OS TELHADOS DE VIDRO
Tenho a certeza absoluta de que tenho os meus telhados de vidro. Não seria um ser humano se os não tivesse e como tal gosto de os proteger e cuidar deles devidamente. Para além disso tenho a convicção de que me fica muitos mais em conta e com menos contrariedades, protegendo-os do que deixando-os ao abandono.Para que os meus telhados de vidro fiquem protegidos é evidente que antes de tudo tenho de proteger os dos vizinhos. Aqui agarro-me bem aquela sentença popular que está carregada de filosofia. Diz que quem tem telhados de vidro, não pode atirar pedras aos dos vizinhos.Tudo isto para dizer que todos nós temos virtudes e defeitos. Ora sabemos que as virtudes são pouco evidenciadas durante a nossa permanência no mundo dos vivos, já os defeitos, mesmo que não redundem em prejuízo para alguém, são sempre potenciados por quem se orgulha de apontar as falhas alheias.Muitas vezes e na condição de ouvinte e em jeito metafórico eu digo ao maldizente que compre um espelho no mercado chinês, que fica mais em conta, que veja antes bem a sua figura e depois já poderá estar mais bem fundamentado para defender a sua opinião.Mas aqui costuma aparecer alibi da defesa e de modo incoerente: – Eu estou a falar pelo que ouvi, pois nem sequer estava lá. Se lhe perguntarem a quem o ouviu, também não aponta, diz apenas que é um falatório na zona onde vive.Tudo isto serve para deturpar um dos melhores bens que temos para a nossa existência e que é a verdade. Realmente a verdade nunca enganou ninguém e se alguém se sente prejudicado por tudo o que é verdadeiro, é por que infringiu as regras que normalizam a vivência da sociedade em que todos estamos inseridos.É natureza minha, não a escolhi, pois nasceu comigo, fico fora de mim quando ouço falar mal de alguém na sua ausência, pois além de o mesmo se não poder defender, também me tira fora do sério, dado que não são coisas que despertem o meu interesse e muitas das ocasiões até é do meu inteiro saber que o que o que ali se está a afirmar é perfeitamente o contrário da realidade. Não há nada melhor do que fazer as orelhas moucas, só que a nossa consciência é soberana e na maioria das questões não nos permite o ideal, que seria ficar em silêncio. Todavia é meu gosto repor a verdade, após vários distúrbios lá vem a razão tardiamente. Muito embora eu fique desequilibrado por algum tempo, acabo por anuir e esquecer as maledicências que estiveram nos agravamentos da situação.Face ao que deixo exposto, há uma situação que me agrava o meu modo de pensar e na condição de ouvinte. Tudo isto que eu relato, não o ouço em terra alheia. Não é nas viagens que eu faço pelo país que eu recolho os elementos que me servem de base a tudo o que eu aqui afirmo´. Com imensa pena minha é o povo da minha terra que me faz soltar estes sentimentos e que me envergonham. Eu não posso deixar de descrever algo errado que vejo junto das pessoas com quem cresci e me formei como homem.Por mal dos meus pecados, e Deus me perdoe se estou errado, é na população feminina, da que eu mais gosto, que vejo este achaque na análise do próximo.Tudo isto que eu escrevo serve para dizer que ninguém é perfeito e não é apontando o dedo a este ou àquele que a gente melhora o nosso mundo bem como as relações que vamos mantendo como humanos.Peço-vos que se deixe de lavar roupa suja, que não dignifica ninguém. Vamos lá mudar de ideias e considerar sempre o outro igual a nós, pondo de fora toda a sua maneira de pensar ou de agir, desde que o seu comportamento não moleste fisicamente ou moralmente quem quer que seja. Por aqui me fico, pedindo perdão a quem não tiver uma visão sobre a realidade como eu tenho.