Várias são as efemérides (históricas) Portuguesas que podem (e devem!) ser assinaladas em 2015.
Aquela que tem merecido maior visibilidade, é o sexto centenário da Conquista de Ceuta, que ocorreu no dia 21 de Agosto 1415, data que, consensualmente, marca o início oficial da expansão portuguesa ultramarina, dando origem a um secular império pluri-continental.
Este importante evento, está indissociado do triunfo português obtido em Aljubarrota, trinta anos antes [1385], em que o exército luso, sob o comando de NUNO ÁLVARES PEREIRA derrotou os castelhanos e assegurou a Independência de Portugal, ameaçada pela crise de sucessão que se prolongou de 1383 a 1385 e que foi resolvida com a decisão politica de aclamar, nas Cortes de Coimbra, o Mestre de Avis, D. João I, como Rei .
Definida de vez a fronteira luso-castelhana (pelo Tratado de Alcanizes, em 1297) e vencida a ameaça da própria existência de Portugal, como Reino independente, a Conquista de Ceuta deu início à epopeia dos descobrimentos. Concretizava-se, assim, a definida doutrina expansionista portuguesa preconizada entre 1341 e 1345 por D. João IV [rei 1325-1357], ao obter uma bula de Cruzada, reconhecendo o direito de Portugal à conquista do reino de Fez.
A seguir à conquista de Ceuta, projetou-se a aventura marítima, com Gil Eanes a vencer o medo e dobrar o Cabo Bojador [em 1434], convertendo os Portugueses como pioneiros de um novo movimento globalizador, dominadores do oceano atlântico.
Com o objectivo de promover o culto da tradição e do espírito nacional, com base na história da Lusitanidade, fomentar o conhecimento dos locais onde a presença portuguesa estiver assinalada, existe a Associação GUIÃO – Centro de Estudos Portugueses, com sede no Palácio da Independência, em Lisboa.
Com o aludido propósito, o GUIÃO promoveu, no passado dia 3 Abril, o seu III Encontro Nacional, que teve lugar no Sabugal, pretexto para assinalar o 204º aniversário da Batalha do Gravato, travada [em 1811] durante a 3ª invasão francesa, como o jornal “A Guarda” noticiou na edição de 26 Março.
Os associados do GUIÃO tiveram, então, oportunidade de se deslocar ao campo onde a batalha teve lugar, nos arredores do Sabugal, onde se realizou a evocação histórica comemorativa da vitória que o exercito anglo-luso, chefiado por Wellington pôs em debandada as tropas francesas de Napoleão Bonaparte, que se retiraram em direcção a cidade Rodrigo.
A oportunidade foi aproveitada para visitar o Castelo do Sabugal, imponente nas suas cinco quinas, onde a comitiva foi recebida pela Sra. Vice-Presidente da Câmara, e depois percorrerem a aldeia histórica de Sortelha.
Mais recentemente, o GUIÃO assinalou o 630º aniversário da Batalha de Aljubarrota [no dia 14 Agosto], em parceria com a SHIP- Sociedade Histórica da Independência de Portugal e a Fundação Batalha de Aljubarrota, justamente no Campo de S. Jorge (concelho de Porto de Moz).
As cerimónias iniciaram-se com a celebração da uma Missa de Acção de Graças no altar e Monumento, marco histórico erigido no Campo Militar da Batalha Real, seguindo-se a deposição de flores na base do Monumento a Don Nuno. O evento terminou com uma alocução histórica de que se encarregou um Oficial das Forças Armadas.
Mais tarde, os participantes (oriundos da região de Lisboa, do Oeste, do Porto, de Vila Nova de Gaia e Guarda) dirigiram-se a Rio Maior, onde decorreu uma confraternização a que se seguiu uma visita às maiores salinas naturais de Portugal.
A próxima actividade do GUIÃO terá lugar em Olivença, no próximo dia 5 de Outubro, dia em que se cumprem 872 anos da Fundação da Portugalidade / Tratado de Zamora [1143] (diploma resultante da conferência de paz entre D. Afonso Henriques e Afonso VII, de Leão e Castela; vitorioso na Batalha de Ourique, em 1139, D. Afonso Henriques beneficiou da acção desenvolvida, em favor da constituição do novo Reino de Portugal, pelo arcebispo de Braga, D. João Peculiar, que procurou conciliar os aludidos protagonistas e fez com que se encontrassem em Zamora, na presença do Cardeal Guido de Vico. Pelos termos do Tratado Afonso VII concordou em que o Condado Portucalense passasse a ser reino. A soberania portuguesa veio, mais tarde, a ser confirmada pelo Papa Alexandre III).
António Caldeira