DOIS DEDOS DE HISTÓRIA
Veneza é uma cidade muito rica culturalmente, o que vem sucedendo ao longo da sua história. Por exemplo, as telas para pintura foram inventadas na cidade, possui grandes tradições no fabrico do vidro, teve um papel determinante na música europeia do século XVI, sempre teve grande número de impressores e é conhecida mundialmente pelas obras arquitetónicas, de escultura e pintura.
Cidade das artes por excelência, possui obras de arte únicas e incomparáveis, algumas com influência bizantina ou do norte da Europa, especialmente na pintura a óleo.
Para a arte de Veneza trabalharam centenas de artistas ao longo dos séculos, transformando-a numa cidade rica em museus, galerias, igrejas e palácios que albergam as suas obras.
Andrea del Verrocchio (1436 – 1488)
De seu nome verdadeiro Andrea del Cioni, dedicou-se sobretudo a fazer esculturas de pequeno porte.
Originário de Florença, em 1486 mudou-se para Veneza onde se notabilizou pela famosa estátua equestre do condottieri Bartolomeo Colleoni, que podemos admirar na praça situada em frente à igreja dos santos Giovanni e Paolo.
Foi também pintor, embora apenas lhe possa ser atribuída, com certeza, a autoria de O Baptismo de Jesus Cristo que fez juntamente com o seu discípulo Leonardo da Vinci, e que pode ser admirada na Galeria dos Uffizi.
Com a morte de Donatello transformou-se no grande mestre escultor de Florença.
Antonio da Ponte (1452? – 1597)
Antonio da Ponte foi iniciamente engenheiro de obras e arquiteto militar, mas cedo se dedicou a muitas obras públicas de Veneza, como construtor. Seria o seu vasto conhecimento adquirido como construtor que o habilitou, por exemplo, a fazer a icónica Ponte de Rialto ou a nova prisão na Riva degli Schiavoni a pedido do governo veneziano.
Francesco Bassano (1549 – 1592)
Formado na oficina de seu pai, Jacopo Bassano, mudou-se para Veneza em 1578 onde trabalhou em conjunto com os seus irmãos Gerolamo, Giambattista e Leandro. Por este motivo, em termos estilísticos, nem sempre é possível distinguir a obra dos três irmãos. Contudo, uma análise mais detalhada às pinturas de Francesco revela a influência de Tintoretto e da última fase de Ticiano.
As obras por ele produzidas podem ser consideradas das mais interessantes que se fizeram em Veneza durante o século XVI, principalmente por causa das cores e do efeito de luz assim conseguido. As obras paisagísticas, por norma relacionadas com a Bíblia, dão-lhe um perfil inconfundível e identificam a oficina familiar onde trabalhava a maior parte do tempo.
Antonio Bregno (Século XVI)
Irmão do arquiteto e escultor Paolo Bregno, trabalhou como ajudante de Mateo Raverti no Palácio Ducal de Veneza entre 1425 e 1426. Após esta trabalho, colaborou com o escultor Antonio Rizzo, o que torna difícil identificar a autoria das obras produzidas nesta fase.
Desde 1777 que se considera ser o autor, juntamente com o seu irmão, do túmulo do doge Francesco Foscari e também do arco Foscari e do Fortitudo da Porta della Carta, ambos do Palácio Ducal. O estilo das suas pinturas mostra grande similitude com as dos seus contemporâneos venezianos, sobretudo com as de Andrea Mantegna.
Girolamo Campagna (1488? – 1625)
Era, em 1600, o mais conhecido dos escultores de Veneza. Foi discípulo de Danese Cattaneo, e as suas primeiras obras são influenciadas pelo mestre, mas também por Jacopo Sansovino, o que o aproxima cada vez mais das formas mais expressivas de Miguel Ângelo.
A busca da expressão da força corporal relaciona a sua obra com o grande mestre Tintoretto e com o seu ideal da figura humana. Nas suas esculturas o aspeto psicológico e a expressão do rosto são relegadas para segundo plano o que implica uma observação na totalidade para poderem ser bem compreendidas e apreciadas.
Canaletto (1697 – 1768)
De seu verdadeiro nome Giovanni Antonio Canal, aprendeu a arte da pintura cénica com o pai e beneficiou de uma viagem de estudo a Roma.
A pintura de Canaletto é claramente influenciada por Pannini e pelo paisagista Luca Carlesvarijs, o que se nota no estudo da perspetiva e na pormenorizada observação da natureza. De facto, é o representante mais destacado e popular desta escola.
É autor de muitos quadros topográficos onde capta a beleza arquitetónica de Veneza, conjugando-a de modo sublime com efeitos de luz. O resultado é uma grande vitalidade que confere às imagens pintadas. Foi, assim, um grande paisagista que soube detetar o encanto da mágica cidade dos canais ao evocar uma visão romântica com todos os detalhes.
Canaletto trabalhou em Inglaterra entre os anos de 1746 e 1753, o que lhe permitiu dar a conhecer a pintura paisagística veneziana para além das fronteiras de Itália. A perfeição de sua obra influenciou o Neoclassicismo do francês Louis David e o Romantismo de John Constable.