Na Evangelização: Todos somos poucos… para termos a ousadia de querer excluir alguém que Deus escolheu!
A Liturgia da Palavra deste XXVI Domingo Comum, coloca diante de nós a perspetiva cristã de fazer o bem sem estar condicionado, pela origem ou pertença a determinado grupo.
Assim, os exemplos, na primeira leitura dos dois homens que tinham ficado no acampamento e começaram também eles a profetizar e um homem que no evangelho é acusado de andar a expulsar demónios em nome de Jesus e que não andava no grupo, são significativos na perspetiva das respostas dadas, quer por Moisés, quer por Jesus: “quem dera que todo o Povo fosse Profeta”, e “não o proibais, porque ninguém pode fazer um milagre em Meu nome e depois dizer mal de Mim.”
Por isso, é importante que a Palavra de Deus hoje proclamada na Assembleia litúrgica, provoca a reflexão de todos os membros da comunidade, do grupo e da Igreja, para que se possa avaliar a nossa postura nos tempos que correm, em situações semelhantes.
Em Igreja uma das grandes dificuldades é trabalhar em conjunto, já que as convicções pessoais e a incapacidade de se adaptar a outras formas de pensar, tantas vezes, deitam por terra vários projetos. Fazer valer a sua perspetiva é sempre negar a Sinodalidade que tanto se precisa e é acentuar cada vez mais a sede de protagonismo e a luta pelo poder.
A origem da Igreja numa colegialidade Apostólica, é um exemplo que se foi degradando e que passou para aqueles que ao serem chamados a servir a comunidade, como leigos, bispos, sacerdotes ou diáconos, sentiram a oportunidade em que apoiados em critérios humanos, pudessem mandar, ser importantes, e fazerem segundo a sua perspetiva.
Assim, podemos refletir que Deus dá e distribui os dons conforme Lhe apraz e cada um deveria alegrar-se e ficar contente por todos terem dons diferentes que enriquecem a vida em sociedade e em Igreja.
A inveja e o ciúme, a maledicência e a murmuração destruem a Igreja na sua natureza, transformando em contratestemunho aquilo que deveria ser o exemplo da fraternidade cristã.
No Evangelho, a resposta de Jesus ao Apóstolo João, quer demonstrar que não há lugares cativos ou pessoas insubstituíveis como tantos pensam. Por isso é importante promover um espírito sinodal, de caminho de conjunto, onde haja constante escuta e diálogo.
Assim, o pedido de Josué a Moisés, “Moisés, meu Senhor proíbe-os” e a postura do Apóstolo João: “Mestre, nós vimos um homem expulsar os demónios em Teu Nome e procurámos impedir-lho, porque ele não anda connosco”, são exemplos que nos dão a oportunidade de aprender, que os nossos critérios de exclusividade são contrários aos critérios de Deus que derrama seus dons segunda sua providência.
Fazer caminho em Igreja de valorizar todos aqueles que aportam desinteressadamente os seus dons para o bem comum é sinal de maturidade pastoral. Pôr os interesses da Igreja na sua missão Evangelizadora, à frente dos interesses pessoais, é dar protagonismo ao Espírito Santo que nos guia. E encontrar na virtude da Humildade, a grandeza de alma para reconhecer os erros e procurar emendá-los é postura de renovação que a Igreja tanto precisa para contribuir para um mundo melhor e para a salvação dos homens.
Carlos Manuel Dionísio de Sousa