FINAIS DE ABRIL

O tempo segue a marcha sempre com a mesma cadência.

Esta frase faz-me lembrar uma canção que há mais de cinquenta anos se entoava por toda a lusofonia, mesmo no mercado da saudade, onde se cantava “o carteiro” criado por um afamado conjunto de então, “O António Mafra”Esta regularidade faz com que o tempo vá passando e a natureza nos vá maravilhando, quer com a beleza das suas cores pela floração vegetal, quer pelos frutos que depois nos vão chegando.Ora acontece que estamos em finais de abril, na nossa região os grandes espaços floridos já largaram as pétalas, ou estão em vias disso, para que as árvores nos ofereçam o fruto, que está contido na sua própria essência.Em finais de abril, abalam a flores, mas chegam as primeiras cerejas, que em tempos, antes de haver as grandes cadeias de distribuição era o primeiro fruto a chegar e como tal em épocas mais recuadas era sempre uma alegria para aqueles que de barriga vazia, se viam forçados a deitar a mão ao alheio.Desde a cereja à castanha o campo é pródigo de fruta, por isso atribui-se a alguns malteses que calcorreavam o mundo em busca do que lhes garantisse o sustento, o seguinte comentário: – do cerejo ao castanho, bem me amanho! Mas do castanho ao cerejo mal me vejo.Nas décadas mais recentes, tem-se dado muito valor ao cultivo da cereja. Há zonas em que é considerada como o verdadeiro ouro local, como é os casos de Fundão e Resende. Embora o concelho da Cova da Beira seja o principal centro produtor, Resende ganha sensivelmente uma semana na maturação e a respectiva colocação no mercado. Por curiosidade digo-vos que tem a dois passos a freguesia de Penajóia, embora no vizinho concelho de Lamego, que é onde amadurecem mais cedo as cerejas de toda a Europa.No entanto outros concelhos vão valorizando cada vez mais este fruto, pois além dos concelhos que citei, outros há que destacam a importância na qualidade como na produção. Estou a mencionar Proença-a-Nova, o concelho mais a sul, bem como Alfandega da Fé e Macedo de Cavaleiros, no nordeste transmontano, em cujos solos a cerejeira se adapta em boas condições e produzindo grande qualidade.Como o preço desta fruta é proveitoso, o seu produtor vai sempre procurando novas castas de modo a fazer subir a sua rentabilidade. Outras vão escasseando ao ponto de pouco serem vistas.No distrito da Guarda têm certo peso económico no vale do Mondego, na freguesia da Rapa do concelho de Celorico e em Freches no concelho de Trancoso.Uma grande particularidade tem este fruto na sua comercialização, vende-se desde as grandes superfícies comerciais, nos mercados tradicionais, nas mercearias de rua, bem como nas bermas da estrada. Em todo lado se compra, pois aí há sempre quem venda.Em tempos, eu dizia que o que se comprava mais caro em produtos agrícolas era o caroço da cereja. Hoje já não estou da mesma opinião, pois tudo quanto sei, do mesmo obteve-se uma actividade medicinal que em travesseiras vão-se debelando certas moléstias. Também se diz que o pé, do fruto, tem propriedades anticancerígenas, segundo um conceituado cientista Fundanense. Sendo assim podemos considerar a cereja a rainha do nosso pomar. Segundo o cientista-mor do nosso mundo, nada se perde, nada se cria tudo se transforma. Sendo assim, temos que que ter a cerejeira como uma árvore medicinal. Evidentemente que nem tudo assim é. Muitas das produções passam-me ao lado, mas por muito que eu saiba também não tenho obrigação de saber de tudo.Dizer o que vai na alma! Acham pouco, chamem-me atenção para eu poder reflectir e poder melhor estar entre vós. Por aqui me fico, em maio eu voltarei com outra conversa. Sabe-se lá o quê?Um abraço!

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