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O VALOR DO QUE SE FAZ E DESFAZ

No “Hall” de um hotel da vila onde resido, por capricho da gerência,

estão escritas uma série de quadras poéticas carregadas de sabedoria popular. Na sua maioria estão identificadas com a autoria do sábio poeta algarvio António Aleixo. No entanto aquela que aqui alimenta este meu tema está coberta pelo anonimato. Após algum tempo de pesquisa, não consegui certificar-me se a mesma se relaciona com Aleixo, admito que sim, porque a sua filosofia é em tudo idêntica, mas também não ponho de lado que venha de outro pensador e preferiu ser anónimo para a tornar mais popular.
Seja como for a sua origem tem o meu apreço, pois realça com atualidade o que se passa nos dias de hoje, o que se passou e o que estará para acontecer, pois o pensamento do ser humano ao longo dos milénios, nunca valorizou o mais importante. Ora a quadra apresenta o seguinte teor: Nunca recebeu tantos louros/O professor educando,/Como na praça de touros/O toureiro… toureando.
Refleti sobre este texto rimado e concluí que tem toda a expressão no mundo em que vivemos. Vejo aqui a figura do professor a identificar todos aqueles que lutam por uma sociedade mais próspera e justa, e acima de tudo aqueles que dão formação intelectual e profissional aos que necessitam de ganhar a vida honradamente e sem mácula.
Quanto ao toureiro, por quem tenho o devido respeito, uma vez que até sou aficionado, aparece aqui como um Deus idolatrado pelo povo, demonstrando o seu engenho e bravura onde a destreza domina a força. Esta espetacularidade cria delírio a quem o presencia, cuja adrenalina se transforma num verdadeiro ópio que arrasta multidões, apenas com o desejo de durante algum tempo se esquecerem de alguns percalços que a vida lhes ofereceu.
Nesta comparação que vos deixo, é bem visível o proveito alheio que existe entre estas duas atividades. Na primeira todos colhem, já na segunda só alguns e carregados de agiotagem e especulação. Colocam o valor ao preço mais conveniente, sobem e descem no mercado de uma bolsa, onde só tira proveito quem a manobra.
A palavra dada, já perdeu o seu valor há muitos anos, penso que desde o tempo em que se deixaram de vender bois, pois honrava-se a palavra com a expressão:- Palavra dada bois vendidos. Só que, agora, chega-se mais longe. Com a palavra pretende-se inutilizar uma assinatura legalizada para efeitos de um negócio, onde os valores atingem determinados montantes convenientes à exploração.
Neste sentido figurado chego ao tal mercado dos senhores da “Bola”. Não dos que jogam, pois esses não passam de simples mercadoria, mas daqueles que traficam influências, movidos pela tal percentagem que movimenta milhões.
No ano que decorre a indústria do futebol alcançou realidades que até agora apenas se viveram em sonhos e fez dela o maior veículo de receitas a entrar em Portugal vindas do estrangeiro, só que a grande questão coloca-se, os valores são divididos por poucos bolsos, donde resulta que o contributo dado à economia nacional seja diminuto, comparativo com as demais atividades.
O que acabo de afirmar vai passando despercebido, porquanto a maioria dos portugueses gostam do futebol e de uma clubite exacerbada, mas aqueles que não gostam agoniam-se com estas coisas por não verem o jogo limpo.
Como vem a talhe de foice, uma amiga que tenho e que reside na vizinha cidade da Covilhã, não pode com o futebol e segundo a sua versão, com uma certa razoabilidade, é uma prática muito fértil em conflitos e onde poucos se entendem. Mas com estas condicionantes, é mesmo uma fã incondicional do Cristiano Ronaldo, intitula-se como a primeira.
Como eu não compreendia inicialmente este paradoxo, resolvi pedir-lhe a devida explicação.
A resposta foi pronta. – O Cristiano Ronaldo, no meu ponto de vista, é um homem galante e musculado.
E esta hem?

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