Ora já contamos meia dúzia da dúzia de meses que o ano tem.
Por isso o primeiro meio ano está vencido, que quase na sua totalidade coincide com os dias a crescer e como tal as noites a diminuir. Por curiosidade acabamos de vencer a parte mais pequena uma vez que o ano tem a particularidade de se dividir em duas metades em que não são iguais. Embora sejam iguais em número de meses, já em quantidade de dias diferem, pois no ano em que vivemos e que é comum o primeiro semestre conta com cento e oitenta e um dias, enquanto que o segundo conta com mais três dias. No caso o ano bissexto a diferença apenas é de dois dias, pelo facto de o tal dia vinte e nove que só vem de quatro em quatro anos aparecer no segundo mês do ano.
Estamos a entrar numa fase em que as colheitas começam a ganhar força muito em especial desde as ceifas até ao tempo em que se recolhe a azeitona já na parte final do ano e por sinal com os dias bem destemperados com o frio que nesse tem já joga em sua casa.
O poder de compra dos portugueses por sinal é mais elevado no segundo semestre e grande parte das nossas gentes trabalha menos. Isto porque muitas das empresas fecham em agosto para férias, logo há menos um mês para dar ao pedal e que por sinal será pago em dobro, uma vez que é acrescido do subsídio de férias. Por outro lado este semestre tem ainda outro prémio que é o subsídio de natal. Contas feitas, trabalha-se cinco meses e recebem-se oito.
Esta situação faz-me recuar quarenta anos no tempo em que numa conversa mantida com célebre empresário ligado ao sector corticeiro, me afirmava: – Eu tenho que ganhar o ano até trinta de junho, pois a partir daí as férias e os subsídios absorvem toda a rentabilidade dos cinco meses em que há laboração.
Nos tempos que agora vivemos há pessoas que me dizem que já não é assim. Acredito, mas posso afirmar que quem como eu está na situação de aposentado continua a receber o equivalente a oito mensalidades no segundo semestre.
No aspecto agrícola e em anos em que o clima não seja avesso à produção, a economia também sobe pois tem de se escoar o que se colhe e dentro disso há entrada de dinheiro no bolso de quem produz.
Ainda no âmbito agrário, costumamos dizer que pelo São Miguel é que se fazem as contas da produção do ano cuja data é a vinte e nove de setembro e aí se poderem avaliar as perdas e os ganhos. Pois por mais que se queira nunca corre tudo a favor. Há culturas que preferem uma determinada temperatura bem como a humidade e outras perfeitamente ao contrário. Estamos com a tal estória de sol na eira e chuva no nabal. Depois de tudo conferido é que se fica a saber da rentabilidade total. Para lá desta data ficam pendentes a produção da castanha, do azeite, bem como a qualidade dos vinhos que já têm um significativo peso na economia portuguesa
Também acontece que no segundo semestre é quando se registam as grandes transformações na vida social. Arranca o novo ano académico em todas as camadas ligadas ao ensino. Começa também a época desportiva, em que tantos corações vibram neste país.
A segunda metade do ano também tem datas importantes, tanto no sagrado como no profano. Além de grandes romarias e feiras por todo país, tem datas que são celebradas por todos os cantos deste nosso Portugal. Estou a falar do dia de Todos os Santos, do São Martinho e da quadra natalícia onde o movimento das pessoas se intensifica nos mais variados destinos.
Também merece uma atenção a culinária desta época, pois além das castanhas que com a nossa jeropiga nos adoçam o estômago, há os doces e bolos muito apreciados feitos nesta altura onde os marmelos e as abóboras se tornam reis. Tudo isto sem falar da doçaria tradicional do Natal bem como dos seus pratos típicos.
Fico por aqui. Creio que vos abri o apetite e devorem um bom chocolate.
Haja saúde e boa disposição para todos nós e até à próxima quinzena.