A vida é feita de problemas e da resolução deles. Todos os dias temos problemas para resolver e todos os dias resolvemos problemas. Quando julgamos ter um ultrapassado, eis que nos surge outro que exige de nós um esforço ininterrupto. É uma espécie de sem-fim da vida.
Nesta luta incessante do nosso dia-a-dia, existem situações em que uma decisão nos suscita múltiplas dúvidas, para que possamos escolher a melhor opção, e nos coloca grandes dificuldades pelos desafios que encerra em si mesma.
Em contrapartida, existem outras ocasiões em que as soluções nos chegam naturalmente sem que tenhamos que fazer grandes exercícios de procura ou de reflexão.
Nestas últimas “é o destino”, como diz o povo, que coloca nas nossas mãos aquilo que se poderia considerar uma escolha de elevado grau de dificuldade e com custos altíssimos para todos.
Estou neste caso a pensar no futuro do espaço onde se situam o Mercado Municipal e Centro Coordenador de Transportes, que tem revelado, ano após ano, aptidão para acomodar a “Feira Farta” e que tem sido o local onde se têm montado enormes estruturas cobertas amovíveis para a realização deste evento.
Recentemente, vieram a público notícias que identificavam um elevado número de locais para acolherem a construção de um pavilhão multiusos para a Guarda, mas o espaço em que se realiza a referida “Feira Farta” não fazia parte desta lista de espaços com possível adequação para tal fim.
Penso que só por mero esquecimento ou distração é que tal pode ter acontecido. E passo a explicar porquê.
Já todos percebemos que o espaço a que me refiro tem dimensão, em termos de área, e que a rede viária de acessibilidades garante a boa circulação de pessoas e viaturas. Dir-me-ão que faltam estacionamentos, mas a essa parte já lá vamos. A mobilidade das pessoas está garantida, assim como a proximidade ao centro da cidade e já basta de andarmos a empurrar equipamentos para a periferia.
Ao olharmos para o espaço onde se situam as duas estruturas, Mercado Municipal e Centro Coordenador de Transportes, devemos recordar-nos que aquele espaço era um terreno fundeiro, que implicou o transporte de grande volume de inertes para fazer o seu enchimento e atingir a cota em que se encontra atualmente.
Por outro lado, ao olharmos para os dois equipamentos aí existentes percebemos que ambos cumpriram a sua função, ao longo de mais de três décadas de existência e que se encontram mais do que desatualizados para as exigências dos dias de hoje. Por mais obras que se façam, os problemas estruturais e de conceção jamais serão ultrapassados. “O que torto nasce, tarde ou nunca se endireita.”
Perante uma realidade tão evidente, é preciso decidir e esta nem é uma decisão difícil de tomar. Foi o “destino” que a colocou nas nossas mãos.
Neste local estão reunidas todas as condições para que ali se construa o futuro pavilhão multiusos da Guarda, se essa for uma opção política do atual executivo camarário.
O espaço é municipal e não implica custos com a aquisição do terreno; O espaço tem área para acolher o equipamento; As estruturas aí existentes, Mercado Municipal e Centro Coordenador de Transportes, estão ultrapassados e a sua demolição é uma decisão acertada, em benefício dos seus utilizadores; Ao ser uma zona de aterro, facilmente permite a escavação e a criação de um enorme parque de estacionamento, tão reclamado por todos no centro da cidade; A proximidade ao centro da cidade pode promover a dinamização do centro histórico e toda a sua zona central.
Para que respondesse de forma cabal às necessidades do concelho, este equipamento deveria ser concebido em termos arquitetónicos e de implantação para: Realizar grandes eventos (feiras, concertos musicais, etc); Incluir na sua estrutura um novo Mercado Municipal e um novo Centro Coordenador de Transportes, adaptados às necessidades atuais (comodidade e funcionalidade); Permitir a realização no seu interior da feira quinzenal, a qual passaria a ser feita em espaço coberto, quer de Verão, quer de Inverno; Melhorar a rede viária envolvente; Promover a ligação ao Largo Monsenhor Alves Brás; Oferecer à cidade o parque de estacionamento que ela não tem e que reclama; Oferecer a comerciantes e feirantes um espaço digno e confortável para o desenvolvimento das suas atividades profissionais; Modernizar e requalificar uma zona nobre da cidade.
Penso que uma decisão tomada neste sentido poderia ser uma medida daquelas que marcam um regime, uma vez que inverteria uma política de esvaziamento e descaraterização do centro da cidade iniciada há muitas décadas.
A opção está “Farta” de ser assumida, ano após ano. Falta a decisão final.