A imprensa regional teve, em tempos, uma presença notória e relevante junto das populações, em particular regionais. A informação que chegava de forma lenta às zonas periféricas, era difundida pelos vários meios de comunicação locais, como jornais ou rádios.
Ao longo dos anos, e com a informação a migrar para os meios digitais, a imprensa regional foi a que mais sofreu, em particular por não possuir meios que lhe permitissem acompanhar um mundo informativo moderno e mais acessível. A informação tornou-se cada vez mais rápida, imediata e, principalmente – em grande parte – gratuita. Para as despesas inerentes a um jornal ou rádio regionais, a sobrevivência de muitos foi posta em causa e resultou mesmo no fecho de grande parte dos jornais e rádios locais.
Os que sobrevivem, com muito mérito, precisam de se reinventar. Contudo a rapidez de comunicação, a divulgação imediata de eventos e acontecimentos e as comunicações cada vez mais estreitas podem ser ameaças, mas são também pontes fundamentais e relevantes para o trabalho jornalístico local.
Se é verdade que o panorama nacional é de um imediatismo, força e diferenciação reservada a alguns, é também verdade que o trabalho feito localmente, em particular no interior do país, conta com a imprensa regional para a sua divulgação e promoção. O público é segmentado e específico, com ligação emocional e afetiva à região e, com isso, com grande abertura a uma comunicação específica. Também por isso os Municípios de interior continuam a apostar em publicitar os seus eventos e iniciativas nestes meios, que restringe o seu público com real interesse nas iniciativas.
Se é verdade que facilmente o cidadão sabe o que aconteceu, também é verdade que é o papel da imprensa o de divulgar os factos de forma completa, detalhada e rigorosa, complementando a informação previamente conhecida e que pode, em certo ponto, ser escassa ou até incorreta. Continua o trabalho jornalístico a ter um papel preponderante no relato dos factos da forma mais correta e imparcial possível.
Numa outra perspetiva, a longo prazo, a imprensa regional é, e sempre foi, uma essencial fonte de arquivo, com a preservação de memórias que, num meio digital, facilmente se dispersam no tempo.
É cada vez mais importante num mundo tão aberto haver um trabalho segmentado, que fale diretamente com a população local, com os seus reais interesses e preocupações. É um trabalho difícil, é certo, mas muito nobre e, por isso, se torna tão essencial glorificar e enaltecer os que, nos dias de hoje, se mantêm firmes na sua missão de promover e divulgar as regiões, as suas pessoas e os seus acontecimentos.
Presidente da Câmara Municipal de Manteigas
Flávio Massano