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Discurso para tolos…

Há uma pessoa, que eu muito considero, que me costuma dizer que de vez em quando gosta de se fazer de tolo.

Diz que até lhe dá jeito e que tem vantagens, mas que ser tolo verdadeiramente é muito mau.
Eu também assim aprendi a pensar. Também já gosto de me fazer de tolo, mas não deixo que me façam de tolo. É uma forma de estar que funciona como uma terapia intelectual, uma espécie de higiene do pensamento.
Na semana passada veio um Secretário de Estado da Energia à Guarda, um tal de João Galamba, nascido para a política a partir de um blogue que alimentava ataques e investidas contra os opositores de Sócrates. E não me estou a referir ao filósofo da antiga Grécia, estou a referenciar aquele expert financeiro do Portugal recente que abandonou o poder deixando o país intervencionado pelos credores estrangeiros e à beira da bancarrota.
É deste viveiro que João Galamba emerge para a política. Nasceu da má língua, daí que a língua lhe fuja para onde não deve.
Tendo em consideração o currículo e ascendência político/ideológica, não é de estranhar que o senhor Secretário de Estado do Governo de Portugal se desloque à Guarda, para participar na inauguração de um investimento em infraestruturas na área da energia, e aqui preste declarações do género: “GASTEM, CONSUMAM ELETRICIDADE. QUANTO MAIS GASTAREM, MELHOR PARA TODOS.”, ou que “O CONSUMO LOCAL TEM QUE JUSTIFICAR O INVESTIMENTO.”, acrescentando que “O INTERIOR JÁ É DISCRIMINADO POSITIVAMENTE PORQUE O LITORAL SUBSIDIA O INTERIOR NA DISTRIBUIÇÃO DE ELETRICIDADE.” ou ainda que “AS INFRAESTRUTURAS SÃO FEITAS CONSOANTE OS CONSUMOS O JUSTIFIQUEM”. Rematou dizendo “A ELETRICIDADE É BARATA”.
O que é de estranhar é que alguém com este tipo de pensamento chegue a Secretário de Estado de um Governo de Portugal e que o deixem à solta pelo país para dizer os dislates que veio dizer à Guarda.
TODOS SABEMOS QUE A ELETRICIDADE É “BARATA”, principalmente na Guarda, quando chega a fatura no final de cada mês ou quando a EDP faz consumos estimados e se financia à custa dos consumidores. Não precisávamos que um membro do governo no-lo viesse dizer (riso).
O senhor Secretário de Estado da Energia falou ainda de solidariedade nacional, mas virou-a ao contrário, revelando que desconhece o significado do vocábulo “solidariedade” e que desconhece igualmente o país onde é governante, o INTERIOR e as regiões onde os recursos naturais são captados, sejam eles da área da energia ou de outra.
O Senhor Secretário de Estado da Energia, ao ter falado da forma como o fez, deve estar convencido que a energia elétrica em Portugal é produzida nas barragens localizadas no estuário do rio Tejo, em frente do Terreiro do Paço, pois só dessa forma se pode entender a “solidariedade” de que ele falou.
Das palavras do Senhor Secretário de Estado da Energia também se pode inferir que, caso o INTERIOR continue a perder população, por falta de vontade política do Estado, e, por consequência disso, a diminuir os consumos, toda essa vasta região de Portugal estará condenada a caminhar no sentido da Pré-História do desenvolvimento humano, no que toca ao acesso a bens e serviços essenciais às pessoas no século XXI.
O senhor Secretário de Estado pensou que vindo à Guarda poderia falar para tolos, mas puro engano. No INTERIOR não somos tolos e toda a gente percebeu, hoje, como no passado quando alimentava o tal blogue, que João Galamba estava a tratar da vidinha e a acautelar o futuro, não vá a geringonça desmontar-se lá para outubro.
A EDP tem garantido carreiras promissoras a muitos políticos sem outra profissão e daí não se estranharem as manobras publicitárias a favor desta empresa, recomendando com toda a energia a energia que é o seu produto.
Houve por certo quem preferisse fazer-se de tolo, perante as palavras proferidas pelo membro do Governo. Eu ainda pensei nisso, mas se o tivesse feito seria mesmo tolo.
Não vale a pena!

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