O tempo tem a sua marcha cadenciada pelos ponteiros do relógio
com etapas definidas pelo calendário e que se vão acumulando em anos, lustros, décadas e séculos. A todo este percurso o ser humano não pode ser indiferente por ser o único vivente conhecido, aonde se concebe o poder de escolher e decidir.
À medida que vamos caminhando no tempo, a sociedade cada vez exige mais de nós e cada vez que se anuncia algo de moderno para aliviar o esforço humano, mais se exige das nossas faculdades, para podermos dar uma resposta cabal a quem de nós tudo espera.
Quero com isto dizer, que por forças dos ministérios em que fomos ganhando a vida, tivemos de nos adaptar de alma e coração, ainda com a situação agravante da avaliação pelo desempenho, sem que pudéssemos olhar para o que havia em nosso redor e daí podermos conhecer, avaliar e até comentar sobre o seu efeito.
Tudo isto fez com que na filarmónica da nossa vida fossemos obrigados a optarmos apenas por um instrumento e como sentencia o rifão popular, cada macaco no seu galho.
Com estes dados na mesa chegamos à conclusão de que quando deixamos a vida ativa temos necessidade de conhecer um pouco mais de tudo aquilo que nos era alheio, a menos que passemos o tempo a falar da nossa história de vida, que com as sucessivas repetições vamos massacrando quem nos houve e fazendo fugir de perto e de nós muitos dos amigos com quem nos fomos relacionando ao longo da vida.
Dentro do que vos deixo dito e também para combater a nostalgia e a solidão criou-se uma instituição a que se deu o nome de “Universidade Sénior” que se foi organizando, cada qual em seu território para dar cobertura aos espaços daqueles que depois de deixarem os horários, passaram a ter a descoberto.
Daqui surge a partilha de ideias e de conhecimentos que uns tiveram e que outros só ouviram falar e afinando o que já sabiam com outras inovações, pois tal como as ferramentas, também os métodos vão mudando.
Estas instituições são compostas por formandos, que são a sua base principal, e por formadores, podendo também haver quem ocupe as duas formações, ser formador numa matéria formando numa outra. Pode aparecer um formador que seja talentoso em palestras de património e necessitar de umas horas a fazer ginástica para manter a linha bem como a sua agilidade.
Estou completamente convencido de que grande parte da população, onde esta instituição funciona, não conhece, nem sabe o proveito que daqui se pode tirar, pelo facto de nunca se ter disposto a entrar numa comunidade, onde no seu entender só anda quem não faz nada.
Convido-os a entrar e procurar saber o que menos sabem, pois ouvir o que nós sabemos pouco valor lhe damos, depois da experiência já poderão ajuizar melhor.
Esta frequência tira-nos anos da mente, faz-nos mais jovens a cantar, a dançar e na arte de estar em palco. Faculta-nos visitas de estudo, onde para além do edificado, temos o património cultural e gastronómico da região aonde nos deslocamos.
Quem escreve estas linhas e vos faz este convite tem o sentimento de que desempenha uma função com certo brio, pois é formador e fundador desta instituição na vila de Celorico da Beira, pelo que sabe do que fala sem enredos ou interesses encobertos, visando apenas o bem-estar e a alegria do seu semelhante.
Claro que muito mais haveria para vos incentivar a este novo método para se alcançar o conhecimento, mas penso que já disse o suficiente para vos elucidar. Por aqui me fico, se por acaso me quiserem visitar, em Celorico da Beira claro, peço-vos para me avisarem, pois sendo aprazado, sempre vos poderei receber com a atuação da turma dos tocadores de concertina. Cá vos espero.