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“Enfermagem às Quintas”  – Medos das crianças em ambiente hospitalar*

Os episódios urgentes em pediatria revestem-se de componentes com elevado grau de complexidade, afetando a criança e a família física e emocionalmente, podendo desequilibrar todo o sistema familiar, caracterizando-se inevitavelmente por experiências de medo. Muitas vezes, a emoção medo nas crianças associa-se ao desconhecido, ao sofrimento, à dor e às próprias vivencias ao estádio de desenvolvimento. Também os enfermeiros vivenciam situações emocionalmente intensas podendo assim influenciar cada interação e a sua prática.

Neste âmbito, a autora desenvolveu um estudo de investigação no ano de 2022, tendo como objetivo analisar os medos das crianças em idade escolar em ambiente hospitalar. A amostra foi constituída por 64 crianças em idade escolar (6- 12 anos) do serviço de Urgência Pediátrica, Pediatria e Consulta de Pediatria.

Dos resultados do estudo, salienta-se que as crianças interpretam o medo como uma ameaça de serem abandonadas, o medo dos pais não poderem ficar com elas, da morte e da não recuperação total devido à doença, de procedimentos invasivos, do desconhecido, de não terem informação sobre o prognóstico, perda de controlo sobre a situação e mesmo de serem imobilizadas. Os medos mais focados estão relacionados com as injeções, serem suturados, fazer análises e de sentirem dor. Também referem medo de acordarem durante a anestesia e de sentirem algo durante a intervenção cirúrgica. Em relação à escola revelam medo de reprovar o ano. Este estudo destaca que as crianças não referem medo dos enfermeiros nem dos médicos.

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Os enfermeiros ajudam a gerir os medos através de estratégias confortantes, calmas e de lazer, tais como a distração, o jogo e a música. Simultaneamente usam estratégias através do afeto, do carinho, da simpatia, do sorriso, da confiança, da positividade, da empatia e do humor. Os enfermeiros favorecem a presença e o envolvimento dos pais num processo de cuidados humanizado e afetivo, cuidados centrados na família, com intervenções que minimizem o desconforto e o sofrimento físico e emocional.

*Adelina Gonçalves – Licenciou-se em Enfermagem e especializou-se em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica na Escola Superior de Saúde de Instituto Politécnico da Guarda. Trabalha atualmente na ULS Guarda EPE – Hospital Sousa Martins, na Urgência Pediátrica e integra o NEESIP.

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