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Da Grécia e conexos – em súmula (II)

Há muito escassos anos, ao dirigir-me a Aix-en-Provence

para ver uma exposição de Cézanne e Picasso, numa área de serviços da Provença conversei novamente com um grupo excursionista grego, conversa que só acentuou a minha decepção de 1992. Não quero ser diminutivo, mas “chico-esperto” é o que me ocorre quando me lembro dos gregos.
Fez o Liceu e o 7º Ano comigo e, nos últimos anos da sua vida, convivemos bastante. Eu fui para Coimbra e ele para a Academia Militar. Escolheu a arma de Engenharia, chegou a General e, numa fase da sua vida, esteve colocado no Quartel-General da OTAN em Bruxelas com a missão de, por toda a Europa aliada, inspeccionar as instalações da organização.
Dos arqui-inimigos dos gregos, os turcos, disse-me, “tinham sempre tudo impecável e eram agradáveis no trato”. Todavia, “os gregos nunca tinham nada em condições, eram difíceis no trato, estavam sempre a exigir mais dinheiro, melhor material e queixando-se dos turcos”.
A sua genealogia começa com uma das mais ilustres figuras da 1ª Dinastia, uma daquelas de tal altura que – crucialmente – ajudou a imprimir carácter ao nosso querido Portugal. Sim, o que “deu novos mundos ao Mundo”.
Em 1997,com 15 anos, a mãe mandou-o para Londres a aperfeiçoar o idioma e, no quarto, coube-lhe, ademais, a companhia de dois gregos, adolescentes como ele.
O nosso compatriota, de compleição robusta e alto, aristocrata de sangue, deparou-se com duas companhias que dormiam vestidos e cheiravam mal. Ao ter-lhes chamado a atenção começou uma rixa. Ele pode ter levado algumas, os porcos gregos levaram também.
Seria ocioso, após os aduzidos factos, vir falar de Samaras, Papandreu, Tsipras ou Varoufakis. De reformas aos 53 anos, de um Estado incapaz de estabelecer uma legalidade ou equidade fiscais, da bem helénica preguiça (Platão tinha desprezo pelo trabalho manual), de lei que não é igual para todos, de viveram acima das suas posses…
A melhor imagem surgiu-me no jornal espanhol ABC: “Tsipras é o náufrago que quer ditar condições ao salvador”. Lembrei-me da conversa há anos tida com o General meu amigo.
Durante anos, já na “UE”, os políticos de outros países foram coniventes com os gregos, porque sabiam das suas tranquibérnias nas contas, das suas corrupção e idiossincrasia. Pelos vistos não tardará que o gasoduto soviético (agora diz-se russo…) destinado a passar pela Ucrânia, vá, afinal, passar pela Grécia, fonte de receitas para tal gente.
A atrocidade da exiguidade de espaço obriga-me a acabar. Não, porém, sem clamar contra a postura de “fazer o mal e a caramunha”, tão eloquente em certos plumitivos e figuras que ocupam espaço desde a TV à imprensa “de referência”. Em carta pessoal há anos enviada a Rui Tavares, ao mesmo tempo que me rendia à sua generosidade em Timor, dizia-lhe que era de “uma aterradora superficialidade”. É que, mal designado Varoufakis para a pasta da Economia, escrevia no jornal onde colabora: “É preciso ouvir este homem. Ouçam bem o que este homem tem para dizer-nos”.
Ao leitor deixo agora o encargo de pensar em geo-política, geo-estratégia, neo- “guerra fria”, debilidade da OTAN, inépcia de Obama, cinismo de Putin, intelectuais e Europa (logo após a segunda conflagração andavam entusiasmados com “o espírito europeu”), identidades nacionais, independência e estratégia lusíadas, ministro apto para comandar as nossas Forças Armadas… Faça-me esse obséquio – e desculpe-me. Muito obrigado.
Guarda-11- VII- 2015

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