Como é do conhecimento geral, o suporte da economia deste concelho e no que concerne ao sector agro-pecuário, são as ovelhas que dão alma à vida económica do município.
Foi assim desde o princípio do século vinte e penso eu que continuará em tempos futuros, pelo modo como vejo gente bem mais evoluída, mesmo em termos académicos, a dedicar-se à rentabilidade do gado ovino.Outrora os rebanhos tinham poucas cabeças e eram apascentados pelo pastor. Fabricava-se o queijo em casa e era vendido quinzenalmente num mercado, para esse efeito na sede do concelho. Inicialmente funcionou ao domingo, depois foi à sexta-feira o período que durou mais tempo, até que terminou devido a legislação vinda da Europa.Nos tempos que correm para se viver da exploração ovina, tem de se ter uma vasta extensão territorial para e uma quantidade de gado que atinja centenas. Também tem de se ter em conta que em tempos idos o cultivo de bens de consumo, com a batata e os legumes, ocupavam as melhores terras, hoje acontece o contrário, o sustento do gado é prioritário por questões económicas, resultando daí que uma quinta que sustentasse trinta ovelhas, hoje com prados permanentes pode alimentar cem.Esta proporção leva a que pessoas do meio rural tirem daqui o rendimento que lhes dê uma vida desafogada. Quer seja para o fabrico do queijo, que agora é mais complicado devido à legislação em vigor, ou para vender o leite para indústria de onde também sai queijo de certa qualidade.Logicamente que a rentabilidade da venda do leite é menos rentável, mas pode tornar-se mais proveitosa pelo facto de envolver menos mão-de-obra, dado que o queijo carece de certos cuidados até chegar ao mercado. Por vezes há também dificuldades no escoamento devido a condições económicas do país, ou mesmo climatéricas.Mais recentemente acabam de aparecer vários rebanhos com poucas ovelhas, pode-se dizer que rondam as vinte cabeças, só que a função deste gado não é para sustentar quem olha por elas. Aqui as ovelhas têm função, uma vez que estão na mão de quem outro modo de vida, não lhe dá lucro trabalhar a terra e utiliza este meio para exercer a função de sapador. Os animais vão comendo o pasto à medida que vai crescendo, nunca dando azo a que não chegue a feno e se torne uma matéria altamente combustível nos incêndios rurais durante o verão.Tem ainda outro proveito, cada rebanho tem um carneiro que permite à ovelha duplicar a parição e tirar partido do rendimento dos cordeiros, que passam a ser o dobro.Tudo isto se vai desenvolvendo em terrenos cercados evitando a presença humana, que se limita a conduzi-las ao pasto e recolhe-las.O mesmo sistema acontece com as cabras em terrenos mais montanhosos e agrestes, onde se presta a roer arbustos de maior dimensão.Estou plenamente convencido que a redução dos fogos florestais em Celorico da Beira se deve a este dois factores, melhor dizendo, utilizando como sapadores estes ruminantes que vão limpando os terrenos, a ovelha nos terrenos de menor cota e a cabra em terras mais altas.Sei que não estou a dizer nada de novo, já houve noutras zonas do país quem optasse por situações semelhantes, com uma diferença no número de cabeças bem como nos hectares envolvidos. Aqui são sempre menos que dez, por outros lados ultrapassam as centenas em área e têm que garantir postos de trabalho exclusivos.O modo de tirar proveito do solo está sempre em evolução, consoante a rentabilidade que dele se pode tirar. Onde a máquina não chega tem que se criar um sistema para que se evite a força braçal, de modo a que os campos não sejam regados com suor, como em tempos em que os cabos faziam mover a ferramenta mais violenta, devido ao esforço humano para esse efeito.Aqui vos deixo a ver abril passar.