Se há coisas que eu detesto, é ser bajulador ou maldizente.
Não gosto da subserviência perante alguém para daí tirar qualquer proveito, como não gosto de falar mal de quem quer que seja na sua ausência. Muitas das vezes não consigo fugir a essas conversas, o que me leva a optar por ficar calado. Mas esta posição que tomo em várias situações, complica-me mais o estado de espírito, pois alguns deles sabem que estou ao corrente de determinadas situações, e como são adeptos da coscuvilhice querem que eu ali dite a minha sentença. Como vou pela máxima, o calado é o melhor, passo a ser rotulado como conivente em determinadas polémicas que se geram em meu redor.
Quando tenho que falar digo as coisas com a maior frontalidade e clareza que tenho ao alcance e sem rodeios nem eufemismos, isto quer na linguagem oral, quer na escrita.
Tenho referido, no que tenho dito e escrito, algumas realidades que nos envergonham, mas quando no meu entender, as coisas apresentam um certo dinamismo, prezo-me em ser o primeiro a dar voz de tudo o que nos enobrece e nos faz subir a um patamar mais elevado.
Nesta razão que eu defendo, não posso deixar passar em vão três acontecimentos que brindaram o concelho de Celorico da Beira, de onde sou natural e residente. Quando pela positiva a minha terra é notícia, sinto-me feliz e leva-me a esquecer um pouco as tragédias mundiais e nacionais, que a televisão me coloca dentro de casa.
Após este longo rosário de questões de somenos importância, passemos aos temas que dão alma a este texto e que chegaram até nós no mês de setembro do ano que contamos. Seguindo o calendário surge-nos o dia dezoito, em que Celorico da Beira foi distinguido no evento Municípios ECOXXI2015 com um certificado. Em quarenta e três concelhos premiados, ficou em penúltimo, mas em todo o mapa nacional não deixa de ser bom. Ficamos num rol de premiados, juntamente com Manteigas e Fundão, no que concerne à interioridade das Beiras. Estão aqui em causa os melhores índices de sustentabilidade nacional.
Em vinte e três do dito mês uma outra instituição celoricense afirma o seu prestígio, a COCEBA, cooperativa agropecuária de Celorico da Beira, vence o prémio Intermarché. Esta distinção que a grande distribuidora atribui, visa acima de tudo valorizar e promover a produção nacional. Por outro lado a aposta da COCEBA foi competir com o nosso produto de bandeira, que é o queijo, bem como no seu escoamento, nomeadamente a colocação nos aeroportos de Lisboa e Pedras Rubras. Esta cooperativa tem em mente dar o mesmo rótulo a outros produtos autóctones tendo em vista um perfeito escoamento, nomeadamente o azeite que tão apreciado é.
Para a parte final, deixei aquela que eu considero a mais importante. Estou a falar dos incêndios florestais e depois de terminada a sua fase mais crítica que é a fase “Charlie”. Num ano atípico e com tendências propícias à propagação das chamas, o concelho de Celorico da Beira apenas conta com trinta e quatro hectares de área ardida, em trinta e sete ocorrências registadas na sua área administrativa de vinte e quatro mil setecentos e vinte e dois hectares. Considero estes dados extraordinários, pois em pouco passa a razão de um hectare ardido por cada mil. Comparando com os dados do ano anterior vemos este ano mais ocorrências e menos área ardida, uma vez que os dados de dois mil e catorze foram de vinte e duas ocorrências para trezentos e seis hectares queimados.
Fazendo a comparação numa proporção mais ampla, que é o distrito, vemos cinco mil setecentos e cinquenta e sete hectares de área ardida, para um total de quinhentos e cinquenta e um mil e oitocentos hectares de área territorial. Aqui também não estamos muito mal, pois estamos na casa de um por cento. De qualquer modo é bem diferente a contabilidade de um para cem ou de um para mil.
Tudo isto não acontece por acaso, como tal, sinto-me na obrigação de felicitar todos aqueles que com o seu esforço e com a sua dinâmica, estiveram envolvidos na obtenção destes dados que como celoricense muito me animam.