As festas já acabaram, mas o ser humano não vai perder a oportunidade de tornar festivos os dias do calendário.
A publicidade encarrega-se de nos condicionar e de criar um ambiente para nos sentimos felizes a consumir e a usufruir o que nos propõe, sem darmos conta da influência que esta nova ciência exerce sobe a nossa mente.
Não deixa de ser interessante constatar que é nos últimos meses do ano que se concentram acontecimentos para nos ajudarem a passar uma estação do ano em que o tempo é menos ameno.
Em fins de outubro, princípios de novembro, o Halloween, uma festa que se vai introduzindo também na Europa. De origem celta, foi nos Estados Unidos que assumiu uma grande importância. Todo o espaço público, comercial e mesmo privado é invadido por uma coorte de personagens macabras, esqueletos arrepiantes, máscaras iluminadas com fundos de abóboras com o fim de provocar admiração aos mais curiosos, medo e terror às crianças e a alguns incautos que pouco a pouco procuram entrar no jogo e admirar as cenas repletas de imaginação.
Uma vez encontrei-me naquele país por esta ocasião e, inocente nestes cenários de provocar terror, fui também eu apanhado nestes enredos. Ao entrar na casa da minha filha, após ter fechado a porta, um esqueleto todo pegajoso e asqueroso colou-se ao meu corpo como se me quisesse levar para o mundo infernal de onde tinha saído. Felizmente que me acudiram rapidamente para me descolar daquele intruso, se não teria ido desta para melhor.
O bichinho publicitário não pára e, mal recompostos dos sustos do Halloween, já estamos a festejar o “Black Friday,” o dia dos saldos, mais uma outra invenção dos Estados Unidos instaurada pelos primeiros colonos do Novo Mundo e que se situa no dia seguinte à festa do “Thanksgiving.”
Nalguns países do norte da Europa, celebra-se a festa de São Nicolau no dia 6 de dezembro. É, por excelência a festa das crianças que admiram este santo, velho, corcunda, de barba branca, com vestes rubras de bispo, de mitra e báculo, ao passear pelos supermercados ou sentado num trono nas escolas, a distribuir guloseimas aos mais pequenos maravilhados ou amedrontados, que se portaram bem durante o ano, sob o olhar ternurento dos pais que não perdem a oportunidade para imortalizar candura do momento.
Chegados ao Natal, a festa religiosa passa quase despercebida porque a “matracagem” da publicidade comercial faz-nos esquecer a magia e a ternura do nascimento de um Deus-Menino. Com o frenesim das compras dos presentes para os familiares nem nos lembramos da origem desta festa cristã.
O nervo comercial não perde nenhuma oportunidade, pois é na altura de Natal, quase todo o mês de dezembro, que as ruas se enchem de tendinhas para nos introduzirem num ambiente de festa, com uma multidão nas ruas, à procura de comprar futilidades, produtos regionais de várias origens geográficas ou saborear de pé uma ou outra iguaria que faz o regalo de grandes e pequenos. Como diz o meu neto: “não temos necessidade de nada, mas temos de comprar.” Alguns mercados de Natal já se tornaram famosos, como os da Alemanha, sobretudo o de Aix-la-Chapelle, e também o de Bruxelas ou o de Estrasburgo.
O frenesim continua com a passagem de ano. No meu tempo, havia a tradição de fustigar o ano velho, fazendo barulho com os tachos para o afugentar bem longe e dar lugar ao ano novo que chegava na esperança de nos garantir saúde e bem-estar.
Pouco a pouco, e em certos meios sociais, instaurou-se a tradição de fazer a passagem de ano em hotéis com a família e amigos, na abundância de requintados manjares e de excelentes e abundantes bebidas porque não se pode fazer má figura ao regressar de automóvel para casa.
As tradições ainda não terminaram com as festividades de Natal e Ano Novo. Os espanhóis concentram-se sobretudo na festa da Epifania, esquecida entre nós e na maior parte dos países.
São Valentim lá está no calendário á espera da celebração mágica do amor. Outros olham já para o Carnaval e para outras festas inseridas no calendário para tornar festivo o quotidiano.