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Jornada em contrarrelógio

Chegamos ao fim desta longa corrida

, que no desporto-rei tem a designação generalizada de Campeonato Nacional. Oficialmente esta competição vai mudando de nome com a mudança dos tempos, entretanto a denominação de campeonato nunca se perdeu, entre os apaixonados da modalidade independentemente do emblema que defendam.
Este ano teve a particularidade de a segunda circular separar os possíveis candidatos ao troféu, sendo festejado como “tri” onde quer que fosse a festa, coisa que nunca aconteceu. De um lado o Benfica a somar dois mais um, de outro lado o técnico leonino Jorge Jesus a fazer as mesmas contas, com o privilégio de a sua equipa quebrar o seu segundo mais longo jejum.
Com as partidas anunciadas, lá se disputou um contrarrelógio mano a mano, que fantasiando um pouco, pelo equipamento me faziam lembrar antigas disputas entre dois grandes ciclistas, Alfredo Trindade e José Maria Nicolau. No arranque já se sabia que havia um favorito, só que um furo também pode acontecer e lá vai o tempo ganho à vida.
Mas, se me permitem, deixem-me falar de futebol e da minha maneira de o ver. O “tri” que estava em disputa ficou no historial da equipa encarnada, por sinal que tem maior número de sequências de três, muito embora o Sporting, numa das duas que tem, alongou uma delas para o “tetra”, coisa que nas conquistas do Benfica, ainda não consta.
Também entendo que o Campeonato Nacional é uma competição de regularidade durante a época e quem no final tiver o somatório de pontos mais elevado é o vencedor. Já não acontece o mesmo na taça de Portugal, que só se ganha com vitórias. Quem pratica melhor futebol? Bem aqui deixem-me citar um dos grandes do futebol português, Fernando Gomes, goleador-mor do Futebol Clube do Porto, que definiu o golo como o orgasmo do futebol. Ora, se o prazer máximo do desporto-rei está nos golos, logo a equipa mais goleadora é a que pratica melhor futebol. Aliás esta afirmação até tem o regulamento como base, em caso de igualdade entre golos marcados e sofridos beneficia-se o melhor ataque.
Isto faz com que eu conteste as afirmações que surgem dos lados de Alvalade em que são os próprios a intitularem-se como “ donos” da equipa que melhor futebol pratica. Como veem a minha leitura não diz isso, o campeonato foi ganho pela equipa que mais golos marcou, contando ainda com o melhor goleador da prova no seu xadrez. Para além da evidência da maior diferença entre os golos marcados e os sofridos.
A equipa que perdeu o campeonato na última jornada, também diz que em dérbis, foi a vencedora, pois em igualdade pontual tinha vantagem sobre os restantes candidatos. Só não diz é que perdeu o campeonato na sua própria casa, precisamente com o Benfica, que chegou nesse jogo à liderança e nunca mais perdeu pontos, pelo que não permitiu que forças estranhas empurrassem a máquina sportinguista. Também se entende que há verdades, que ficam melhor no bolso.
Outra coisa que as hostes de Alvalade esqueceram, sobretudo os “comandantes”, foi a ética desportiva. O futebol é, ou pelo menos deve ser um desporto onde o respeito mútuo deve imperar. Quando estamos a enaltecer o adversário e se lhe conseguirmos ganhar, a nossa equipa é indiretamente mais enaltecida, se por acaso a achincalhamos e perdemos uma competição para esse rival, em que lugar nos devemos colocar? Além do mais, este jejum sportinguista está a ser longo e isso prejudica o futebol português, que precisa de mais ação e menos palavras, porque muitas das vezes pela boca morre o peixe, palavras que não são minhas mas que já as cá encontrei.
E a propósito do “FERRARI”? Bem, há já bastantes anos que na Calçada de Carriche houve uma corrida entre um “FERRARI” e um burro e, se bem me lembro, o burro chegou primeiro. Pois perante isto, eu digo, talvez haja quem os tenha e não os saiba conduzir, outros sabem, mas não têm as pistas para acelerar.

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