Com a cadência do calendário cá estamos nós prontos a fechar o mês de agosto.
Estamos a falar do mês que durante o ano tem mais gente e tem mais vida, logo se torna o mais festivaleiro de todos os que o ano tem. O aumento das pessoas resulta da emigraçãoque nos visita, bem como dos luso-descendentes que visitam aS suas origens e ainda de uma grande massa de estrangeiros que nos procuram atraídos pelo nosso sol, pelo nosso mar e ainda pela nossa culinária, que devido ao seu poder de compra até acham a um preço acessível.
Temos que ter em conta de que muitos dos que passam o tempo por cá, também fazem saídas ao estrangeiro, por vezes até prolongadas, no entanto e no meu ponto de vista a vinda de viajantes de outras nacionalidades, supera em muito os nossos que viajam para fora. Um dos motivos desta disparidade que vos aponto relaciona-se com o poder económico dos povos que habitualmente por cá fazem turismo, muitos deles até acabam por fixar aqui a residência.
Para que estes visitantes fiquem por cá, pelo menos os originários, o poder autárquico investe em diversos eventos, muitos deles revivendo tradições caídas no esquecimento, com o intuito de que os de mais idade relembrem e os mais novos tomem conhecimento da nossa vivência de tempos mais recuados. Para tudo se cria movimento, enquanto que o espaço nocturno é aproveitado para a diversão onde na falta a música com destaque para a letra marota, que origina maior alegria e entra melhor no ouvido. Já o espaço diurno é aproveitado para o convívio e lazer, onde o pessoal se diverte em jogos, patuscadas ou até mesmo apanhando sol tirando para isso partido de alguns espelhos de água que a natureza por aqui criou e a civilização modernizou. Tudo serve para cativar quem nos visita e fazer-lhes ver que Portugal que Portugal está mais bem estruturado do que em tempos idos.
Esta intenção do poder local, visa acima de tudo dar maior vida às localidades, pelo menos neste mês, já que o despovoamento da nossa região é uma clara evidência, pois a grande parte dos residentes são criaturas que já se identificam com a terceira idade. Por sinal onde eu me coloco e muito feliz por cá ter chegado, pois muitos da minha geração já não estão por cá, pois a vida para eles acabou mais cedo, tornando-se até injusta.
Eu também já fui emigrante, já por lá andei três anos na periferia de Paris, regressei de lá em mil novecentos e setenta e dois para cumprir o serviço militar obrigatório e por cá fiquei, apenas lá fui por quatro vezes em viagens de curta duração. Já não há emigrantes do meu tempo com idade para trabalhar, todavia ainda há alguns que ficaram por lá e outros que regressaram e por cá moram aprisionados a alguns haveres que adquiriram com as economias que com certa dificuldade por lá foram granjeando. Mas em certos períodos ainda voltam lá, pois muitos deles ainda por lá têm filhos e netos. Para se encontrarem é mais fácil os reformados deslocarem-se, pois têm sempre maior disponibilidade do que quem está na vida ativa.
Pelo que me tenho apercebido e até avalizado por algumas opiniões que me têm chegado a nossa emigração tem vindo a encurtar os períodos de férias em Portugal, vai reduzindo os seus dias e também vai controlando de um modo mais metódico o seu consumo. Para mim isto é perfeitamente compreensível, pois o seu modo de vida nos países de acolhimento tornou-se mais dispendioso, com outros encargos, donde que há a necessidade de fazer um certo rateio para se atingir o equilíbrio desejável.
Assim divaguei sobre o mês de agosto, que até me tirou algum conforto com o calor excessivo que nos deu na sua segunda metade. No entanto também entendo que em certas actividades se tornou benéfico, nomeadamente para o turismo de verão em que o calor faz aumentar o consumo.
E assim fecho a porta a este mês de agosto no seu último dia. Voltarei aqui no dia da Exaltação da Santa Cruz, que se celebra em catorze de setembro.
Até lá haja saúde! Aquele abraço…