Dentro do ritmo a que o calendário avança e seguindo o conselho que o popular artista Quim Barreiros nos diz, já deixamos para trás o melhor dia para casar. Entrou agosto, um mês de que tanto se espera. Uns para recuperar energias em período de descanso, outros que esperam ver os seus familiares e ainda a evolução económica no sector do turismo, pois aumentam o número de pessoas em trânsito, em alojamento e em restauração. Todos estes elementos dão um impulso à economia, pois não deixa de ser este mês uma referência de todo o ano relativamente à atividade turística.
Também é um mês forte nas festas populares que se realizam pelas mais diversas localidades, onde não faltam as vozes do divertimento, para alegrar os que chegam de passagem e os que estão, embora poucos, em permanência. Aqui também se saúdam aqueles que aqui se encontram, depois de longos anos, uma vez que o destino os levou para as mais diversas partes do mundo em busca de uma vida melhor. Dentro disto há sempre à sempre alegria, pois os que estão de passagem, já não têm ocupação e daí se vão dedicando ao lazer.
A primeira geração de emigrantes, não tinha este modo de vida, pois ainda cá tinham algo para arranjar a fim de melhorar as suas condições futuras. Agora já está tudo feito haja diversão, pois para trabalho tem o ano onze meses.
Mas deve ficar claro que grandes eventos a nível nacional também têm lugar em agosto. Aqui a nível mais regional merecem destaque os festejos do Senhor do Calvário em Gouveia e os de São Bartolomeu em Trancoso. Aqui estou a falar sobre o meu ponto de vista e relacionando com a nossa região, pois se alargar os horizontes mais havia a destacar.
Mas para chegar aqui, não devemos esquecer o que a ponta fina de julho nos deixou. Deixou-nos um calor tórrido, que me obrigou a apanhar a descoberto quarenta e dois graus centígrados. Talvez na minha juventude e nos trabalhos agrícolas, tivesse apanhado temperaturas semelhantes, só que não se conheciam, apenas se dizia: Está muito calor!
Felizmente chegou o dia da da Galiza, estou a falar de São Tiago, num dia importante para a agricultura, pois segundo a filosofia popular, pinta o bago e que também é dia de São Cristóvão, conhecido pelo patrono dos motoristas, que graças ao nosso desenvolvimento são cada vez mais. Quero com isto dizer que a partir desse dia, os valores da temperatura para a época vieram ao normal. Evidentemente que se não sentisse calor não estaríamos em pleno verão, nem a esperar o melhor proveito das colheitas. Aí temos que dar a razão ao nosso povo, que desenganadamente diz:- Tudo se quer no seu tempo, como os nabos no advento.
Temos que ter em conta que o tempo diurno está a perder espaço, a inclinação solar torna-se menos acentuada, logo as noites vão refrescando e o tempo vai sempre resfriando até chegarem as águas novas, que se identificam muito com a chegada do outono, que chega na parte final do mês seguinte. Estou a falar de setembro e aqui a enquadrar-me no mês de agosto: – Isto para me tornar mais entendido.
Não é por acaso que o nosso povo no seu saber ancestral, repete muitas vezes a sentença popular: – Em agosto já se sente o frio no rosto. Em meados do século passado, quando eu trabalhava com uma debulhadora junto das medas de centeio, quando o clima não era o mais propício também ouvia dizer. – Quem malha em agosto, já malha com desgosto.
Hoje o calor já não dificulta tanto as tarefas agrícolas, o trabalho braçal está muito mais reduzido, a maquinaria evoluiu e aqueles serviços que eram mais violentos já se realizam a ar condicionado. Ainda bem que assim é, pois com menor esforço atinge-se uma maior rentabilidade.
Disse aqui aquilo que sinto no momento actual. Aliás não estou aqui para servir a opinião de ninguém, desde que não seja a minha consciência. De outro modo eu não estaria aqui, pois apenas digo o que sinto. Despeço-me de todos vós com a mesma amizade de sempre.
Voltarei a vinte e nove deste mês. Boas férias e haja saúde para todos nós.
Zé Albano