Com o calendário a mandar, cá estamos nós a virar o mês de outubro para entrar em novembro.
Muito embora se diga que os dias estão a tornar-se dada vez mais pequenos, não deixa de ser verdade que é neste final de outubro que temos o maior dia do ano. Estou a falar do dia vinte e nove, que é o último domingo do mês, em que temos que mudar para a hora de inverno. Como se atrasa uma hora ao relógio, logo este dia é o único que conta vinte e cinco horas. Nunca vi escrito, em que este dia fosse o maior do ano, mas pelas minhas contas não me restam dúvidas.
Pessoalmente não gosto do horário de inverno, tem as tardes muito curtas, o que faz com que eu fique por vezes embaralhado em certos compromissos que assumo. Todavia são coisas de pequena importância, pois o tempo de eu assumir grandes responsabilidades já perdeu o prazo de validade.
Dentro desta circunstância temos que entender o dia de inverno como uma manta curta, puxa-se para um lado destapa-se do outro. Estende-se a manhã, encolhe-se a tarde. O espaço solar é sempre o mesmo, quer se mexa ou não na hora.
Já o último dia do mês que falamos, que é o trinta e um, tem um certo significado, pois estamos a falar do dia mundial da poupança, dia mundial das cidades, dia da dona de casa e a noite das bruxas, que nos tempos mais modernos tem tido manifestações curiosas e importadas, pois não têm raízes na nossa tradição.
Como o tempo não tem parança lá entramos nós em novembro. Logo no dia um tem um dia santo de guarda, como eu ouvia dizer em tempos idos aos idosos que ainda por cá estavam. Hoje pouco ouço dizer essa referência, mas estou a falar do dia de todos os santos, em que são evocados, no meu entender todos aqueles que ficaram no anonimato. Também é considerado o dia do veganismo que agora está a aumentar o seu número de adeptos.
Também temos que ter em conta de que de norte a sul do país acontecem muitas feiras anuais denominadas como “Feira dos Santos”. Aqui pela nossa região têm grande destaque a feira de Mangualde e a de Pinhel. Embora com menos envolvimento temos ainda que referenciar a de Caria, com certa importância para o norte da Beira Baixa.
No dia seguinte é o dia de Finados, com a comemoração a todos os fiéis defuntos. Aqui e no meu ponto de vista perdeu-se algum significado, dado que esse cerimonial por norma antecipa-se para o dia anterior por haver maior disponibilidade devido ao feriado. Estou a falar nas visitas aos cemitérios que é a acção mais visível. No campo religioso não me sei pronunciar, pois não me recordo de alguma vez ter entrado num templo para qualquer cerimónia a dois de novembro.
Esta data também é considerada o dia internacional para o fim da impunidade de crimes contra jornalistas.
Em termos gastronómicos este período tem certas particularidades, As feiras são autênticos chamarizes para as febras assadas na grelha e ao ar livre, ajudadas a empurrar com uns copos de tinto que já cai muito bem com a fresquidão já própria da época. Estão em voga os míscaros, um pitéu que vai escasseando e a castanha atinge o auge nesta época. Já no que toca a beber, o vinho novo ainda ferve, não está em condições de se beber, mas a jeropiga que já está lisa alegra muito bem a alma de muitos durante a degustação da castanha assada. Já que o vinho velho, se ainda se mantiver sadio, anima aqueles que se vão deliciando com os sabores da carne.
Assim vai avançando o outono aos poucos e arrefecendo até ao equinócio de inverno. Aos pucos vamo-nos acostumando ao frio que não tarda em chegar.
Agora espero estar aqui no dia nove de novembro, cuja data em muito respeito, pois estou a falar dia internacional contra o fascismo e anti-semitismo. Também se celebram trinta e quatro anos do derrube do muro de Berlim.
Até lá paz e saúde para todos. Aquele abraço!