Com a mesmo cadência de sempre, cá estamos nós a caminhar no percurso anual.
Sem darmos muito conta disso, já vencemos mais de metade do segundo mês, por sinal o mais pequeno, mas muito bem dotado de rabugices que lhe são características.
A par desses defeitos tem coisas maravilhosas, a própria natureza começa a renovar e as flores começam a despontar na vegetação que ali se encontra hospedada.
De toda a floração que aparece nesta época, aquela que mais chama visitantes até nós, é a flor da amendoeira, que vai embandeirando os socalcos do rio Douro, bem como outras margens de linhas de água que lhe são adjacentes.
No que concerne à culinária, também é neste mês de fevereiro, que começam a aparecer as feiras de queijo com a sua cobertura mediática, que leva as imagens a todo o Mundo, mas que o seu paladar, privado de voar, fica apenas ao alcance dos que passam, param e provam.
Há quem não seja apologista destas emissões televisivas, pois em proveito do entretinimento, dizem essas pessoas, relegam o nosso ouro amanteigado para segundo plano. No entanto temos que entender que a divulgação é o melhor meio de comunicação de um bem, entre o produtor e o consumidor.
Também não deixa de ser proveitoso para nós que vivemos cá, por estas terras abandonadas, termos alegria de algum acesso ao ecrã.
Por outro lado, quem nos vê por outras paragens, também vai avivando a memória, sobre gentes que por cá ficaram, e tomam conhecimento de outras estruturas que evoluíram, nomeadamente em componentes sociais.
Neste ano o mês de fevereiro, como na maioria dos anos, também tem o carnaval inserido no seu calendário. Por aqui os carnavais não têm samba nem causa espanto no modo ousado de trajar, mas onde é feito, a sátira e lava muito a sério, e com rigor, pelo que até faz soltar gargalhadas aos mais sisudos.
É também costume haver os bailes de máscaras, ou de carnaval, como se conhecem em certas localidades. Aí por vezes acontecem uns ligeiros abusos, mas tudo isto é julgado pela sentença popular: – É carnaval, ninguém leva a mal!
Se daí resultar um recurso para a instância superior, a decisão não difere: – É entrudo passa tudo.
Uma vantagem que fevereiro dá à maioria das pessoas, é que é o mês mais bem pago do ano. Como é o mais curto é o que se vence com menos dias, embora o montante apenas se venha a receber em março, no mês imediato.
Num ano como este em que é comum, já ouvi dizer a algumas senhoras, que dão três dias de total liberdade aos maridos e que em nada são chamados à pedra, concretamente apontam os dias vinte e nove, trinta e trinta e um. Tudo isto não passa de uma brincadeira que muitas das vezes os menos prevenidos não apanham.
No âmbito nacional, os dias mais importantes deste mês que vos falo, é o dia catorze, dia dos afetos e dos namorados, um dia que a actividade comercial elevou na troca de prendas para sinalizar o carinho e o amor e o dia vinte e um, que para além ser o próprio dia de carnaval, também é o dia internacional da língua materna, que para nós, só conta a nossa.
Para trás deixei um dia importante para mim, é o dia onze em que se festeja Nossa Senhora de Lourdes, por quem tenho certa devoção e é também evocado o dia mundial do doente, num largo lote onde eu estou inserido.
Muito mais havia para dizer, para vos lembrar de certas quadros identificados com fevereiro mas fico com esta súmula, expondo o que no meu entender devia focar.
Penso não estar de abalada, espero voltar mais vezes a este palco, onde me sinto bem e noutras ocasiões aparecerá pano para se fazerem as mangas.
Desejo-vos um carnaval alegre, bem a vosso gosto e dentro de um clima ameno, pois as temperaturas baixas a este evento não ajudam. Aqui voltarei no dia dois de março, se até lá a saúde não fizer greve.
Haja saúde e um abraço!