No fim de semana em que escrevo este texto, milhões de portugueses estarão fechados em casa, em núcleos familiares restritos ou até sós,
se forem mais idosos, enquanto algumas centenas vão poder reunir-se em Congresso, num concelho de risco elevado, pelo número de casos ativos de Covid-19 que tem. A partir de muitos pontos do país vão deslocar-se militantes de um partido político para Loures, como se fossem imunes ao vírus ou como se gozassem de um estatuto superior aos restantes portugueses. Nós, os comuns mortais, só podemos viver até à 13:00h. Mas, claro está, as pessoas com um cartão de militante adornado pela foice e martelo podem andar por aí à vontade e reunirem-se todos ao molho e fé em Deus.Dizem eles que é para “darem o exemplo”…! Será exemplo de leviandade ou de arrogância?Para mais, ao jeito de castigo, os que estão obrigados a permanecer fechados em casa ainda têm que suportar com os diretos televisivos do pavilhão de Loures. Como se ali houvesse algo a decidir, ou sequer votos ou eleições livres.Qual vacina qual carapuça, basta aderir ao PCP, ser detentor do respetivo cartão de militante e estás vacinado. O cartão deve ser emitido com antivírus. Também tem associados anti respeito pelas liberdades individuais, anti respeito pela propriedade privada e software pró Coreia do Norte, com links diretos para os níveis de pobreza da Venezuela e Cuba.Imaginem a sensação de estar confinado em casa, ser obrigado a manter o negócio fechado em época de compras de Natal, não se poder deslocar para concelhos vizinhos e, em contrapartida, ser confrontado com a revoltante imagem que consubstancia a primazia cega da ideologia política de extrema-esquerda, em detrimento do respeito pelos cidadãos em geral, pelos profissionais de saúde, pelo tecido empresarial, pelos pequenos comerciantes e profissionais liberais?É duro e apenas me ocorre um vocábulo: VERGONHA!De uma outra espécie de antivírus também se goza na Assembleia da República, ou até da negação da existência do coronavírus e de uma grave crise económica e social, uma vez que, enquanto os portugueses anseiam por respostas para questões tais como:- Com a crise económica, também virá uma crise financeira?- Vamos ficar novamente nas mãos dos credores internacionais?- Será que no início do próximo ano vou continuar a ter emprego?- Quando poderei voltar a abrir o meu comércio em condições normais?- O que faço se os meus filhos não puderem ir à escola?- Quando se inicia o programa de vacinação para a Covid-19?- Vai haver vacinas para todos?- Quais vão ser os grupos prioritários no acesso à vacina?O parlamento, durante o debate do Orçamento de Estado, ocupou o seu tempo a discutir questões como:- As microesferas de plástico em detergentes e cosméticos.- As escovas de dentes de bambu.- O IVA da banha de porco.- A comunidade de cavalos-marinhos.Ou- As embalagens do take-away dos restaurantes.O pior é que muitas destas matérias foram aprovadas. Nalguns casos com requintes de malvadez, como foi o caso da taxa de 30 cêntimos para as embalagens de take-away dos restaurantes, numa altura em que este é um dos setores mais fustigados pela pandemia.Perguntarão os portugueses e com toda a razão: E o país? E as nossas vidas?No dia 25 de Novembro celebrou-se a restauração da Democracia em Portugal. Depois do 25 de Abril de 74 ter acabado com a Ditadura do Estado Novo, o 25 de Novembro de 1975 permitiu a derrota da extrema-esquerda militar que tinha agitado o país durante o Verão Quente e a implementação do Estado de Direito e da Democracia em Portugal com a aprovação da Constituição da República a 2 de Abril de 1976 e as primeiras eleições legislativas a 25 de Abril de 1976. É precisamente porque muitos se recusam ainda hoje a celebrar o 25 de Novembro que se torna essencial fazê-lo. Há partidos que viram em Abril a possibilidade de passar diretamente do Estado Novo para o Pacto de Varsóvia. Desconfiemos sempre de todos aqueles que enchem demasiado a boca com a palavra democracia. Têm instalado o antivírus contra a própria Democracia.A extrema-esquerda nunca conseguiu derrotar a Democracia, nem conseguirá. Pela simples razão de que nunca atingiu o objetivo de cancelar o antivírus ao marxismo, ao estalinismo, ao maoísmo, trotskismo e a outros ismos que a própria Democracia tem. Foi esse antivírus que esteve presente no 25 de Novembro e que neste fim de semana não está no pavilhão de Loures.