“A verborreia jurídica!!…”,
exclamava, repetidas vezes, bem do alto do seu vigoroso sarcasmo – e repetidas até à última sílaba – o meu Prof. de Filosofia Medieval, claramente temeroso de que algum dos seus filósofos se de ixasse contaminar pelas limitações e presunção que moravam ali mesmo ao lado, para tal bastando só atravessar a Porta Férrea. Por sua vez, um filósofo amigo diz-me: “O Direito é o mínimo ético”.
Por aí, portanto, o dr. Costa não impressiona, ou seja, tal currículo não chega para ser-se governante. É “matéria” precária. Um homem com a inquestionável dignidade de Marcello Caetano – a quem não faltava gravitas – atesta eloquentemente o que digo. (O Doutor Salazar, contudo, não entra aqui. Estava dominado pelo imperativo do Divino. E o ter sido votado como “o mais importante estadista português de todos os tempos” no concurso da TV, ademais do êxito e quantidade que todas as edições sobre a sua pessoa alcançam, aí estão como corolário da potência do Sagrado na sua personalidade. No 44º aniversário da sua morte El País lembrava-o como alguém que “não marcou o País de ódios”).
A voracidade dos “socialistas” pelo Poder afere-se bem pela difundida afirmação do seu patriarca-mór Mário Soares: “Em Política, feio, feio é perder”. Após a hecatombe socrática foi Tó Zé Seguro que se apresentou para pastorear o grupo. Mas o pano-de-fundo de Tó Zé Seguro é infinitamente mais débil que o de Passos Coelho – e o P”S” um conglomerado de interesses divergentes e um “aquário” aonde vão dar desde Acácio Barreiros e José Magalhães a Freitas do Amaral, outro reflector, e Basílio Horta.
Mais. Seguro não agradava ao grupo de “cultura” da Capital e – pior – várias vezes chamou a atenção para se olhar para o interior do País. “Eu quero que o interior se f…”, respondeu-lhe um destes da “cultura”. Que projecto de vida em comum com os portugueses terá esta luminária?! (Lembrar sempre Ortega y Gasset: “A Nação é um sugestivo projecto de vida em comum”). Na máquina que tão-só almeja o Poder, Seguro tinha que ser corrido. E foi. Passou-se por cima de promessas e leis?! – E que importa?! Uma pedra na engrenagem é inadmissível.
Secretários-Gerais e figuras gradas do P”S” são do mais triste que pode encontrar-se. Sampaio, v.g., condecorou o terrorista e ladrão Palma Inácio que nunca apresentou contas do dinheiro do assalto ao Banco de Portugal na Figueira da Foz; Guterres só à última da hora não convidou para Ministro da Defesa o desertor Medeiros Ferreira; a repugnância por Sócrates é indizível; Manuel Alegre, após ter sido chamado de “traidor” – o que de facto é – meteu em Tribunal quem tal afirmou. Perdeu. E, tendo recorrido, voltou a perder. Portugal vive a original situação de ter um traidor no Conselho de Estado.
Quanto a Mário Soares três ou quatro questões sumárias. Por que desapareceu o livro de Rui Mateus? E onde está este? Por que - foi-me dito pelo autor – se esforçou por impedir a publicação de Angola, Anatomia de uma Tragédia, do Gen. Silva Cardoso? E teve algum papel no boicote a PORTUGAL – DO MINHO A TIMOR, de Vasco Silvério Marques e Aníbal Mesquita Borges? – É uma obra histórica.
Sobre o “patriarca” Soares – goste-se ou não dele a Marinho e Pinto não falta coragem a falar – escreveu este (Diário do Centro, 15-III-2000), nomeadamente: “A primeira ideia que se agiganta sobre Mário Soares é de que é um homem que não tem princípios, mas sim fins”. Insultar um juiz, dizer ao humilde soldado da GNR:”Ó Sr. Guarda desapareça”, ameaçar um juiz (Dr. Carlos Alexandre), tudo isto integra o currículo de tal “pai-da-pátria”. Entretanto, há anos, no Salão Nobre da Autarquia, num arroubo psitacista, o actual cabeça-de-lista do P”S” pelo distrito, Santinho Pacheco, proclamava: “ Soares é fixe”. O psitacismo em quinta-essência!!…
A grande universidade de Costa – é, afirma-o com orgulho, militante desde os 14 anos – avantaja-se-lhe. Com tal milieu estamos elucidados Mais. Ou está sempre, digamos, a rir, ou berra. Sobre o muito riso não quero lembrar o que diz o ditado, mas como é ingénuo o seu sorriso há que sublinhá-lo. É a tal falta de gravitas. Por vezes vejo TV. Há dias, na cozinha de familiares, à hora de jantar, Costa surgiu no visor – a berrar. O irracional emergente que é a identidade essencial do fascismo.
Quando o Syriza anti-memorando ganhou pôs-se ao seu lado; quando o Syriza pelo memorando ganhou pôs-se ao seu lado. – Meros dois exemplos. Que lhe importa a ele que a actual Grécia seja um sub-produto do Império Otomano? Costa não se dá conta de que reflecte o meio ambiente, do mesmo modo, mutatis mutandis, que a Lua reflecte a luz do Sol ou uma criancinha repete o que ouve. Em suma: Costa reflecte; não tem luz própria. Na questão dos refugiados não lhe passa pela cabeça a magnitude do problema geo-político e geo-estratégico e, quanto ás suas relações com a Imprensa, tem sido salientada a sua acrimónia. Sua e dos seus…,acrescente-se.
Costa não se dá conta de que não inspira confiança. Aliás, um familiar chegado com domicílio em Lisboa diz-me profundamente indignado: “Como é possível querer governar o País se não soube governar Lisboa!?” A este respeito não me alongo.
A campanha de Costa para 1º Ministro começou há muito. Esse monumento de facciosismo e ignorância que é São José Almeida entrevistou a mãe, a “grande jornalista” Maria Antónia Palla, no “jornal de referência”. Até surgiu um livro com uma foto da progenitora numa manifestação antes do 25-IV. A mãe, que afirmou a São José Almeida que “não reconhece nenhuma hierarquia” (cito de memória), na tal manifestação antes do 25-IV ia toda contente a sorrir, como uma rapariga numa funçanata de aldeia. Como lhe pesava a ditadura!! Quanto à sua aptidão em vidência política baste lembrar o seu apoio a Savimbi. Sem comentários.
Escreve-se para Imprensa – ou seja para onde for – com suprema exigência ética. Ao ser um catavento, um reflector, não inspira confiança. Ao pertencer a um partido que devia desaparecer, como os congéneres italiano e grego, está tudo dito. “Desde a I República que não aparecia um cacique da envergadura do dr. Costa na cena política portuguesa, pronto a meter o país no fundo por vaidade pessoal ou conveniências partidárias”. O asserto, no Público, é de Vasco Pulido Valente.
Guarda-25-IX-2015