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Os 111 anos do jornal “A Guarda”

Completar 111 anos de presença semanal nas bancas e nas mãos dos assinantes e outros leitores é, por si mesmo, acontecimento marcante para a vida de qualquer jornal.

Que essa regularidade o seja ao serviço das grandes causas, como aquelas que o Evangelho aponta e a Diocese da Guarda procura aplicar no contexto geográfico e social em que nos encontramos, não é de menor relevância.
Que esta regularidade de publicação inclua um estatuto editorial inteiramente voltado para a dignificação das pessoas, das famílias e das instituições em geral é outro importante factor que merece ser celebrado.
Por isso, parabéns ao jornal “A Guarda” por este seu notável percurso de serviço à comunidade inspirado no humanismo que brota das páginas do Evangelho.
Claro que a grande causa da promoção e dignificação das pessoas, das instituições e das comunidades, nomeadamente as nossas comunidades locais, é uma causa sempre transversal, que pede o maior envolvimento de todos os parceiros sociais. E à cabeça deles tem de estar a instituição familiar. De facto, hão-de ser as famílias o parceiro cada vez mais privilegiado do nosso jornal “A Guarda”. Com elas há-de procurar dialogar sempre e cada vez mais para as ajudar a assumir a insubstituível responsabilidade da promoção humana e social.
Para o dia mundial das comunicações sociais deste ano, o Papa Francisco escolheu o tema “Dialogar em Família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor”.
A família é, de facto, esse espaço insubstituível de protecção e aconchego, que, de alguma maneira, continua o ambiente iniciado no próprio seio materno. É o ambiente de estabilidade e de proximidade de que as pessoas precisam para descobrirem capacidades, afinarem critérios, desenvolverem projectos de acordo com essas capacidades, partilharem recursos e disponibilizarem cooperação para as grandes causas.
Do nosso “A Guarda” espera-se que, quer pela via da informação, sempre necessariamente selecionada, quer pelo exercício da opinião e sobretudo pelo caminho da atenção às situações que mais condicionam a vida das pessoas nas nossas comunidades, possa contribuir para a criação de personalidades verdadeiramente livres e determinadas. É o processo de promover iniciativas baseadas em decisões criteriosas verdadeiramente capazes de abrir portas ao futuro das nossas terras e  dos nossos ambientes que está em causa e que temos de manter sempre na agenda dos agentes da intervenção social, como este jornal quer ser.
Para continuar este seu importante trabalho e quanto possível aprofundá-lo, “A Guarda” há-de saber continuar a apostar no precioso valor da proximidade, procurando sempre reduzir distâncias, sobretudo na medida em que sai ao encontro dos ambientes e das situações variadas que condicionam e muitas vezes determinam a vida das pessoas e das famílias. E para essa proximidade é decisiva a rede dos seus colaboradores. Deles depende que cada edição semanal se aproxime o mais possível da vida real das pessoas e das instituições, o que é da máxima importância sobretudo para uma publicação, como a nossa, de carácter regional.
“A Guarda” tem consciência de que, com a sua marca de jornal de inspiração cristã e carregando com a responsabilidade de interpretar, o melhor possível, o sentir da comunidade diocesana, constitui para os seus parceiros da comunicação social uma referência no tratamento das temáticas religiosas e particularmente da nomenclatura ligada à vida da Igreja. Como sabemos, faz parte do jornalismo de qualidade tratar cada assunto com a linguagem e a terminologia que lhe são próprias. E também a Igreja, como instituição bimilenar e com as suas formas de presença nas nossas comunidades e instituições, tem a sua organização própria e terminologias apropriadas às suas distintas manifestações e propostas. Conhecer com o devido rigor as linguagens e terminologias ajustadas ao específico de cada realidade tratada é competência indiscutível do bom profissional que se preza.
Finalmente pensamos que há um novo desafio que hoje se coloca a todos órgãos de comunicação escrita. É a sua relação com outros meios de comunicar que abandonam o papel e se fixam exclusivamente no som e na imagem, com transmissão virtual.
Também aqui há uma responsabilidade específica que precisa de ser assumida. Os antigos diziam e cito em latim “verba volant, scripta manent” (as palavras voam a o que é escrito permanece). E nas palavras incluímos também a imagem. Na realidade, as palavras e sobretudo as imagens podem impressionar de imediato mais do que os escritos, mas, se queremos promover o pensamento, temos de saber fixar o que se diz por mais tempo e isso só o tem conseguido, pelo menos até agora, a escrita. Por isso é que o actual abandono da leitura, muito generalizado, tem levado muitas pessoas, jovens e menos jovens, a desligar-se da superior arte de pensar por si próprias, mesmo continuando a agitar a bandeira da autonomia e da liberdade individual. E todos sabemos que fortalecer a arte de pensar é a melhor e mais eficaz forma de gerar dinamismos de futuro sustentável para as pessoa e para as sociedades.
A terminar, damos graças a Deus pelo notável percurso do jornal “A Guarda”, ao serviço do bem comum que procurou sempre promover da melhor maneira para as pessoas e as instituições das nossas terras, ao longo dos seus 111 anos de vida e pedimos para a sua administração e a equipa dos seus colaboradores o melhor discernimento para saberem interpretar, no aqui e agora da nossa história, o dever universal de contribuir para a promoção de cada pessoa, de todas as pessoas e para a máxima comunhão entre elas.

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