Cumprir a Vontade de Deus, exige coerência entre o que dizemos e o que fazemos!
A Liturgia da Palavra deste XXII Domingo do tempo Comum, apresenta-nos a perspetiva da Lei e do seu cumprimento, não como algo que transforma o legalismo em vontade de Deus, mas a Vontade de Deus posta em prática com a ajuda dos mandamentos e preceitos. A Palavra de Deus tornada vida no dia a dia, não supõe o formalismo da lei mas a atitude do Coração.
Por isso, ao longo da história do povo de Deus, a tomada de consciência do cumprimento da lei, dos mandamentos e preceitos vai crescendo para que fazendo a vontade de Deus marque a diferença na relação de Deus com o povo e do povo com Deus em relação aos outros povos e outros “deuses”.
A primeira leitura tem na proposta de Deus, através de Moisés, o objetivo dou cumprimento dos mandamentos como forma de tornar o povo mais sábio e mais prudente.
Assim, esta primeira leitura põe em evidência as tentações que podem surgir e que possam desvirtuar a lei de Deus: em primeiro lugar, a tentação de mudar as palavras de Deus ou de manipulá-las segundo seus interesses; em segundo lugar, o saber “de cor” a lei e os mandamentos, mas não os pôr em prática e em terceiro lugar a tentação de separar a fé da vida, que contradiz a própria essência da religião.
Por isso, a autenticidade da fé está contida no apelo AA amar a Deus com o Coração e não apenas com os lábios. A credibilidade da fé e da conversão ao amor de Deus é manifestada na autenticidade vivida entre o que se diz e eu que se faz.
Por isso, São Tiago Segunda leitura faz um apelo aos cristãos para que sejam “cumpridores da Palavra de Deus e não apenas ouvintes”, Já que a Palavra de Deus deve ser norma de vida e não apenas conhecimento teórico.
O texto do Evangelho de São Marcos realça também a postura de Jesus perante aqueles que se dizem cumpridores da lei, mas que lhes aponta o erro da hipocrisia, isto é, desvirtuando a vontade de Deus, descuidando os seus mandamentos para cumprir as tradições humanas.
Também hoje, O Senhor nos convida a evitar o perigo de dar mais importância à forma do que à substância. Exorta-nos a reconhecer, sempre de novo, Aquele que é o verdadeiro centro da experiência da fé, ou seja, o amor de Deus e o amor ao próximo, purificando-a da hipocrisia do legalismo e do ritualismo.
Por isso, façamos um exame de consciência para vermos como acolhemos a palavra de Deus… ao ouvi-la na Assembleia dominical estamos atentos ou estamos distraídos? Se A ouvirmos de maneira distraída ou superficial, ela não nos servirá de muito. Pelo contrário, devemos acolher a Palavra de Deus com a mente e o Coração abertos, como terreno bom, de maneira que seja assimilada e de fruto na vida concreta. Jesus diz que a Palavra de Deus Purifica o nosso Coração e as nossas ações, e a nossa relação com Deus e com os outros é a libertada da hipocrisia.
A Mensagem deste domingo convida-nos por isso, a desacomodar-nos diante uma religiosidade artificial, sem vida e sem sabor, da letargia do “sempre foi assim” ou da presunção de pensar que o saber ocupa o lugar do ser e do viver. Jesus é a demonstração inequívoca do que significa centrar-se no essencial e vital da relação com Deus, de quem vive plenamente os mandamentos do Senhor. Assim nós saibamos igualmente honrar a Deus não só com os lábios, mas também com o Coração e toda a vida, como ouvintes e cumpridores da Palavra.