, esposo de Maria e o último domingo de março, que por acaso este ano acontece no dia vinte e seis. Estou a falar do dia mais pequeno do ano, por se lhe tirar uma hora, em consequência da passagem para a hora de verão.
Como curiosidade, este primeiro trimestre, num ano comum, já é o mais curto, e num ano bissexto continua, pois embora tenha o mesmo número de dias que tem o trimestre seguinte, mantém-se com menos uma hora. Os dois primeiros trimestres que formalizam o primeiro meio ano são os mais pequenos, logo podemos afirmar sem receio de engano, que o ano é uma unidade que se divide em dois meios que não são iguais. Não sei se haverá algo equiparado, composto por duas metades desiguais.
Não posso deixar de focar o dia vinte, estou a falar do equinócio da primavera, data em que o dia tem uma duração igual à noite, na época em que os dias estão em franco crescimento. Foi devido a esta coincidência que o nosso povo sentenciou com o seguinte aforismo: – “Em março tanto durmo como faço.”
Embora sem data marcada na sua ponta final regista-se a chegada do cuco, que mal chega anuncia a sua vinda. Aqui pelas nossas bandas relaciona-se muito a sua chegada com o dia vinte e cinco onde se diz que vem para uma feira que nessa data se realiza na vizinha vila da Belmonte. São meros dichotes antigos, mas não deixa de ser verdade que de alguns anos a esta parte, eu como habitante da ruralidade ouço sempre a sua alvorada não muito distante desse dia. O canto da sua chegada é muitas vezes repetido, a partida acontece sem dar cavaco a ninguém. Também não precisa de o fazer, pois só cá veio fazer criação com o intuito de entregar os seus filhos a quem olhasse por eles. Fica por saber quem indica o caminho do retorno às jovens crias que aqui nasceram. A ida, pelas minhas contas acontece nos primeiros dias na segunda quinzena de junho. Ouvia eu em tempos dizer aos antigos que o que mais metia medo ao cuco era uma meda de centeio, pois mal avistavam a primeira punham-se em fuga de imediato.
Este mês, também é muito conhecido pela sua instabilidade climática e disso o Zé-povinho bastante o critica com o seguinte gracejo: – “Março marçagão, manhã de inverno tarde de verão.”
No meu ponto de vista esta condição tem a sua razão de ser nesta área do globo em que nós respiramos. O solo ainda não aqueceu depois do inverno, logo a ausência do Sol durante a noite permite um genuíno arrefecimento nocturno o que vem ocasionar uns arrepios matinais e que depois com a subida solar desaparecem devido ao calor que daí vai despontar.
São particularidades que eu vou constatando avalizadas apenas pelo avanço da idade, pois algo sobre isto eu nunca vi escrito, mas que admito perfeitamente que até possa haver.
Sinto uma grande alegria quando aqui uso da palavra. Alguns ricochetes que vou ouvindo dão-me alento para partilhar convosco algo daquilo que a vida, em vários tabuleiros repartida, me foi ensinando. Posso afirmar que é uma honra repartir um pouco do que sinto com alguém que gasta um pouco do seu tempo para deambular sobre algo do que eu escrevo, mal ou bem, mas que é fruto do que sinto.
Voltarei aqui no princípio da próxima quinzena.
Até lá! Saúde e aquele abraço…

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